Capítulo 47

193 19 9
                                    

Mateus narrando

- anda mano, desembucha, que merda você fez? - com certeza meu tom de voz mudou completamente, mas nessa altura do campeonato eu tava pouco me fudendo pra isso.

Namoral, não tem condições nenhuma ele ter feito um bagulho desses com o gavião. Juro que tô torcendo pra não ser o que eu tô pensando.

Laura: eu não te contei tudo sobre a minha conversa com o montanha - falou baixo, mas foi o suficiente pra eu ouvir e respirar fundo pra não surtar com ela.

- senta na cama.

Laura: não quero.

- SENTA NA PORRA DA CAMA LAURA.

Ela sentou com a cabeça baixa e colocou as mãos entre as penas enquanto eu me mantive de pé e de braços cruzados.

- solta o verbo todo, direto e reto - ela me encarou e eu pude ver medo e vergonha no seu rosto, mas um lado meu já tá acostumado com isso e acaba não se importando tanto - rápido porque tô sem tempo.

Laura: ele tinha uma prisão preventiva contra você e iria te prender no dia do nosso casamento. Primeiro ele disse que se eu fosse embora com ele, ele não iria me aliar a você na investigação, mas eu não aceitei... - eu ouvia tudo de braços cruzados enquanto a mente tava a milhão, mas não falei nada - a segunda proposta foi ele me levar ao altar, assim ele não te prendia no nosso casamento. Então eu não tive escolha e aceitei - ela me encarou esperando uma resposta, mas continuei sem falar nada - depois ele começou a falar sobre nós, e que eu não poderia achar que nós dois teríamos um final feliz com você sendo bandido e...

Dessa eu tive que rir, ri de completo nervoso.

- puta que pariu... - passei a mão no cavanhaque e virei o boné pra trás, mais uma vez na tentativa de manter a calma - continua.

Laura: eu entrei em desespero Mateus, desespero por perder você, desespero por você ser preso, desespero pelo Felipe, pela nossa família, tudo.

- e aonde o gavião entra nessa merda?

Laura: eu disse a ele que falaria onde o gavião estava se ele sumisse com o seu nome da investigação também... - na mesma hora minha expressão mudou completamente, mas ela continuou falando - você disse que ele não aceita dinheiro e não negocia por qualquer coisa, então essa foi a única forma que eu encontrei de salvar nossa família.

Nesse momento eu não sabia descrever exatamente o que tava passando pela minha cabeça, se era ódio por ter negociado com aquele arrombado um dia e trazer ele pra vida da Laura, se era raiva da Laura por ter feito uma merda dessa, se era tristeza por essa porra toda ter dado certo, se era culpa por trazer a Laura pra essa vida, se era mágoa dela ter coragem de fazer isso e ainda esconder de mim, ou se era tudo isso junto.

- cê tá me dizendo que a ideia foi sua? É isso mesmo? - olhei pra ela incrédulo.

Eu não queria surtar, principalmente porque tô vendo como ela tá assustada e eu nunca me perdoaria se acontecer alguma coisa com o bebê por ela ficar nervosa demais, mas eu não tava conseguindo me controlar.

Laura: eu não tive escolha.

- NÃO TEVE ESCOLHA? - me aproximei com as mãos pra trás - NÃO VEM COM ESSE PAPO FUDIDO PRA CIMA DE MIM PORQUE TUDO NESSA DESGRAÇA DE VIDA É BASEADO EM ESCOLHA LAURA, E PRA VOCÊ O MAIS FÁCIL FOI AGIR NA TRAÍRAGEM E ENTREGAR MEU IRMÃO PRA POLÍCIA - falei tentando usar as melhores palavras possíveis, mas não tava adiantando nada - E SE FOSSE A SABRINA ME ENTREGANDO? SE FOSSE EU NA MÃO DAQUELES FILHOS DA PUTA AGORA? CÊ PENSOU NISSO?

Laura: ME DESCULPA - chorou mais e me encarou com o rosto completamente vermelho - hoje de manhã eu pensei em te contar tudo, mas...

- ahhhh, hoje de manhã? Nosso casamento foi a dois dias e hoje que você resolveu me contar? Depois de jogar uma informação dessa no colo do teu pai e botar tudo pra fuder?

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora