Gabrieli.
Dizer que o show foi bom talvez seja redundante. Eu não acredito que, mesmo que eles se esforçassem, conseguiriam entregar um show que não fosse ótimo. No entanto, foram claras as diferenças ao show anterior; Henrique estava mais duro no palco, quase como se tivesse receio de ser observado por tantas pessoas. Me questionei em algum momento se eu poderia ter interpretado Henrique de forma equívoca por todo aquele tempo, mas não. Aquele não era o mesmo Henrique que havia conhecido duas semanas antes.
Muito próxima do palco, no limite que a grade proporcionava, eu conseguia distinguir muito bem as expressões de Henrique. Talvez fosse cedo pensar que eu consiga ler a cada uma delas com exatidão, mas Henrique havia me mostrado o suficiente de si mesmo que eu soubesse interpretar. E ele não parecia exatamente confortável.
A todo momento, seu olhar me procurava em meio a multidão. No entanto, ele não precisava de esforço algum para me encontrar. Henrique havia cravado com exatidão o meu lugar na plateia e fazia questão de me observar em momentos específicos de cada música - em especial 'Cigana', a qual Henrique fez questão de dedicar a alguém especial na plateia. No entanto, manteve meu nome em silêncio, embora tenha me dirigido um sorriso tendencioso em algum momento.
Se aproximava das onze da noite quando o show se deu por encerrado e a multidão começou a se dispersar. Tive que esperar que as pessoas se afastassem devido ao excesso de pessoas no entorno, mas aquele momento me rendeu a oportunidade de ouvir o nome de Henrique e do irmão serem mencionados incontáveis vezes, todos sob uma perspectiva positiva do show. E, naquele instante, me flagrei sorrindo de forma involuntária.
— Bi! — a menção ao meu apelido me fez esticar a cabeça por cima da pequena aglomeração. Encontrei meus pais parados próximo a um coqueiro, esperando por mim.
Observei o entorno do palco apenas para ter certeza que Henrique ainda não me esperava e, com essa confirmação, caminhei ao encontro dos dois. E, para minha surpresa, de Pedro, que aguardava em conjunto.
— Oi! — respondi, ao me aproximar o suficiente.
— Achei que a gente fosse se encontrar aqui. — minha mãe resmungou.
Eu não havia mencionado a ela que conhecia Henrique. Enquanto meu pai era o lado divertido e descontraído da relação, minha mãe era um pouco mais cética, especialmente no que dizia respeito à segurança. E, é claro, se encontrar com um desconhecido - ou praticamente um desconhecido - para cervejas após um show não era exatamente sinônimo de segurança. Não para ninguém, muito menos para ela.
— Eu quis ficar perto do palco. — murmurei a primeira desculpa que me surgiu a cabeça. O sorriso excêntrico de meu pai era uma forma de me dizer que minha desculpa havia sido péssima. Eu jamais iria convencer minha mãe daquele jeito.
— Desde quando?
— Desde quando o que? — perguntei a ela.
— Você é esse tipo de pessoa.
— Ah! — exclamei, forçando um sorriso. — Eu não sou, mas... eu curto o som deles.
Meu pai assentiu, dando ênfase as minhas palavras, no entanto, tudo que aquele gesto ocasionou foi questionamentos da minha mãe. Seu olhar seguiu dele até mim em uma breve fração de segundo e ela manteve a sobrancelha arqueada, enquanto analisava nossas expressões - com um olhar tão profundo que me fazia sentir mal por mentir para ela.
— Você nunca foi dessas, Bi. — minha mãe insistiu, escolhendo questionar de forma pacífica a apenas insistir que havia algo de errado. — Desde quando você sequer conhece esse caras?
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(Im)perfeitos | Ricelly Henrique
عاطفيةUm romance de conto de fadas não era nada do que Gabrieli esperava. Príncipes estavam para ela tanto quanto sapatos de cristais e carruagens que se transformam em abóboras: meros conceitos de filmes da Disney. Ironicamente, foi exatamente o que ela...