‧₊˚ treze.

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Henrique.

Aquelas duas semanas renderam a mim alguns dos piores dias da minha vida.

Meu irmão me dizia incansavelmente que término nenhum deveria me fazer agir daquela forma, quase como se eu tivesse perdido vontade de viver, como se não houvesse motivação para que levantasse da cama todas as manhãs; mas era exatamente aquilo. Sem Gabrieli na minha vida, nada mais parecia ter sentido e eu estava cansado das pessoas dizerem para mim que a forma como eu agia era puramente drama.

Por mais que nós estivéssemos distantes, uma coisa era conversar com ela praticamente todos os dias e poder contar a minha namorada coisas pequenas, que para outras pessoas poderiam parecer irrelevantes, mas que, para mim, significavam muito; outro era não ter uma pessoa com quem compartilhar tudo aquilo, dom quem dividir detalhes pequenos e desabafos que mais ninguém conseguiria entender.

Eu sentia falta nas nossas ligações todas as noites, de todas as brigas porque eu havia decidido ficar no camarim até mais tarde e Gabrieli não concordava com aquilo... se eu soubesse o quanto tudo aquilo me faria falta, o quanto eu torceria para voltar a ver qualquer resquício de ciúmes em Gabrieli, então mudaria pensado duas vezes antes de agir daquela forma 一 mas era um pouco tarde demais

Ao invés de voltar ao hotel logo após o shows para ligar ela, eu comecei a agir de forma ainda mais imprudente, descontando todas as minhas frustrações do álcool, convencido de que beijar outras bocas seria suficiente para fazer esquecer da minha 一 ex? 一 namorada.

Aquele era outro ponto que Junim não entendia e fazia a questão de me lembrar daquilo todas as noites; de acordo com ele, o momento em que eu estava com Gabrieli não me dava liberdade de agir daquela forma, ainda que eu insistisse em dizer que aquilo era sim um término e que era ele estava enganado se ele pensava que não.

Nossas discussões estavam no levando a um distanciamento e, por mais que aquela ideia não me deixasse confortável, eu era orgulhoso demais para dar o braço a torcer e admitir que talvez ele tivesse razão; eu só estava tão cansado de sentir falta dela o tempo inteiro que eu achava que aquele tipo de atitude faria com que ela desaparecia dos meus pensamentos 一 é claro, eu estava completamente errado, mas não conseguia olhar para a situação e admitir.

A cada vez que eu me deitava com outra mulher, ou que outra vez extrapolava o limite da bebida dentro daquele ambiente abafado, cercado por música alta, eu tentava me convencer de que era exatamente o que eu queria; mas a única pessoa que me via mente era ela. Já havia acontecido, mais de uma vez, de eu chamar o nome dela na cama enquanto estava com outras mulheres e ainda que tudo aquilo devesse me passar um sinal, eu me recusava acreditar.

Eu raramente estava sóbrio para pensar sobre os meus próprios sentimentos de forma racional; eu evitava a qualquer custo me alongar muito no assunto e tentava concentrar toda a minha atenção, quando fora dos palcos, e fora daquele ambiente lotado, a minha carreira, mas a desaprovação de Junim sobre as minhas atitudes era uma barreira.

Aquela semana havia se discorrido daquela maneira; com Junim me evitando a todo custo, o que significava ficar sem falar comigo dentro da nossa própria casa, mas lembrando de mim durante o final de semana apenas para apontar o dedo da minha cara e julgar as minhas atitudes.

Após uma breve discussão na noite anterior, em um momento em que eu estava alcoolizado e prestes a deixar o camarim em direção ao hotel com uma mulher, nós estávamos sem nos falar — outra vez. Talvez, se eu fosse um pouco mais racional, eu deixaria de agir daquele jeito e assumiria que eu estava errado, mas eu simplesmente estava envolvido demais com a situação para admitir os meus próprios erros.

(Im)perfeitos | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora