3 semanas depois...
Felipe narrando
Traguei o cigarro de maconha que tava na minha mão e senti a fumaça me invadindo enquanto a onda batia. Aos poucos a minha respiração ia relaxando e meus batimentos voltavam ao normal. O único problema é que eu fumava nessas horas para ficar mais relaxado, mas ultimamente até maconha me fazia pensar em mil paradas diferente e em uma mina específica. Isso já tava era me cansando.
Gabrielly: Felipe, tô falando com você.
Sai do transe e olhei pra morena pelada ao meu lado. Ela boba nem nada, aproveitou e se virou deitando no meu peito.
Gabrielly: te perguntei como foi o seu aniversário - falou passando a unha e brincando com os poucos gominhos que eu tinha na barriga.
- normal.
Gabrielly: como assim normal? Foi bom ou ruim? Você gostou?
- é, foi daora.
Porra nenhuma, foi um saco. Inventei de ir pra festa com alguns amigos meus e no final só servi pra ficar cuidando de cu de bêbado. O que salvou foi o bolo que a minha mãe fez pra cantar parabéns, mas ainda sim tava sem graça demais, talvez porque faltava alguém.
Gabrielly: eu não entendo gente rica, tem fortunas e fortunas e não gasta com nada direito. Você poderia fazer uma festa em um iate se quisesse, mas não, fez um bolinho lero lero e pronto. Que coisa sem graça.
- meus pais que são ricos, não eu - levei o cigarro na boca de novo e dei o último trago antes de jogar a ponta pela janela.
Gabrielly: idai? Isso quer dizer que você também é - não respondi - se eu tivesse pais iguais aos seus eu estaria toda semana no salão, ou melhor, todo dia - riu - iria comprar só roupa de grife e essas meninas do morro iriam ficar morrendo de inveja. E o carrão que eu iria ter? - negou rindo de novo - eu ia ser nojenta demais, sério.
Escutar essas coisas me fazia viajar ainda mais na única pergunta que tava fritando a minha cabeça... Que merda eu tô fazendo da minha vida? Rodeado de gente interesseira pra caralho, que se não tá afim do dinheiro dos meus pais, tá cheirando minha bunda só pra conseguir algum favor do famoso RD. Eu mesmo não significo porra nenhuma, eu não tenho nada pra chamar de meu e nem alguém pra chamar de minha. Pode ser efeito da carência ou sei lá, mas uma coisa meu coroa tava certo... Isso aqui é alívio temporário, nunca é o suficiente pra te satisfazer de verdade. Essas minas são vazias de pensamentos, não sabe render um papo a não ser falar dos próprios interesses ou se não ficar elogiando macho esperando receber alguma merda em troca. E eu já tô cansando pra caralho dessa situação toda.
Levantei da cama procurando minha roupa que tava jogada e fui vestindo a medida que encontrava.
Gabrielly: aonde você vai?
- meter o pé.
Gabrielly: que? Porque? Você disse que iria ficar aqui comigo.
- quando que eu falei isso? - vesti a camisa encarando ela.
Gabrielly: quando chegamos aqui. Você não lembra porque tava distraído demais chupando os meus peitos - disse sorrindo igual uma safada e levantando da cama, mas eu tava nem aí.
- posso ter falado mesmo, mas eu já chupei, transei e gozei, não tem merda nenhuma pra mim aqui mais - peguei meu celular que tinha caído no chão e virei as costas pra ir embora, mas ela veio atrás.
Gabrielly: espera aí caramba, tá de madrugada ainda.
- idai?
Gabrielly: até você chegar em casa vai ser perigoso Felipe. Se acontecer qualquer coisa com você a primeira pessoa que seu pai vai vim atrás vai ser eu, e eu não tô nem um pouco afim de conhecer ele nessas circunstâncias - puxou meu braço - dorme aqui cara.
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Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)
Ficção AdolescenteAté onde você iria para esconder o seu maior segredo da pessoa que você mais ama? Talvez criar outra vida seja uma boa opção. Afinal, você teria outra personalidade, outros princípios, outros valores e ninguém poderia te julgar por isso. Mas e se e...