Capitulo 6

1.3K 143 24
                                    

Ele deu dois passos hesitantes para dentro da biblioteca. Elain não se moveu. Então arriscou mais três passos, e mais dois. Ela nem sequer parecia ter notado sua presença.

Elain abraçava o próprio corpo enquanto observava a cidade, e Lucien sentiu um profundo desejo de tomar essa tarefa para si. Sentia-se confuso por ter tais ímpetos, especialmente porque não tivera sequer uma interação decente com ela desde que... Bom, desde sempre. Mas sentia essa necessidade insana de tocá-la, de protegê-la, de devorá-la e saciá-la de todas as formas possíveis.

O coração batia mais forte que um tambor de guerra conforme, apesar de si mesmo, Lucien colocava um pé diante do outro e se movia até ela. Era quase como se seu corpo não respondesse mais a ele, apenas existisse por ela. Para ela. Ele era atraído por ela como abelhas ao pólen, e era incapaz de fazer qualquer coisa a respeito, por mais que desejasse, por mais que lutasse. Por mais que ela o ignorasse ou rechaçasse, ele continuava adiante, sempre e sempre e sempre, até ela. Até sua parceira.

Parou a cerca de 1,5 metro dela. O cheiro da parceria invadia suas narinas e o macho precisou cerrar os punhos ao lado do corpo para fazer as mãos pararem de tremer, para evitar tocá-la. Estreitou os olhos quando Elain não esboçou qualquer reação.

Tentou falar, mas não conseguia encontrar a própria voz dentro de si. Respirou fundo, uma vez, duas vezes, e tentou novamente.

- É realmente uma bela vista daqui.

Elain deu um pulo, assustada, levando a mão ao coração. Lucien se sentiu arrependido ao ver o olhar no rosto dela, uma mistura de surpresa e descrença. Não devia ter chegado assim, não ajudava em nada tê-la assustado desse jeito.

- Desculpe, não quis assustar você. - Conseguiu dizer.

- O que... - O tom de voz de Elain era um murmúrio engasgado, e Lucien reparou que ela rapidamente secou as bochechas, em uma vã tentativa de esconder dele que andara chorando. - O que está fazendo aqui?

"Você me chamou", queria responder. "Você precisava de mim. Admita. Precisava de mim e aqui estou. Sou seu. Você é minha. Admita."

- Está muito barulhento lá. - Mentiu, apontando com o polegar para as portas da biblioteca, esperando parecer casual. - Precisava de um pouco de paz e silêncio.

Elain, que ainda não lhe olhara no rosto, assentiu em concordância.

- Eu também... - Meio sussurrou, meio suspirou. - Apenas... Eu só...

- Precisava de um pouco de paz e silêncio. - Completou Lucien, repetindo o que ele mesmo havia dito.

A fêmea concordou novamente antes de voltar a olhar pela janela, para Velaris. Lucien tentou conter a euforia que se alastrou como uma brasa reconfortante por ele ao notar que ela não o pedira para ir embora.

- Você estava chorando. - Disse. - Lá, na cerimônia. Por quê?

Tentava puxar assunto, mas não esperava realmente que ela lhe respondesse. Ela o fez, no entanto, surpreendendo-o.

- Estava feliz por Nestha.

- Não acha meio irônico? - Ele amaldiçoou a própria língua, mas não pôde evitar verbalizar a pergunta que estivera em sua mente durante toda a noite.

- O que disse? - Elain se virou para ele, as sobrancelhas erguidas, como se não acreditasse no que havia ouvido.

Bom, já que estamos na chuva...

- Perguntei se não acha irônico. - Repetiu, se aproximando um pouco mais. - Você, toda emocionada, comemorando a parceria da sua irmã, e no entanto...

Corte de Flores FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora