Mateus narrando
A Laura me deixou. Ela... Não, não é possível.
- não, não, não... - me aproximei dela e senti meus olhos enchendo de lágrimas enquanto uma dor que eu nunca senti na vida acabava comigo - não faz isso comigo não morena, por favor. Reage aí, eu... - olhei pro rosto dela mais uma vez e o desespero começou a bater forte - ALGUÉM FAZ ALGUMA COISA. DOUTORA PELO AMOR DE DEUS MANO, É A MINHA ESPOSA AQUI.
A enfermeira não parava com a massagem cardíaca nem um por um segundo e a médica continuava operando, mas eu tava desesperado demais.
- Laura, Laura, acorda amor - bati no rosto dela e nada, então apoiei na testa dela e falei baixo, praticamente como uma oração - não me deixa aqui sozinho, por favor linda. Eu não dou conta sem você, tu sabe disso.
Eu sempre falei que não aguentaria passar pelo o que Laura passou quando eu caí, mas isso é porque eu só imaginava qual era a sensação. Agora sentindo na pelo o que é ter o amor da tua vida sendo arrancado de você, eu tenho certeza que eu não aguento essa merda nem por um segundo.
Dra. Helena: tirem ele daqui por favor - o enfermeiro veio na minha direção e eu levantei o rosto de uma vez para encarar ela.
- nem a pau, não vou sair daqui. Ela vai voltar e eu vou tá aqui esperando.
A cada segundo que aquele computador não mostrava nenhum sinal de vida parecia que eu tava levando mais um tiro no peito, mas eu ainda tinha esperança. Eu tinha que ter.
Dra. Helena: Mateus, estamos todos fazendo o possível aqui, mas eu preciso que você se retire agora.
- ela precisa de mim - limpei o rosto - a gente precisa um do outro. Ela sabe disso.
Dra. Helena: ela vai precisar se nós pudermos salvar a vida dela, e pra isso você tem que se acalmar lá fora.
Enfermeira: deixa eles cuidarem dela meu jovem - a mulher de idade me abraçou de lado e começou a me levar pra fora.
Eu não sabia dizer se eu tava no automático ou se eu ainda tava processando tudo, mas a cada momento que eu pensava em não ter mais a Laura comigo o desespero vinha com força.
- NAO, NÃO, NÃO. LAURAAAA - tentei me soltar pra voltar pra sala de parto e os enfermeiros começaram a me segurar - ME LARGA SEUS PORRA, LAURAAAA - tentei dar um soco neles, mas não passou nem perto - EU PRECISO DELA MANO, ELA NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO NÃO.
Aos poucos eu fui parando de debater com eles e senti a derrota tomando conta. Que sensação de merda, puta que pariu.
- como que isso foi acontecer? Porque eu não impedi? Eu podia ter feito mais, eu...
Enfermeira: nós não temos o controle de tudo meu filho, jamais se culpe por isso. Você e a filha de vocês não tem absolutamente nenhuma culpa.
A filha de vocês...
- a minha filha, cadê ela? - olhei pra um lado e para o outro e não vi ela - CADÊ ELA?
Enfermeira: está na sala ao lado, estamos esperando você se acalmar pra te levar lá.
- quero ver ela agora - levantei o corpo, limpei o rosto e respirei fundo enquanto todos me olhavam - bora pô.
Essa era uma situação extremamente fudida em todos os níveis possíveis, porque eu não posso ficar aqui lamentando ou chorando o que aconteceu naquela sala, eu tinha que me controlar porque tinha uma criança que acabou de voltar a vida precisando de mim também. Eu tinha que ignorar o lado onde tá tudo uma merda pra conseguir ser forte por elas.
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Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)
Teen FictionAté onde você iria para esconder o seu maior segredo da pessoa que você mais ama? Talvez criar outra vida seja uma boa opção. Afinal, você teria outra personalidade, outros princípios, outros valores e ninguém poderia te julgar por isso. Mas e se e...