Quando Jurian saiu para o salão de baile e Vassa não retornou, Lucien estava a ponto de sair farejando por aí para descobrir onde Elain estava. De fato, estava andando de um lado a outro da sala, estalando os dedos e tentando controlar a respiração.
O cheiro do sangue dela veio primeiro.
Atordoado, Lucien olhou em volta, o olho mecânico procurando por qualquer sinal de Elain. Encontrou-a parada sob o batente de ferro da porta. Perscrutou-a com o olhar, a procura de algum ferimento, mas não encontrou nada aparente.
- Você está bem?
- Sim. - Foi a resposta simples e curta da fêmea.
Lucien deu um passo em direção à ela, mas Elain recuou. Atordoado, o ruivo parou onde estava.
- Tem certeza? - Franziu o cenho. Algo estava errado, podia sentir. Não só na atitude de Elain, que mudara o vinho para o vinagre, mas também em suas feições, até mesmo seu cheiro estava diferente. Cutucou o Laço recém-fortalecido, preocupado, mas não houve resposta.
- Não parece tão bravo... - Ela balbuciou, mais para si do que para Lucien.
- Por que estaria bravo? - Lucien retrucou.
Elain sorriu educadamente, mas era um sorriso ensaiado, um sorriso que se destinava à aparências. Naquele instante ele soube que qualquer chance que poderia ter tido havia ido embora tão rápido quanto viera. Passando as mãos no rosto, Lucien inspirou e expirou profundamente.
- Fui aconselhada a rejeitá-lo. - Ela declarou de repente, o pegando de surpresa.
- O quê? Por quem? - O macho cruzou os braços, começando a ficar irritado.
- Sua "boa amiga". - Aquilo era sarcasmo na voz dela?
- Andaram conversando bastante, pelo que vejo. - Lidaria com Vassa e as possíveis implicações de isso ser verdade ou não mais tarde. Por hora, todos os seus sentidos estavam em alerta, fixos na parceira.
Elain levantou um ombro graciosamente, desviando o olhar do dele. Toda aquela mudança repentina de atitude o deixava extremamente estressado. Lucien não lidava muito bem quando não sabia o que fazer; gostava de manter tudo sob controle, manter-se informado do que acontecia ao seu redor era uma forma de ele manter a mente sã e de estar preparado para qualquer eventualidade. Se gabava de sua capacidade de adaptação, mas esse Laço estava consumindo suas forças de uma forma que o deixava irritadiço. Por mais que vasculhasse a mente, não sabia mais como alcançar Elain, como chegar até ela, como fazê-la querê-lo.
O silêncio no salão começou a ficar ensurdecedor. Elain não voltou a olhar para ele, e Lucien sentiu o fogo em suas veias esquentar de uma forma que não era muito agradável. Estava exausto de lutar sozinho. Decidiu que era hora de parar com os joguinhos - mais cedo Elain lhe confidenciara que se sentia frustrada quando as pessoas ficavam com meias palavras com ela, então Lucien iria usar isso a seu favor. Abrindo bem os braços, declarou amargamente.
- Pois então vá em frente.
Para o crédito de Elain, ela arregalou os olhos e caiu o queixo, em uma expressão que Lucien vira muito durante essa noite e que estava aprendendo a achar fofa - ao menos, até alguns momentos antes.
- E-eu... - Elain piscou, meneando a cabeça. - É...
Lucien tinha que admitir: adorava deixá-la sem palavras.
Deu um passo em direção à fêmea, cutucando o Laço, provocando-o. Desejava voltar no tempo, desejava não ter sido um cavalheiro e a ter tomado nos braços, beijando-a. Mas não era hora para lamentações. Dependendo do resultado dessa conversa, teria uma eternidade solitária para se lamentar. E isso estava fora de cogitação. Não se dependesse dele.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...