Capítulo 50

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Belo horizonte - MG
Sexta feira - 15:22pm

Laura narrando

Troquei de canal pela vigésima vez e mesmo assim nada que tava passando naquela televisão imensa me tirava do tédio. Chegava a ser insuportável a sensação de não pode se mexer, andar pra onde quiser e ter que ficar só deitada e deitada.

- não sei como a Dra. Helena disse que o repouso absoluto vai me ajudar, isso está me deixando mais nervosa ainda - bufei tentando virar de lado.

Mãe: você também não ajuda nem um pouco né Laura?

- não ajudo? Eu tô fazendo o que então? - encarei ela que estava sentada no outro sofá enquanto fazia uma mantinha de tricô - se você consegue controlar seus impulsos, parabéns mãe, mas eu não consigo.

Eu achava que era impossível ficar mais nervosa que o meu normal, mas essa gravidez tá me provando totalmente ao contrário.

Mãe: eu sei, mas parar de reclamar ajuda também. Você está igual uma criança - me encarou de volta - isso é pelo bem do seu filho, você sabe que poderia ser bem pior se não estivesse deitada e quieta.

Tá certo, preferi nem responder mais.

Acontece que depois do evento da facção eu passei muito mal de nervoso e tive que ir para o hospital. Minha pressão foi as alturas, houve mais sangramentos e uma cólica muito forte, eu achava até que estava tendo outro aborto, mas felizmente foi só um susto. Pelo o que eu entendi estava com risco de descolamento de placenta e mais alguns problemas dado pela a minha última gestação ter sido interrompida de uma forma bem brutal. Agora eu preciso ficar de repouso absoluto até a segunda ordem.

Felipe: maeee, tia luuuu - desceu da escada correndo e parou na minha frente eufórico, sem fôlego e com um baita sorrisão.

- eu já não disse pra você parar de correr na escada mocinho?

Felipe: sim, desculpa. Você não vai acreditar... - sorriu de novo e virou o tablet pra mim - olha esse funko do Sulley que demais!

Olhei o boneco a venda e sorri de volta. Eu e o Felipe começamos a montar uma coleção de funkos, no início foi só um passatempo que eu jurava que ele não ia curtir muito, mas agora ele tá mais empolgado que eu.

- mas já temos a coleção dos Montros S.A.

Felipe: sim, mas esse Sulley tá muito mais daora. Compra pra gente? - sorriu de novo.

Um detalhe, ele aproveita muito bem que a coleção é NOSSA pra sempre dizer "compra pra gente", assim ele não tira vantagem que só ele está ganhando algo. Esperto igual o pai, incrível.

- você lembra das regras, só um por semana - assentiu cabisbaixo - separa esse aí que semana que vem nós compramos SE... - dei ênfase - você fizer os para casa.

Felipe: mas não é justo, isso é pra nós dois.

Tô falando.

- sim, mas eu posso esperar mais uma semana sem problema nenhum, e depois mais uma, mais uma...

Felipe: tá bomm, eu faço - sorri contente e ele saiu andando.

As crianças são espertas e competitivas, se você não souber jogar esse jogo de troca e recompensa, a competição se torna em quem consegue irritar mais, e disso meus amigos, eu tô correndo. O Felipe é uma criança muito tranquila, mas tem suas fases como qualquer outra, então ao invés de brigar e discutir, eu opto por uma criação mais tranquila onde todos saem ganhando.

Está dando super certo até agora.

Mãe: vocês criam ele muito bem sabia? - me olhou orgulhosa - apesar da outra mãe dele ser uma idiota, ele tem sorte por ter você.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora