‧₊˚ três.

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Gabrieli.

Aquele foi o cúmulo da breguice. — Foi o comentário que eu me limitei a fazer antes de levar o copo de bebida à boca.

As reações foram instantâneas; Natália deixou os braços caírem ao lado do corpo em um gosto dramático e Priscila, que também bebericava uma cerveja, franziu o cenho. Matheus, de costas para nós, apenas observou por cima do ombro, com descrença.

— Você é uma pessoa amargurada. — Natália resmungou. Eu repeti o gesto de Priscila, franzindo o cenho, sem saber onde Nat pretendia chegar. — É, você é sim. Caralho, a porra do cantor, Gabrieli, te dedicou uma música e você vem dizer que é brega? Qual o seu problema?

— Eu não tenho nenhum, contanto que ele não venha falar comigo. Amiga, no fundo eu sei que toda aquela ceninha foi só pra tentar me comer. — Justifiquei, encolhendo os ombros.

— Bem, isso é verdade. — Todas voltamos a atenção para Matheus quando, pela primeira vez, ele se dispôs a entrar na conversa.

Matheus! — Priscila o repreendeu.

Mas, não significa que você não deveria dar uma chance pra ele. Vai que ele te chama pra um encontro?

— Matheus, você tava do meu lado... — Choraminguei.

— Eu sei, Gabi, mas quando eu estou errado eu preciso voltar atrás e admitir. — Murmurou, na tentativa de se justificar. — E, sim, aquela foi uma forma fácil de chegar até em você, mas se ele te convidar pra um encontro... às vezes é sinal de que ele está mais interessado do que você pensa. O que te faz pensar que ele não é uma boa pessoa? Que as intenções dele não são verdadeiras?

— Você sabe que a prima da sua namorada já saiu com ele, certo? — Indaguei, com esperança de desarmar Matheus.

— Escuta o que ele tem a dizer antes de tirar conclusões. — Ele insistiu. — Vai, dá essa chance pra ele.

— Que é isso, cê virou o advogado particular dele agora? — A menção ao título fez Matheus rir, mas eu não levei aquilo como brincadeira. — Aliás, o que faz vocês pensarem que ele vai vir atrás de mim? Ele pode não estar interessado.

— O show acabou faz uns... dez minutos. — Natália resgatou na memória. — Dá um tempo. Às vezes ele só foi tomar uma água.

— Ah, eu tô calma, são vocês que estão surtando.

O gole seguinte na bebida não foi exatamente discreto, mas eu não poderia me importar menos. Deixei o copo sobre a bancada do bar ao terminar de virar o conteúdo e três pares de olhos curiosos acompanharam meus movimentos.

Você não vai embora! — Priscila gralhou após perceber minhas intenções.

— Já deu. — Constatei, gesticulando. — Eu tô cansada, gente. Acordei cedo hoje...

— E isso lá é justificativa? Todo mundo aqui também! — Natália disse, em sua tentativa de intervir.

— Bom, mas vocês têm almas jovens e não se importam de ficar fora até tarde. Eu só quero um bom banho e a minha cama.

Deslizei para fora da banqueta, apertando a alça da bolsa contra a palma da mão. Natália e Priscila, se estavam insatisfeitas, foram vencidas pelo cansaço, porque não fizeram menção alguma a um resmungo sequer.

— Você vai embora a pé? — Matheus foi quem quebrou o silêncio e, percebendo suas intenções, enfatizei:

— Não, né, Má? Eu vou pegar um táxi.

(Im)perfeitos | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora