Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)

Capítulo 48

Belo horizonte - MG
Terça feira - 8:25am

Duas semana depois...

Laura narrando

Duas semanas se passaram e parece que o tempo congelou pra mim de forma muito angustiante, principalmente quando eu tentava me forçar a ficar bem pela vida que eu gerava e percebia que estava falhando drasticamente.

Dra. Helena: certo, vamos ver como esse baby está... - disse passando aquele gel super gelado na minha barriga e sem querer eu apertei a mão do Mateus - você já sabe de quanto tempo está?

- pelos enjôos e os sintomas, acho que estou indo para os dois meses - ela sorriu.

Dra. Helena: vamos ver então... - se concentrou novamente e começou a fazer algumas medições no saco gestacional e em outras partes - nada disso mocinha, temos aqui um lindo bebê de 12 semanas.

Mateus: resume pra nós doutora - a médica riu.

Dra. Helena: ela está completando três meses e encaminhando para o segundo trimestre - encarei o Mateus na mesma hora e ele sorriu - ou seja, falta pouco para entrar no quarto mês.

- tá falando sério? Já? Mas eu pensei que... - encarei o monitor de novo e depois joguei a cabeça para trás - aí meu Deus, eu fiz as contas todas erradas.

Dra. Helena: não se preocupa com isso, o bebê está se desenvolvendo muito bem e vai ser bem grandinho por sinal.

Mateus: e já dá pra confirmar que é menina? - perguntou empolgado.

Dra. Helena: daria sim, mas aqui temos uma garota, ou garoto bem teimoso - sorriu de novo e encarou ele - você está pressentindo que vai ser menina?

Mateus: não, eu já tô ligado que vai.

- como cisma - sorri também - mas se for eu tô bem, o Felipe puxou você e ela vai me puxar.

Mateus: é, aí fudeu - mais uma vez todos riram e a médica olhou pra ele na mesma hora - foi mal.

Dra. Helena: sem problemas, Laura pode levantar e se trocar por favor.

- antes nós podemos ouvir o coração dele? - perguntei com receio porque eu não sei se estava preparada para isso, mas eu queria muito.

Dra. Helena: nossa, claro, me desculpem - ela sentou na mesma hora, colocou o aparelho na minha barriga de novo e ligou, fazendo o som alto e desesperado ecoar pela sala.

Confesso que tive que fechar os olhos e me agarrar no sentimento novo que eu e meu filho estávamos construindo juntos, mas foi inevitável não lembrar do som do último coraçãozinho que batia assim dentro de mim. Era muito estranho sentir saudade de alguém que eu nem mesmo pude tocar.

Mateus: tô aqui contigo jae? - ouvi sua voz sussurrado no meu ouvido enquanto ele limpava a lágrima que eu nem senti que estava caindo - eu também lembro dele e sinto saudades quando escuto isso, mas lembra que não é o mesmo coraçãozinho linda.

- eu sei - sussurei de volta e apertei a sua mão na busca de algum conforto.

Era difícil, talvez porque eu não me dei o tempo de viver o luto do meu filho e os sentimentos estão bem confusos, mas o Mateus tá certo, eu preciso separar esse sentimento antes que seja tarde demais.

Dra. Helena: Laura, agora você pode trocar de roupa meu bem.

Assenti levantando e limpando o rosto completamente molhando e vermelho.

Mateus: vou lá contigo.

- não precisa, eu dou conta - desci da maca pela pequena escada e fui em direção ao banheiro.