Capítulo 51

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Aeroporto Rio de Janeiro
Domingo - 18:48pm

Mateus narrando

Passei no banheiro pra trocar o curativo já que a enfermeira fez o bagulho igual o cu dela e a maioria dos pontos soltaram. A merda da mulher ficou com dó e fez o trem todo cagado.

Tô vendo que eu mesmo vou ter que costurar essa porra.

Eu já tinha chegado no rio à umas meia hora, mas o corno do gavião tava atrasado. Combinamos de encontrar no aeroporto mesmo porque daqui eu já volto pra casa. O foda é que segurança vê favelado e fica igual urubu, já avistei uns cinco que não para de me olhar. Espero que aquele animal não traga arma, porque se der qualquer merda eu falo que fui sequestrado e ele se fode sozinho.

Não ando com a minha não é atoa.

Troquei o curativo e voltei pra sala de espera com o ombro ardendo pra caralho. Não demorou pro idiota chegar e sentar de frente pra mim.

Gavião: iae parça, tranquilidade? - fez o toque comigo.

- não, tô com o ombro fudido, doido pra voltar pra casa e você me atrasando.

Gavião: foi mal, eu tava saindo do morro e o bazuca me pediu pra fazer um bagulho na pista, tive que ir lá rapidão. O que tu arrumou no braço?

- o desgraçado do vapor do gancho atirou em mim.

Gavião: deixa de ser fresco, não acostumou com tiro até hoje? - riu debochado.

- a porra dos pontos soltou tudo, o bagulho tá feião - fiz cara de dor porque realmente tava doendo.

Gavião: pode crê, essa porra dói pra caralho... - me olhou desconfiado - mas perai, fiquei sabendo que o morro do cara foi tomado, tu tava no meio?

- grita mais um pouco porque cê tá falando baixo demais - fechei a cara pra ele - tava, mas fui no sigilo.

Gavião: caralho, nasci pra te ver em uma invasão - riu animado como se fosse a coisa mais legal do mundo - mas oque te deu pra brotar lá?

- negociei pra salvar o coro da Andressa - ele me olhou confuso e eu comecei a explicar o que aconteceu. Aproveitei até pra falar o lance com a Laura.

Gavião: puta que pariu, sua vida tá pior que a minha parceiro - riu - que monte de caô que tu se meteu mano.

- valeu por me lembrar - ri irônico - mas namoral, não vim aqui pra fofocar da minha vida contigo. Solta o verbo pra mim meter o pé logo.

Gavião: mas o papo tá daora - fiquei serinho e ele riu - beleza, papo reto agora... Fiquei sabendo de um corre brabo pra tu tirar a Laís do teu pé.

Opa, fiquei mil vezes mais interessado no assunto.

- fala logo.

Gavião: tu tá ligado que desde aquela confusão na pista o catatau tá preso no vidigal né? Se o cara botar o pesinho pra fora os cana pega ele.

- tô.

O idiota é dono do morro e mesmo assim resolveu ir fazer cobrança de usuário, aí o filha da puta do cara chamou a polícia e o catatau teve que dar fuga. Desde então tá sendo procurado.

Gavião: pois é, tá rolando um processo brabo aí. Envolveram o vulgo dele em uma porrada de corre torto, os cara não tem prova de nada, mas estão quente atrás dele.

- pode crê, mas desde quando sou advogado?

Gavião: esperar eu terminar de falar caralho - cruzei os braços e ele continuou - ele tá pagando uma bolada boa pra limpar o nome dele e levar a cabeça do bota pra ele. Aí eu pensei que tu podia negociar isso em troca de poder devolver a Laís pra ele sem caô.

Duas Vidas - 1 e 2 Parte (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora