Capítulo 17

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Quando Jurian saiu para o salão de baile e Vassa não retornou, Lucien estava a ponto de sair farejando por aí para descobrir onde Elain estava. De fato, estava andando de um lado a outro da sala, estalando os dedos e tentando controlar a respiração.

O cheiro do sangue dela veio primeiro.

Atordoado, Lucien olhou em volta, o olho mecânico procurando por qualquer sinal de Elain. Encontrou-a parada sob o batente de ferro da porta. Perscrutou-a com o olhar, a procura de algum ferimento, mas não encontrou nada aparente.

- Você está bem?

- Sim. - Foi a resposta simples e curta da fêmea.

Lucien deu um passo em direção à ela, mas Elain recuou. Atordoado, o ruivo parou onde estava.

- Tem certeza? - Franziu o cenho. Algo estava errado, podia sentir. Não só na atitude de Elain, que mudara o vinho para o vinagre, mas também em suas feições, até mesmo seu cheiro estava diferente. Cutucou o Laço recém-fortalecido, preocupado, mas não houve resposta.

- Não parece tão bravo... - Ela balbuciou, mais para si do que para Lucien.

- Por que estaria bravo? - Lucien retrucou.

Elain sorriu educadamente, mas era um sorriso ensaiado, um sorriso que se destinava à aparências. Naquele instante ele soube que qualquer chance que poderia ter tido havia ido embora tão rápido quanto viera. Passando as mãos no rosto, Lucien inspirou e expirou profundamente.

- Fui aconselhada a rejeitá-lo. - Ela declarou de repente, o pegando de surpresa.

- O quê? Por quem? - O macho cruzou os braços, começando a ficar irritado.

- Sua "boa amiga". - Aquilo era sarcasmo na voz dela?

- Andaram conversando bastante, pelo que vejo. - Lidaria com Vassa e as possíveis implicações de isso ser verdade ou não mais tarde. Por hora, todos os seus sentidos estavam em alerta, fixos na parceira.

Elain levantou um ombro graciosamente, desviando o olhar do dele. Toda aquela mudança repentina de atitude o deixava extremamente estressado. Lucien não lidava muito bem quando não sabia o que fazer; gostava de manter tudo sob controle, manter-se informado do que acontecia ao seu redor era uma forma de ele manter a mente sã e de estar preparado para qualquer eventualidade. Se gabava de sua capacidade de adaptação, mas esse Laço estava consumindo suas forças de uma forma que o deixava irritadiço. Por mais que vasculhasse a mente, não sabia mais como alcançar Elain, como chegar até ela, como fazê-la querê-lo.

O silêncio no salão começou a ficar ensurdecedor. Elain não voltou a olhar para ele, e Lucien sentiu o fogo em suas veias esquentar de uma forma que não era muito agradável. Estava exausto de lutar sozinho. Decidiu que era hora de parar com os joguinhos - mais cedo Elain lhe confidenciara que se sentia frustrada quando as pessoas ficavam com meias palavras com ela, então Lucien iria usar isso a seu favor. Abrindo bem os braços, declarou amargamente.

- Pois então vá em frente.

Para o crédito de Elain, ela arregalou os olhos e caiu o queixo, em uma expressão que Lucien vira muito durante essa noite e que estava aprendendo a achar fofa - ao menos, até alguns momentos antes.

- E-eu... - Elain piscou, meneando a cabeça. - É...

Lucien tinha que admitir: adorava deixá-la sem palavras.

Deu um passo em direção à fêmea, cutucando o Laço, provocando-o. Desejava voltar no tempo, desejava não ter sido um cavalheiro e a ter tomado nos braços, beijando-a. Mas não era hora para lamentações. Dependendo do resultado dessa conversa, teria uma eternidade solitária para se lamentar. E isso estava fora de cogitação. Não se dependesse dele.

Corte de Flores FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora