Capítulo 53

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Dois dias depois...

Mateus narrando

Eu definitivamente odeio hospital. Apesar de tá bem ciente que esse lugar salva e salvou a vida de muitas pessoas, inclusive a minha, a da Laura e a da Bela, eu odeio estar aqui 24 horas por dia sem ter ideia de quando vou poder voltar pra casa com as minhas garotas.

- não faz isso cara - falei tentando trocar a fralda da criança que não tinha nem uma semana de vida e já mijava em tudo - tem que fazer essas graça toda hora? Sério mermo? - encarei ela e ela nem aí - brincadeira viu.

Esses dias eu aprendi muito bagulho sobre como cuidar de criança, e namoral, é uma mistura muito louca de felicidade com um cansaço absurdo. A Bela conseguia me esgotar muito mais que qualquer malandro em favela, a mina é braba quanto se trata de atenção. É hora pra mamar, hora pra tomar banho, todo minuto é uma fralda, só quer ficar no colo. Canseira braba viu.

- pronto papai, agora tô sequinha e não vou ficar resmungando no teu ouvido mais - sorri pra ela e já ia pegar no colo de novo, mas aproveitei que ela tava quietinha e catei o celular pra tirar uma foto.

Só que como a felicidade de um pai sozinho dura pouco, a benção começou a chorar e eu peguei ela no colo pra tentar fazer ela dormir. Inclusive a única maneira que deu certo até agora foi andar com ela de um lado pro outro no quarto ou ficar sentado na cadeira de balanço que tinha no canto. Eu sempre preferia a segunda opção porque dava pra ficar fitando a Laura dormindo enquanto isso.

Falando nela faz dois dias que a dona tá apagadassa. Os médicos deram ideia de que é normal e temos que esperar o tempo dela querer acordar, mas confesso que essa parada tá angustiante. A doação do montanha felizmente deu certo e a Laura já recebeu a medula, então agora é só esperar mermo.

- não sei quem vai ficar mais feliz quando ela acordar, eu, tu ou a sua mãe em te ver - falei balançando com a Bela no colo - ela vai ficar doida em saber que cê é menina sabia? E eu espero que ela curte o nome também, porque agora não tem mais volta.

Os olhinhos dela foram fechando lentamente e eu resolvi calar a boca.

A Carla todo dia descia pra cá e trocava de lugar comigo, isso fortalecia demais porque tem certas paradas que eu não fazia porque não levava jeito nenhum pra coisa, como dar banho e cuidar do umbigo, então eu cuidava do jeito que eu conseguia e ela dava a moral nas outras parte. Daqui a pouco mesmo era a hora dela chegar e eu ia aproveitar pra ir no cartório registrar a Bela.

Levantei bem devagar, quase em câmera lenta e coloquei minha cria no berço. Agora sim eu aproveitei que o sono tava daora e tirei uma foto pra guardar, já que eu não podia postar em lugar nenhum porque seria uma puta falta de respeito com a Laura que nem conheceu a filha ainda.

- é uma gata mermo né? Malou na roupinha rosa que a tua madrinha trouxe - falei baixo e sorrindo

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- é uma gata mermo né? Malou na roupinha rosa que a tua madrinha trouxe - falei baixo e sorrindo.

Eu tô ciente que devo tá fazendo um monte de bagulho errado, mas juro que tô me esforçando pra caralho, tanto por ela quando pra Laura. As enfermeiras dava uma força da porra também, mas certas paradas como dar banho na Laura era eu que dava pra preservar a intimidade dela, então eu ficava sugado pra caralho. Não é reclamando, jamais, mas eu nunca me imaginei cuidando de um bebê recém nascido e prematuro praticamente sozinho, se pá essa é uma das missões mais difíceis que já fiz até hoje, porque aqui não tem espaço pra erros.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora