Mateus narrando
Acordei cedo e tentei racionar o que tinha acontecido ontem.
Depois que a pizza chegou o Yago veio comer e ficamos até de madrugada falando sobre várias paradas. Acho que essa foi a primeira vez que trocamos ideia como irmãos, não teve lero lero e nem sermão, foi só papo de mulher, droga e dinheiro, coisa que todo vagabundo adora falar.
Falando em mulher ele soltou que quase engravidou uma doidona aí, mas graças a Deus foi só um susto. Eu nem pude falar nada porque o sobrinho dele não foi planejado, mas tenho dó da mina se esse muleque tivesse sido pai. Mais lerdo que ele é só ele junto.
Olhei pra sofá que ele tinha dormido e ele não estava lá, então levantei e procurei no banheiro, mas nada também. Procurei na cozinha, no quintal, em todos os quartos e nem sinal do muleque. O filha da puta meteu o pé enquanto eu tava dormindo.
- porra Yago... - passei a mão no cabelo e peguei meu celular, mas quando coloquei pra chamar lembrei que ele tinha vendido o telefone dele.
Que caralho.
O Yago se afundou legal nas drogas, já tava apelando até pro crack. Papo reto que eu não queria deixar ele sozinho nessa situação de merda, mas tô ligado que se ele não quiser se ajudado, eu não posso fazer porra nenhuma. Ontem batemos um papo mó cabeça e ele sabe que tá fazendo merda, mas o vício é foda, quando a abstinência bate não tem nego que aguenta segurar.
Como eu tô ciente que ele não vai voltar agora e eu tô cheio de caô pra resolver, engoli a pizza que sobrou e fui tomar um banho rapidão. Vesti a roupa de ontem mesmo, catei um desodorante horroroso do Yago e meti o pé pra serra.
Eu iria ver o bazuca primeiro, mas acho melhor acertar as paradas com a Samantha e depois subir pra boca, ai de lá eu nem preciso ter pressa pra meter o pé.
Cheguei na barreira e os muleques deixaram eu subir sem falar nada. Com certeza eles acharam que era a Laura, porque a filha da puta fez amizade com a tropa toda e sobe o morro direto por conta do Felipe. Depois até tenho que acertar essas condição com ela, porque tá rolando intimidade demais pro meu gosto. Até vulgo a mina já tem.
Parei em frente a casa da Samantha e desci de cara fechada. Como sempre geral ficou me olhando meio torto, mas ninguém falava porra nenhuma. De longe vi uns vapor de cochicho e nem dei atenção também. Já tô ligado no tanto que esse assunto vai render no morro, então vou ficar suave porque quando vierem me pesar eu já resolvi minhas paradas e vou estar mais tranquilo.
Depois de uma vida a Samantha abriu o portão, quando ela bateu o olho em mim só faltou cair pra trás.
- cai não, porque não vou te segurar - me aproximei dela - deixa eu entrar antes que alguém vem encher meu saco.
Ela se afastou pra mim passar enquanto me encarava sem falar nada.
- cadê o Felipe? - olhei em volta e ela continuava de boca aberta - pronto, buguei a mente da mina.
Samantha: eu... eu... - gaguejou, coçou os olhos e me encarou de novo - você... Que merda é essa?
- o capeta deu mole e eu meti o pé - sorri irônico - cadê o Felipe?
Samantha: ele tá... ele tá na casa da Sarah - se aproximou de mim e me olhou de cima a baixo - você tá vivo?
- não, você que morreu. Porque o Felipe tá na casa da Sarah? - cruzei os braços e ela continuava me olhando com a mesma cara - mas que porra em.
Eu já tava ficando com preguiça dessas reações, toda vez é a mesma ladainha.
Samantha: que saudade que eu tava de você cara - o olho dela encheu de lágrima e ela se aproximou pra me abraçar, mas na hora eu desviei.
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Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)
Roman pour AdolescentsAté onde você iria para esconder o seu maior segredo da pessoa que você mais ama? Talvez criar outra vida seja uma boa opção. Afinal, você teria outra personalidade, outros princípios, outros valores e ninguém poderia te julgar por isso. Mas e se e...