Capítulo 42

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Mateus narrando

Já era de madrugada e todo mundo tava loucão de alcool, o idiota do gavião foi o único que usou droga e tava mais maluco que o restante, mas isso a gente controlava tacando um copo de água na cara dele a cada meia hora pra ele parar de encher o saco dos outros.

Carla: nossa, fazia tempo que eu não cansava assim - se jogou no sofá do meu lado e eu sorri de canto - cadê sua namorada?

- foi no banheiro com as meninas .

Olhei pra entrada do camarote e notei que as duas estavam demorando demais pra voltar.

Carla: sério? Queria ter ido também, mas acho que elas não gostam de mim ou estão me evitando por conta da Laura.

Porque será né?

- acho que são as duas coisas - ela me encarou na hora e eu ri.

Carla: o que aconteceu com aquele cara mentiroso em? Resolveu ser sincero justo agora?

- a Laura trabalhou isso pesado em mim - ri de novo lembrando que ela desenvolveu a intuição perfeita pra saber quanto eu tô mentindo ou não, ou seja, não dá pra mentir nunca.

Carla: então agora eu tenho certeza que você é um homem muito melhor - balancei a cabeça em mais ou menos e tomei mais um gole de uísque.

- pra ela e pro Felipe eu sou, já pro crime a história é outra.

Ela assentiu e ficamos em silêncio por um tempo. O funk tava estralando na quadra e a comunidade toda tava aproveitando, ninguém tava ligando pra porra nenhuma mais, as minas só queriam saber de jogar a raba e os caras garantir a foda da noite, tudo mec e equilibrado.

Gavião: ae arrombado - me chamou e eu encarei ele - cadê nossas mulheres caralho? Essas porras tá demorando demais, que mijo de uma hora é esse?

- vou lá nelas - falei levantando e a Andressa apareceu.

Andressa: e desde quando cê pode entrar em banheiro de mulher? - riu - deixa que eu vou.

- desde quando eu quiser - ri de volta - se a Laura tiver lá dentro eu quero ver qual vai ser o corajoso que vai barrar.

Andressa: o corajoso não temos, mas uma maluca surtando contigo por você tá olhando aquele monte de buceta com certeza aparece - todos riram de novo e ela saiu andando em direção ao banheiro.

Eu só não tava tão preocupado porque estamos praticamente em casa e agora geral tá ciente de quem elas são. Sem contar que a covardia acontece muito mais fora da favela do que dentro, então se bobear as três estão na pista dançando e nós estamos aqui igual trouxas.

Carla: posso falar uma coisa? Mas só porque eu tô bêbada - riu de novo quebrando o silêncio.

Lá vem...

- manda.

Carla: vocês dois fazem um casal bonito, mas são tóxicos demais, misericórdia - dessa vez eu que ri pelo nariz.

- é mesmo? Nunca nem percebi - falei irônico - mas se tamo sustentando uma relação há 16 anos é porque a parada tá ótima.

Namoral, eu odeio gente dando pitaco na minha vida, principalmente no meu relacionamento. Inconveniência da porra.

Carla: com certeza, por isso eu acho que vocês dois são tão bonitos juntos - assenti tomando mais gole de uísque - agora é fácil de entender quando você falou que ela era a mulher da sua vida. Nunca te vi assim com ninguém.

Eu não fico bêbado justamente pra não ser chato desse jeito, porque puta que pariu, ninguém merece.

Carla: eu achava ela uma mulher sortuda, mas agora eu vejo que você também é. Você merece uma mulher como ela.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora