Cap 10 - Apresentação Andressa

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Andressa - 23 anos

Morro do Vidigal - RJDomingo - 1:02 am

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Morro do Vidigal - RJ
Domingo - 1:02 am

Mateus narrando

Estou tão exausto e estressado que tô quase explodindo, namoral.

Desde que eu vim para o rio não durmo direito, primeiro foram as merdas do Catatau que eu tive resolver. O cara arruma briga com Deus e o mundo e no final sobra pra mim, mas beleza, sou pago pra isso. Mas a questão mais fudida é que dessa vez a minha dor de cabeça foi pessoal, a Laís me arregaçou com toda essa história e eu tô pilhado o tempo todo. E pra ajudar mais ainda eu tô sempre acordando de madrugada pra fazer algum bagulho ou por insônia mesmo, então não dá pra descansar.

Já era uma hora da matina e eu tava arrumando minhas coisas para meter o pé pra BH. Que saudade que eu tô da minha casa.

Dobrei os trajes tudo em cima da cama e comecei a enrolar alguns fios do notebook, quando do nada alguém entrou no quarto.

Gavião: já tá vazando irmão?

- daqui a pouco - olhei pra ele que tava com o fuzil atravessado nas costas - trouxe a mulher pra casa?

Gavião: é claro, tive que arrumar alguém pra ocupar o teu lugar.

- mas a grande dúvida é... quem vai meter em quem? - ele fechou a cara e eu ri.

Gavião: nós dois em você gostoso.

- me livra dessa porra.

Gavião: qual foi? Vai dizer que não curte um carinho diferenciado? - me olhou de lado e deu um sorriso sacana - Ou só o carinho da Laís que serve? - dessa vez eu que olhei pra ele bolado.

- gavião vaza daqui, filhote de gambá - empurrei ele pra fora - vai tomar banho seu imundo.

Gavião: ihhhh olha os papo torto aí, tá falando que eu não tomo banho?

- tô, tá cheio de barro e fedendo ainda, vai logo.

Gavião: tu brinca demais arrombado. Fica aí nessas ideia de tirar bandido de fedorento que a minha mulher vai cuspir bala em você vacilão - saiu do quarto bolado e eu comecei a ri.

- LAVA O SACO DIREITO EM.

Gavião: EU LAVO E TU VEM CHEIRAR FILHO DA PUTA - bateu a porta do banheiro e eu ri mais ainda.

Vou sentir saudades desse otário.

Direto eu desço para o rio, mas nem sempre é para o vidigal, então eu custo a ver o gavião. Papo reto que eu queria muito era levar ele para BH comigo, mas tô ligado que iria dar merda e ele não iria de jeito nenhum porque o cara ama esse lugar e sempre jogou na roda que nasceu aqui e vai morrer aqui também, então acho melhor não mexer com isso. Mas é foda ir embora e ver o tanto que ele fica mal. Quando eu chego ele se solta pra caralho, fica mais de boa, mais tranquilo e brincalhão. Aí eu meto o pé e os muleque saí falando que ele vira o próprio demônio. Tô ciente que esse é o jeito dele lidar com os próprios sentimentos, sei que ele sente falta de uma companhia, uma família, uma conversa sincera, e como eu sou o único que oferece isso pra ele, é só eu ir embora que o cara fica mal e se transforma.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora