Capítulo 43

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Mateus narrando

Entrei no carro apertando o controle do portão e fazendo ele abrir. Eu não estava muito atrasado, mas a vida me fez levar muito a sério esse papo de pontualidade, então qualquer dez minutos já me irritava. Mesmo tendo cochilado muito pouco, eu levantei cedo, tomei um banho gelado e de quebrar filei um pão para matar a larica matinal. Enquanto isso, nem sinal da Andressa. Eu avisei que deixaria ela pra trás.

Engatei a ré no carro e quando estava saindo, a outra apareceu na porta da cozinha pulando em um pé só, enquanto tentava calçar o tênis no outro pé. A blusa de frio vestida só de um lado e calça que com certeza ainda estava aberta, porque era visível sua calcinha amarela.

Andressa: ME ESPERAAAA - comecei a ri da cena, mas logo parei quando ela voltou rápido, levou a água da torneira na boca, bochechou e cuspiu na pia da cozinha.

E ainda teve a audácia de secar a porcaria da boca com o pano de prato.

- mano... não acredito que ela fez isso - falei sozinho vendo ela correndo até mim e batendo no vidro esperando que eu abrisse. Minha vontade era de passar por cima.

Andressa: caramba, nem pra esperar 5 minutos? - me encarou enquanto eu olhava pra ela com a cara fechada - que foi?

- você cuspiu na pia da cozinha, porra? - perguntei indignado soltando o freio do carro.

Andressa: foi mal, não iria dar tempo de subir pra escovar os dentes - Imagina o bafo que está ali. Ela passou o cinto e me olhou sorrindo - a culpa é sua, poderia ter me acordado quando não me viu.

- culpa minha o caralho, não sou teu pai pra tomar suas responsabilidades pra mim - manobrei a Ranger Rover e finalmente saí dali - Vou ter que jogar meus panos de prato tudo fora - resmunguei ainda com raiva.

Andressa: para de reclamar e acelera essa carroça. Lerdeza da porra - deu de ombros e começou a mexer no celular.

A vontade de dar um soco já é enorme, ela ainda fica fazendo gracinha.

Cheguei na serra e o fluxo do moradores descendo para irem trabalhar era intenso, então subi o mais devagar possível para não jogar ninguém pro alto. Aproveitei o caminho da boca principal e passei no barraco da Samantha para avisar sobre a possivel guerra que está pra explorar esses dias. Provavelmente eu não estaria aqui quando acontecesse, então ela tinha que ficar esperta.

Mas tu ligou? Porque a filha da puta virou as costas e foi dormir de novo, me deixando plantado na sala.

Sai da casa dela com o semblante de sempre e atravessei a rua para trocar ideia com o funcionário do bazuca que deixei no encalço daquela sem noção, ele me passou o proceder dos últimos dias e eu paguei o combinado. A Samantha já encheu o meu saco com isso, mas nem adianta, não confio a vida do meu filho com essa mulher nunca mais. Eu ainda fui tranquilo com ela e dei duas opções, ou ela facilita o trampo do orelha de ficar na cola dela, ou ela vai descer para o asfalto e ficar trancada em casa. Rapidinho ela parou de implicar com o cara.

Acertei tudo e continuei subindo até chegar na galpão, mas o bazuca não tinha descido ainda e o meu papo tinha que ser com ele, então sentei e esperei enquanto resolvia outras questões pelo celular.

- toma no cu do Bazuca também em - levantei com raiva. Já fazia uns 30 minutos que eu estava plantando esperando, os muleques me falaram que nem em casa ele estava - tô cheio de coisa pra fazer e o cara não larga aquele chaveiro de buceta dele - entrei na galpão e chamei a Andressa para o lado de fora.

Passei para ela tudo o que eu queria que ela fizesse, fui detalhado nos corres que ela teria que fazer pra não dar errado. Pela quantidade de serviço, a mão dela vai ficar cheia de peixe, e é isso que animou ela ainda mais.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora