Capítulo 35

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Laura narrando

Mateus: eu engravidei uma mina, é isso.

Pronto, acabou de dar pane no meu sistema.

- espera, acho que entendi errado - ri de nervoso e arrumei a minha postura - você engravidou alguém?

Mateus: é, porra! Fui lá e meti um filho nela - abaixou a cabeça pensativo, mas eu não sei se era desespero, arrependimento ou tristeza - na verdade nem sei se foi eu mesmo, mas ela deu o papo que foi.

- Mateus do céu - olhei para ele e logo voltei a rir de nervoso - eu quero fazer tantas perguntas, meu Deus. Primeiro, como isso aconteceu?

Mateus: como que engravida alguém, Laura? - me olhou óbvio.

- eu sei como se faz, caramba. Eu quero saber como você deixou isso acontecer? Eu nunca pensei que logo você não tomaria esse cuidado todo.

Mateus: acha que eu estava afim de ter filho agora? Com uma maluca que eu nem conheço direito? Lógico que não - me encarou - mais fácil tu perguntar se eu usei camisinha.

- e usou?

Mateus: usei, mas parece que o bagulho estourou.

Ficamos alguns segundos sem falar nada. Eu por total e completa surpresa, e ele por algum motivo que eu ainda não descobrir, mas estava me deixando angustiada vê lo assim.

- você sabe que vai ser um pai maravilhoso né? Totalmente diferente do que os nossos foram para a gente. Tenho certeza que esse seu jeitão ciumento iria sufocar a criança um pouco... - rimos juntos - mas assim como eu, ele vai entender que essa é a sua forma de demonstrar amor e carinho. Você pode melhorar um tiquinho? Com certeza, mas só um pouco assim - juntei o polegar e o indicador e ele riu de lado.

Mateus: valeu. Eu também acho que não seria um pai tão fudido assim.

- porque seria? Você vai ser! Não precisa duvidar - ele respirou fundo e voltou a olhar para o horizonte.

Mateus: você bota fé que eu estava me acostumando com esse lance? - me encarou de novo, agora mais nervoso - porra mano, fodas, vou admitir. Eu estava empolgado pra caralho e nem sei se o muleque era meu, mas eu tava.

- e qual o problema nisso?

Mateus: a filha da puta da mina abortou - automaticamente ele começou a ficar mais angustiado e o semblante dele fechou. Ele virava o boné para trás e para frente toda hora de tanta raiva - A desgraça simplesmente abortou e ainda veio pedir ajuda para levar ela no hospital. Se eu soubesse na hora, faria questão de terminar o trabalho e mandar ela para a puta que pariu.

Caramba, é muita informação para um dia só.

- calma, vamos por partes para eu conseguir entender - arrumei o cabelo e juntei as mãos, bem mais apreensiva que antes.

Mateus: e qual a dificuldade de entender a questão aqui, Laura? A porra da mina abortou meu filho, pronto.

- mas porque ela faria isso?

Mateus: sei não mano - jogou o boné para trás de novo - Desde quando ela me deu ideia da situação estou fortalecendo ela de todos as formas. Dei apoio, grana, fui nas consultas, melhor hospital, e pá, ela me mete uma dessa? Na minha frente a desgraçada pagava de preocupada e feliz com a cria.

- caramba, que ordinária. E ela estava de quanto tempo?

Mateus: 3 semanas parece - respirou fundo tirando o boné para coçar a cabeça - Agora ela vai morar na porra do hospital, porque toda vez que ela inventar de sair eu vou fazer ela voltar - olhei para ele meio assustada e ele deu de ombros.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora