Henrique.
Eu me perguntei incontáveis vezes se realmente faria aquilo. Não que eu tivesse orgulho suficiente a ponto de me impedir de mencionar a minha mãe uma insegurança como aquela. O problema estava em mencionar o encontro e, consequentemente, fazer com que ela colocasse expectativas em cima daquilo. Eu não saberia lidar com a minha própria frustração se algo não saísse como planejado. No entanto, lá estava eu, com apenas a cabeça sobre o batente da porta, enquanto tentava avistar minha mãe.
— Mãe? — o tom de incerteza ficou explícito no momento em que observei minha mãe com as sobrancelhas franzidas. Dona Maria retribuiu o olhar com um sorriso que dizia que ela sabia exatamente que algo estava fora do lugar.
— O que foi, Rique?
Ela estava de costas a porta, mexendo em algo sobre o colchão, o qual eu não conseguia avistar. Talvez, para ela, aquela conversa não fosse passar de algo relativamente simples, por isso que não fez questão alguma de me dar atenção naquele momento.
— Eu preciso de ajuda com uma coisa. — acrescentei, esperançoso de que aquilo fosse motivo suficiente para fazê-la me olhar - tentativa aquela que não teve sucesso.
— Eu 'tô' terminando aqui, já...
— Mãe, é sério. — insisti. — Eu meio que preciso sair de casa. Já 'tô' meio em cima da hora.
— E ir aonde, por acaso, Ricelly Henrique?
Maria levou a mão na cintura ao me encarar. Ela não parecia necessariamente brava, talvez apenas frustrada por ter que deixar de lado o que fazia para me dar atenção.
Eu me questionei então em como abordar o assunto. Não que eu não tivesse mencionado Gabrieli outras vezes ao longo daquelas semanas, mas em todas as vezes fiz de forma breve, sem entrar em detalhes. No entanto, ali estava eu, prestes a falar sobre Gabrieli porque eu não sabia a quem mais recorrer.
— Então... sabe aquela garota? — questionei, com esperanças de que ela percebesse de primeira.
— Qual?
— Mãe... — murmurei, começando a me sentir frustrado. — Eu não estive com qualquer outra garota nas últimas semanas.
— Foi uma brincadeira, Ri, não se doa por isso. — ela me atingiu com a peça de roupas que tinha em mãos e eu apenas sorri para não tornar o momento desconfortável. — Chega de drama, desembucha logo.
— Eu meio que vou em um encontro com ela hoje... — o rosto da minha mãe se acendeu com a menção ao evento, enquanto eu ainda torcia para que ela não colocasse expectativas demais em algo tão incerto.
— E...?
— Então...
Adentrei seu quarto, erguendo os braços para que ela conseguisse ver com maior atenção minhas roupas; eu usava uma camisa que, embora não exatamente social, era um item um pouco menos casual do que uma simples camiseta, e uma bermuda que parecia suficiente junto da camisa.
— Isso é bom suficiente 'pra' um museu? — perguntei aquilo que vinha assombrando minha cabeça a manhã inteira. Minha mãe torceu a cabeça, como se tivesse dúvida. — O que as pessoas usam 'pra' ir em um museu, em primeiro lugar?
— Vocês vão em um museu? — ela questionou, com estranheza.
— É, eu sei. Mas era a vez da Gabi escolher o programa e aparentemente é o tipo de coisa que ela curte. — minha mãe assentiu, mas não parecia cem por cento convencida. — A gente vai dar uma volta na praça. Ir no museu, talvez em algum outro lugar lá perto...
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(Im)perfeitos | Ricelly Henrique
Lãng mạnUm romance de conto de fadas não era nada do que Gabrieli esperava. Príncipes estavam para ela tanto quanto sapatos de cristais e carruagens que se transformam em abóboras: meros conceitos de filmes da Disney. Ironicamente, foi exatamente o que ela...