Capítulo 15

298 21 6
                                    

Belo Horizonte - MG
Terça feira - 7:38am

Andressa narrando

Bati na campainha de novo e escutei as chaves abrindo a porta. Quando ela abriu, eu olhei de cima a baixo e me segurei pra não agarrar ela ali mesmo.

Que saudade da porra.

- iae.

Carol: você veio - sorriu cheia de sono.

- não sei porque tu ainda dúvida de mim, posso entrar?

Carol: claro - me deu passagem e eu entrei.

Fomos direto pro quarto dela e sentamos na cama pra falar sobre o assunto que não saía da minha cabeça.

A real é que eu nem sei o que dizer, só tô aqui pra cumprir meu papel de trouxa na terra.

- que surpresa em...

Carol: nem me fale, me pegou totalmente desprevenida.

- e como tu tá se sentindo com isso? Essa parada de ter filho é complicado pra cacete.

Carol: eu não sei ainda, tô em dúvida se continuo ou interrompo. Não acho que eu esteja preparada pra ser mãe.

- ninguém está loira, esses bagulho tu vai aprendendo. É errando e concertando os erros que faz o bonde andar.

Carol: como vou criar uma criança nega? Não sei nem por onde começar.

- isso é com o tempo pô, eu acredito que é só passar pra um filho tudo de bom que aprendemos nessa vida e cuidar pra que eles não passem o sufoco que nós já passamos. Você não tem nenhuma estrutura familiar, eu muito menos, então é só fazer tudo diferente dos nossos pais - ela sorriu e logo seu rosto ficou vermelho com a vontade de chorar.

Carol: você vai estar do meu lado?

- marchei 450 quilômetros só pra te ver e tu ainda me pergunta isso? - rimos juntas e ela chorou mais - o foda vai ser se o pai da criança meter o louco, aí eu vou ser obrigada a dar uns tiros nele.

Carol: mas ele não quer.

- que?

Carol: ele não vai assumir, só prestou pra fazer e falar um monte de porcaria comigo, até mandou eu ir me fuder - olhei pra ela sem acreditar e apesar de não ser o momento pra isso, a esperança acendeu de cabuloso aqui dentro.

- papo retão mesmo? - ela assentiu - que filho da puta.

Carol: por isso eu tô desesperada, eu não queria nem ser mãe, quanto mais mãe solteira. A Laura disse que ficaria do meu lado, mas não é a mesma coisa.

Levantei da cama e comecei a andar pelo quarto.

Tem certas paradas na vida que não dá pra agir na emoção, a gente tem que ter sangue frio e pensar com clareza antes de soltar a voz. Mas papo reto? Eu queria isso pra caralho.

- tu não tá sozinha... - sentei de novo e olhei nos olhos dela - eu tô contigo nesse parada e esse muleque ou princesa vai ter duas mães loucona das ideias, mas amor não vai faltar.

Carol: tá maluca Andressa? - soltou minha mão e riu de nervoso - esse fardo não é seu, você tem uma vida no rio de janeiro e uma criança é pra vida toda.

- fodas pro rio de janeiro, fodas pra aquele bando de muleque, fodas pra facção e tudo que me prende lá. Eu quero formar uma família contigo loira, tu sabe o tanto que eu quero isso e quantas vezes já falei disso contigo. Essa criança só veio pra juntar nós duas de vez - me aproximei mais um pouco e acariciei seu rosto - me deixa tentar ser melhor pra vocês dois, eu juro que vou em esforçar pra caralho e não deixar falta nada.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora