Ele deu dois passos hesitantes para dentro da biblioteca. Elain não se moveu. Então arriscou mais três passos, e mais dois. Ela nem sequer parecia ter notado sua presença.
Elain abraçava o próprio corpo enquanto observava a cidade, e Lucien sentiu um profundo desejo de tomar essa tarefa para si. Sentia-se confuso por ter tais ímpetos, especialmente porque não tivera sequer uma interação decente com ela desde que... Bom, desde sempre. Mas sentia essa necessidade insana de tocá-la, de protegê-la, de devorá-la e saciá-la de todas as formas possíveis.
O coração batia mais forte que um tambor de guerra conforme, apesar de si mesmo, Lucien colocava um pé diante do outro e se movia até ela. Era quase como se seu corpo não respondesse mais a ele, apenas existisse por ela. Para ela. Ele era atraído por ela como abelhas ao pólen, e era incapaz de fazer qualquer coisa a respeito, por mais que desejasse, por mais que lutasse. Por mais que ela o ignorasse ou rechaçasse, ele continuava adiante, sempre e sempre e sempre, até ela. Até sua parceira.
Parou a cerca de 1,5 metro dela. O cheiro da parceria invadia suas narinas e o macho precisou cerrar os punhos ao lado do corpo para fazer as mãos pararem de tremer, para evitar tocá-la. Estreitou os olhos quando Elain não esboçou qualquer reação.
Tentou falar, mas não conseguia encontrar a própria voz dentro de si. Respirou fundo, uma vez, duas vezes, e tentou novamente.
- É realmente uma bela vista daqui.
Elain deu um pulo, assustada, levando a mão ao coração. Lucien se sentiu arrependido ao ver o olhar no rosto dela, uma mistura de surpresa e descrença. Não devia ter chegado assim, não ajudava em nada tê-la assustado desse jeito.
- Desculpe, não quis assustar você. - Conseguiu dizer.
- O que... - O tom de voz de Elain era um murmúrio engasgado, e Lucien reparou que ela rapidamente secou as bochechas, em uma vã tentativa de esconder dele que andara chorando. - O que está fazendo aqui?
"Você me chamou", queria responder. "Você precisava de mim. Admita. Precisava de mim e aqui estou. Sou seu. Você é minha. Admita."
- Está muito barulhento lá. - Mentiu, apontando com o polegar para as portas da biblioteca, esperando parecer casual. - Precisava de um pouco de paz e silêncio.
Elain, que ainda não lhe olhara no rosto, assentiu em concordância.
- Eu também... - Meio sussurrou, meio suspirou. - Apenas... Eu só...
- Precisava de um pouco de paz e silêncio. - Completou Lucien, repetindo o que ele mesmo havia dito.
A fêmea concordou novamente antes de voltar a olhar pela janela, para Velaris. Lucien tentou conter a euforia que se alastrou como uma brasa reconfortante por ele ao notar que ela não o pedira para ir embora.
- Você estava chorando. - Disse. - Lá, na cerimônia. Por quê?
Tentava puxar assunto, mas não esperava realmente que ela lhe respondesse. Ela o fez, no entanto, surpreendendo-o.
- Estava feliz por Nestha.
- Não acha meio irônico? - Ele amaldiçoou a própria língua, mas não pôde evitar verbalizar a pergunta que estivera em sua mente durante toda a noite.
- O que disse? - Elain se virou para ele, as sobrancelhas erguidas, como se não acreditasse no que havia ouvido.
Bom, já que estamos na chuva...
- Perguntei se não acha irônico. - Repetiu, se aproximando um pouco mais. - Você, toda emocionada, comemorando a parceria da sua irmã, e no entanto...
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfic"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...