Capítulo 40

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Laura narrando

Desci para área externa e os meninos já haviam acendido a churrasqueira. Eu não queria conversar com ninguém agora, minha cabeça estava focada em uma situação e eu não poderia falar sobre ela, então prefiro ficar na minha. Sendo assim, cheguei e sentei na cadeira de madeira com a péssima cara que eu nunca conseguia disfarçar.

Andressa: porra, vocês não cansam de brigar não, velho? Tá que pariu.

- fica na sua Andressa - ela negou dando de ombros e eu revirei os olhos.

Não sei porque do incômodo, ela é a maior causadora das brigas aqui porque não consegue segurar a língua na boca.

Rafael: está tudo bem gata? - desviei o meu olhar para ele e senti sua mão parando na minha coxa dando algumas apertadas de leve.

Apesar de todo mundo zuar com a cara do Rafael, esse homem tem uma leveza que me surpreende. Nada que você fizer estressa ele, nada diminuí o bom humor e a calma que ele tem. Calma que inclusive só de estar perto já transmite para você.

- sim, mas vou ficar melhor se descer a breja. Tem ainda? - sorri de lado.

Rafael: claro, o gavião foi na distribuidora buscar. Vou lá pegar para você - levantou me dando um selinho rápido e saiu.

Fiquei vidrada em um ponto qualquer da mesa enquanto me dava a liberdade de voltar a pensar em tudo que acabou de acontecer. Era muita informação ao mesmo tempo, eu estava confusa e não sabia o que fazer, minha cabeça não conseguia raciocinar para descobrir como fomos parar nessa situação de hoje. Eu não conseguia trilhar uma linha de raciocínio junto com os acontecimentos, só foi e deu, descobri que o Mateus gosta de mim e agora eu não sei o que fazer com isso.

Percebi uma movimentação na minha frente e olhei para o Mateus e a Laís ocupando as cadeiras que estavam sobrando. Em seguida o Rafael chegou com a cerveja e encheu o meu copo. Era inevitável não olhar para o Mateus e esperar um contato visual dizendo que estava tudo bem entre a gente, mas não, ele era orgulhoso demais para dizer tudo aquilo e agora simplesmente ignorar, então qual foi a opção dele? Ignorar a mim ao invés da situação. Ele tinha o semblante calmo, mas me ignorava com frieza, como se eu fosse uma estranha qualquer sentada naquela mesa. Sei que agora ele vai entrar em um mundo só dele, mundo do qual ele se isola de qualquer emoção e se torna praticamente outra pessoa. Mas infelizmente eu não posso ajudar em muita coisa agora, justamente por eu ter sido o motivo dele ter se enfiado lá.

[...]

Com o tempo as coisas foram se acalmando, a carne começou a sair, o pagodinho no fundo deixou o ambiente mais tranquilo e todos estavam conversando e rindo, na medida do possível. Vez ou outra eu olhava para o moreno tatuado e torcia para ele corresponder, mas nada, ele não olhava para mim nenhuma vez.

Andressa: famíliaaaa - gritou saindo da casa com um enorme sorriso no rosto. Mas não precisou de muito para ele murchar, já que ninguém deu atenção - caralho gente, vocês são uns apaga brasa do caralho. Tá faltando droga nessa porra, um pó para dar uma animada - sorriu de novo ignorando nosso desânimo - mas já que não tem, bora jogar? - ela levantou a garrafa de vidro com uma cara de maldade e logo todos sacaram a intenção da discórdia.

Mateus: você não teve infância não, porra? - olhei para o dono da voz grossa e pela primeira vez eu vi uma cena que eu nunca tinha visto antes.

Eu já sabia que ele fumava, ele mesmo admitiu aquela vez, mas nunca foi na minha frente. Ver ele enrolando uma quantidade significativa de maconha em uma pedaço de seda me fez ficar mais confusa que o normal. Porque agora? O que fez ele se sentir confortável em fazer isso comigo aqui? Que droga, Mateus!

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora