Capítulo 34

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Mateus narrando

Entrei no carro bolado e saí cantando pneu. Fodas para quem estava no meio da rua, se estiver na frente vai voar.

Estou puto, mas ciente que a Laura faz o que quiser da vida dela. Porém o que não entra na minha cabeça é imaginar outro cara passando a mão naquele corpo, com a cara enfiada nos mesmos peitos que eu chupei e fazendo com ela o que eu queria estar fazendo, isso não me desce. Imaginar essa merda toda me deixou de um jeito que eu nunca estive, e por esse papo de sentimento ser novo para mim, eu não sei lidar direito. Estou pouco me fudendo se ela vai ficar puta por eu me intrometer nas paradas dela, mas enquanto eu souber desses vacilos, eu vou brecar mesmo e ainda sumir com o corajoso que quiser me peitar.

Saí da favela e caí para a avenida principal em direção a casa dela. Outra coisa que não saia da minha cabeça era o bagulho feio que a Andressa fez, eu dando mó moral para ela desembolar com os doidão sem virar chacota e ela vem fuder o resto do meu dia desse jeito? Eu já saquei qual é a dela, essa porra de soltar informações aqui e ali para fazer ciúmes e ver se eu e a Laura se acerta logo, mas não é assim que essa merda funciona. A Laura não e qualquer mina que eu tô afim de comer e meter o pé, com ela eu preciso ser cauteloso antes que ela surta e pula fora, mas pelo jeito intrometido e fudido da Andressa, ela não entendeu até hoje que as minhas paradas eu resolvo sozinho e do meu jeito.

Parei no sinal e respirei fundo tentando esfriar a cabeça, mas antes que isso pudesse acontecer, outro caô apareceu e o meu telefone começou a tocar. Joguei no som do carro, fechei os vidros e atendi pelo volante mesmo.

Ligação on

- solta a voz logo porque não tô podendo falar.

Samantha: RD... - disse soluçando e com a voz embargada.

Agora virou moda mulher me ligar chorando? Tá doido.

- qual foi Samantha? Tá chorando porque?

Samantha: nosso filho RD... Eu tô sangrando muito... - chorou mais e eu senti uma sensação fudida tomando conta de mim, bagulho muito pior que ciúmes ou raiva.

- que porra, calma aí... - joguei para a direita na rua lateral, tirei a ligação do viva voz e levei o celular no ouvido - fala direito, o que tá pegando?

Samantha: eu tô sangrando muito, tá saindo mais sangue que o normal e eu não sei o que fazer - disse rápido e desesperada - me ajuda, por favor.

Minha primeira reação foi socar o volante e respirar fundo umas dez vezes para digerir tudo. Agora que estou acostumando com ideia de ter um muleque, acontece essa merda? Tá de sacanagem.

- tá sentindo dor também?

Samantha: pouco. Você tá por perto? pode me levar ao médico?

- lógico né - falei ligando o carro e dando partida de novo - troca de roupa que daqui 5 minutos tô passando aí.

Samantha: tá bom.

Ligação off

Só faltava mais essa.

Dei o retorno e saí costurando os carros na avenida. Se bobear eu tomei umas três multas só nos cinco quarteirões que passei, mas larguei o fodas e acelerei mais. Só parei quando cheguei no portão da casa dela e avisei a morena com uma mão embaixo da barriga enquanto fazia altas caretas de dor.

- que merda você arrumou, Samantha? - desci rápido e ajudei ela a entrar no meu carro.

Lógico que reparei alguns moradores olhando a cena e falando merda entre eles, mas não tinha muito o que fazer agora a não ser ajudar a mina, então fechei a cara enquanto olhava na lata de cada um e decorava o rosto de quem estava olhando demais. Depois se o meu nome estiver rolando nessa porra, eu já tô ciente de onde vou começar a cobrar.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora