Capítulo 27

254 22 84
                                    

Laura narrando

Eu odeio o Mateus.

- eu não vou, já falei - sentei na primeira cadeira que encontrei e olhei para os dois idiotas na minha frente.

Carol: Laura, eu sei que você tá brava, triste e muito magoada com o Mateus, mas o Yuri tá por aí e você sabe muito bem do que ele é capaz.

- aham, e se ele me pegar de novo ele vai fazer o que? Me matar? Não é uma ideia tão ruim - ela respirou fundo e saiu de perto de mim.

Eu entendo tudo que tá acontecendo e sei o quanto é perigoso ficar em casa sozinha, mas eu não quero ficar na casa de nenhum traficante. Eu tô toda quebrada, só quero a minha casa, minha cama e me enfiar no mundo que me tira dessa realidade de merda.

Pulga: cê sabe que ela tá certa né? - sentou no chão e me encarou - mas eu também concordo contigo, ficar na casa dos outros é uma merda.

- pois é, pelo menos alguém me entende - bufei e encarei ele de novo - e porque você veio com a gente?

Pulga: pra te levar em segurança pra serra, o RD não tá confiando em qualquer um pra ficar contigo - rodei os olhos.

- sério, eu não consigo entender aquele homem, ao mesmo tempo que ele me ama, parece que me odeia, tem condições não.

Pulga: pode ter certeza que é amor - riu de leve - você mais que todo mundo tá ciente desse lado maneiro dele, o lado carinhoso e pá, e tô ligado que tu ficou sabendo de umas paradas ruins que fez, mas tu nunca viu o RD de perto estrela, nunca viu ele na correria ou matando alguém, então eu te garanto que essa parada toda que ele tá fazendo é só pra te proteger.

- do Yuri?

Pulga: não, dele mesmo.

Pensei em responder, mas a Carol voltou com o rosto inchado e vermelho e eu me senti uma merdinha por ter feito ela chorar. É difícil esperar que as pessoas entendam o que você está sentindo, mas como eu sempre digo, o meu sofrimento não é problema de ninguém, então não quero me colocar numa posição que tem ser consolada ou convencida de algo como se eu fosse uma criança, porque se eu achar necessário fazer eu faço e pronto. E nesse momento eu acho que discutir com eles só vai tornar as coisas mais difíceis.

- eu vou - os dois me olharam - mas com duas condições... - encarei o pulga - vou ficar lá só por dois dias, nenhum minuto a mais, e a Carol vai comigo.

Carol: lógico que eu vou, isso nem era uma condição.

Pulga: suave, até lá essa parada já tá nos conformes - levantou e pegou o celular no bolso - vou só fazer uma ligação ali, podem ir pro carro.

Levantei devagar e antes de sair eu olhei pro pulga.

- fala com ele que se ele não conseguir matar aquele filho da puta, eu volto pro rio e mato ele - ele assentiu rindo e saiu.

A pista de pouso até a serra era um pouco longe, quase duas horas em uma posição super desconfortável, então quando vi aquele complexo gigante eu até agradeci.

Pulga: papo retão meninas - olhou pra gente pelo retrovisor - ninguém pode saber que vocês estão intocadas aqui, então vamos direto pro barraco do bazuca e cês duas ficam quietas, sem alarmar nada jae?

- tá.

Passamos da barreira e subimos até a casa mais alta do morro. O pulga parou dentro da garagem e a gente só saiu do carro quando fecharam o portão. De cara vi duas mulheres saindo pro lado de fora e vindo na nossa direção.

Xxx: você deve ser a estrela né? - assenti - prazer, sou Paula - ela me deu dois beijos no rosto e cumprimentou a Carol também.

Xxx1: eu sou Karen - me cumprimentou do mesmo jeito.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora