Elain sabia que deveria sentir vergonha do que haviam feito. Fora criada para ser pudica e fazer apenas o que uma dama da alta sociedade deveria fazer, sem jamais dar vazão aos seus desejos e vontades - estes deveriam ficar sempre em terceiro plano, atrás dos desejos da sociedade e os do próprio marido. Mas Elain não conseguia evitar o desejo insano e a luxúria que foram despertados por Lucien; jamais se imaginou, por exemplo, fazendo amor loucamente no chão no meio de um bosque. Ela sabia que deveria se sentir ultrajada por ter sido tomada tão abruptamente, mas não conseguia sentir nada além de uma leve fraqueza devido ao clímax e um leve rubor pelo cuidado que Lucien demonstrava com ela no momento.
O macho havia ficado alguns minutos sobre ela, recuperando o fôlego, passando o nariz da sua orelha, passando pelo pescoço, até chegar ao colo, de novo e de novo e de novo, inspirando o cheiro dela como se quisesse gravá-lo na memória. Após se recuperar, Lucien saiu de dentro de Elain, deixando nela uma sensação de vazio, guardou o membro e ajudou Elain a sentar-se, fechando habilmente os cordões de seu vestido de algodão azul claro. Após as roupas dela serem colocadas no lugar, Lucien se pôs a arrumar os fios de cabelo castanho-dourados, retirando algumas folhas e grama. Ela riu baixinho da expressão do macho, o que fez Lucien desviar os olhos para, finalmente, encará-la.
- O que é tão engraçado? - Ele questionou.
- Sua cara. - Ela riu um pouco mais quando Lucien franziu o cenho numa careta, o olho de metal capturando a luz do Sol. - Você está olhando para essas pequenas folhas como se elas lhe tivessem feito uma ofensa mortal.
- Ah, bem... - Lucien sorriu. - Estava apenas pensando que não foi muito gentil da minha parte tomar você dessa forma. Apesar de não chegar nem perto da forma como quero devorar você, ainda assim não foi muito respeitoso.
Elain não sabia dizer o motivo, mas sentia que alguma coisa ali não estava certa. Lucien parecia distante, mais distante do que quando estavam aguardando a chegada dos sentinelas; mais distante do que quando ela estava perambulando por entre os soldados feridos, inspecionando quais deles precisavam de apoio - ela sabia que o macho estudava cada movimento dela, e que não estava gostando nem um pouco de sua ronda, mas a permitiu fazê-la mesmo assim.
Lucien terminou sua tarefa e pôs as mãos nos ombros de Elain, fitando o vazio por cima da cabeça dela. A expressão do macho era inescrutável, e Elain começou a ficar nervosa conforme os segundos se passavam em silêncio.
- Está tudo bem? - Ela finalmente tomou coragem para perguntar.
O macho ruivo suspirou e virou o rosto, evitando contato visual com ela.
- Arrume suas coisas. Você voltará para a Corte Noturna ainda hoje.
Aquelas palavras foram como um choque percorrendo o corpo de Elain.
O instinto a fez retroceder dois passos, os dedos de Lucien escorregando por seus ombros, os braços dele caindo ao lado do corpo. Ele ainda não havia olhado para ela.
- O que... Como assim?
Lucien não respondeu de imediato e os pensamentos de Elain voltaram a se tornar aquele turbilhão destruidor. Os sentimentos que teria pelo parceiro no futuro haviam confundido sua mente. No momento, ele não era nada mais que um macho escolhido pelo Caldeirão ao acaso, mas Elain sabia que Lucien seria muito mais um dia - ele seria o mundo dela. Então como diabos ele poderia mandá-la para casa? As visões dela com relação a ele foram sempre muito claras: viveriam um relacionamento intenso e se amariam loucamente. Ou será que aquilo tudo fora apenas uma invenção da sua mente perturbada, desequilibrada e carente?
- Os planos mudaram. - Lucien ajeitou a postura e olhou para ela, mas seria melhor que não tivesse feito. O olho castanho avermelhado estava frio como Elain jamais havia visto, e o dourado permanecia estático, não mais avaliava cada canto do rosto dela. - A situação está mais complicada do que o previsto e é perigoso demais para você permanecer nesta Corte. Então você voltará para a cabana, arrumará suas coisas, e eu te levarei de volta a segurança de Velaris.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...