Capítulo 37

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Mateus narrando

Acordei com uma dor fudida na perna e catei o remédio que a Laura deixou no criado pra mim. Não sei o que pegou nessa porra, mas minha perna ficou muito estranha depois do tiroteio no morro do papagaio, parece que acertou um nervo importante e agora tudo que eu faço dói pra caralho.

Laura: levar tiro dói tanto assim? Toda hora escuto você gemendo - perguntou rindo e com a voz sonolenta.

- quer que eu te dou um pra saber? - senti um olhar de raiva em mim, mas nem liguei.

Tô sem paciência pra pergunta idiota.

Laura: experimenta, aí como eu não sei atirar, eu uso uma faca pra me vingar e corto o seu pau pra você descobrir qual parte dói mais - fui obrigado a rir.

- tu fica cheia das graças com ele né? Nem parece que gosta.

Laura: uai, só respondi no mesmo humor azedo que você perguntou - sentou na cama toda descabelada e eu encarei ela.

As vezes eu olho pra Laura e fico viajando no tanto que amor e paixão são bagulhos diferentes. Paixão tu vive o momento e sente mó parada boa, mas amor é um parada tão sinistra mané. A mina pode tá descabelada, babando, de cabeça pra baixo e os caralho que tu ainda vai achar ela a doida mais linda do mundo.

- bom dia dona encrenca.

Laura: bom dia saco furado - comecei a rir de novo e ela levantou - quer que eu troco o curativo ou o neném consegue fazer sozinho?

- eu consigo, otária.

Fomos juntos pro banheiro e antes de entrar eu dei um empurrão de leve nela que a dona foi parar do outro lado do banheiro, me fazendo ri mais ainda.

Laura: você é idiota por acaso?

- lógico, se não for eu pra fazer essa parada ser equilibrada e ideal, quem vai ser?

Laura: que parada? - me encarou confusa.

- amor e ódio tem que andar junto fia, equilíbrio é tudo - ela começou a rir e me ignorou pegando a escova e a pasta - ou, tu não sabe da boa.

Laura: qual é?

- sobre o gavião.

Laura: lá vem, conta - riu e escorou na bancada pra me ouvir.

Por isso que eu gosto de fofocar com a Laura, vocês se ligaram no interesse? Na curiosidade? Na confiança envolvida? É disso que o pai gosta pô. 

Comecei a rir por conta dos meus pensamentos e ela fez uma cara de confusa.

- papo reto mano, o que cê fez comigo? - peguei minha escova também.

Laura: am?

- tô mó fofoqueiro, nunca fui desses e agora tô aqui tricotando contigo na maior naturalidade.

Laura: ata, depois de esquentar a orelha do morro inteiro você vim com peso na consciência pra cima de mim? - riu enxaguando a boca - se orienta menino, fala o negócio logo.

- tá cheia de gíria na boca em fav...

Laura: FALA LOGO CARAMBA.

Curiosa nível máximo.

- cê tá ligada que o gavião tá envolvido com a Sabrina né? - liguei o chuveiro e entrei.

Laura: a mãe do filho dele?

- essa mesmo, os dois tá no maior love. Os cara lá do morro nem tá reconhecendo o homem mais, papo de ficar agarrado nos bailão e tudo.

Laura: que bom, ele merece.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora