Lucien não conseguia deixar de pensar que ela estava sendo extremamente hipócrita.
Ela estava lá, radiante em seu vestido rosa cheio de renda e sapatos de salto alto, com os cabelos cacheados brilhando sob o sol, cheia de sorrisos para todos que chegavam na maldita cerimônia de parceria da irmã dela, enquanto ela mesma sequer reconhecia a existência do seu próprio parceiro.
Aquilo estava dando nos nervos. Quase três anos se passaram nesse tormento. Ele fizera de tudo, tentara tudo o que lhe viera na mente para que Elain lhe desse ao menos um vislumbre de esperança de que o aceitaria, e para quê?
Achava que estava ficando louco. Na certa acabaria como aqueles de quem tinha ouvido falar; aqueles cuja parceira os rejeitaram. O Laço os havia atormentado tanto que os machos sucumbiram à loucura. Alguns chegaram até mesmo a atentar contra a própria vida, para que aquele suplício chegasse ao fim.
Seu corpo ardia por ela. O fogo em suas veias queimava de desejo a cada vez que o vento trazia o cheiro dela até ele; o cheiro da parceria. E no entanto lá estava ela, o retrato da perfeita cortesã, o ignorando completamente. Lucien sabia que ela sentia o Laço. Conseguia sentir os pequenos puxões que ela dava vez ou outra na ligação que compartilhavam, sempre de madrugada, o que acabava por acordá-lo e deixá-lo desorientado, confuso... Mas o pior de tudo era a esperança que isso despertava nele. Depois de todas essas décadas, depois de tudo o que passara, depois de Amarantha... ele acabaria derrotado por uma fêmea delicada cuja cabeça batia na altura de seus ombros.
Uma fêmea que fora humana. Quão irônico o Caldeirão poderia ser?!
Lucien caminhava por entre os convidados, conversando cordialmente com os que conhecia, bebendo uma taça de vinho, mas a cada dois minutos, invariavelmente, seus olhos a procuravam, apenas para encontrar a mesma cena: Elain sob o brilho do Sol, recebendo convidados com um sorriso cordial e amável no rosto.
Pela Mãe, ela era linda.
E hipócrita pra caralho!
- Lucien! Que bom que veio! - A voz de Feyre fez Lucien abrir o primeiro sorriso do dia.
Sua amiga - se é que ainda a podia considerar assim, depois de tudo - trazia um pequeno bebê illyriano nos braços. Nyx abriu o sorriso mais doce do mundo e, sem pensar, Lucien estendeu os braços e o pegou no colo, passando o nariz no do pequeno, que deu uma risada gostosa que fez valer a pena ter vindo até ali.
- Olá, você! - Disse o macho à Nyx. - E você. - Voltou-se à Feyre, que usava um vestido longo brilhante de um azul tão profundo quanto a coroa em sua cabeça.
Ambos trocaram algumas amenidades, conversando sobre Nyx e a evolução da investigação do paradeiro de Koshei, o que fez Lucien esquecer-se um pouco do tormento que sentia. Não o suficiente, ao que parecia, pois Feyre tocou-lhe o braço e abaixou a voz.
- Fico feliz que tenha vindo. Confesso que achei que não viria...
- Não entendo por que me convidaram. - Confessou. - Mas já que trabalho para esta Corte, não poderia recusar, não é?
- Ninguém o obrigou, Lucien. - Feyre franziu a testa. - Sabemos o que estar aqui causa à você.
- Duvido muito disso.
- Não somos tolos, muito menos cruéis. - Ela cruzou os braços e olhou para a irmã mais velha. - Eu ainda tenho esperança, sabe...
Lucien não sabia o que responder àquilo, então voltou sua atenção à Nyx, que brincava com um botão de sua túnica. A atenção do menino se voltou para seu rosto e Lucien podia jurar que viu empatia nos olhos do bebê.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...