Henrique.
— 'Nim'! — frustrado, vi a porta se fechar logo sobre meu rosto. Dei algumas batidas leves contra a madeira, mas, é claro, não surtiu efeito. Jurei ouvir uma risada contida de dentro do banheiro, mas não me atentei o suficiente para distinguir com exatidão. — Ô caralho! Você me viu vindo 'pro' banheiro e entrou na minha frente de propósito!
— Desculpa! — seu pedido surgiu acompanhado de outra risada baixa. É claro que Junim não tinha a intenção de se desculpar, mas resolveu se isentar de culpa para evitar uma discussão.
— 'Tá' com pressa de ir aonde?
A pergunta veio de Mohana. Vasculhei o ambiente até encontrá-la; apoiada sobre o batente da porta com um sorriso não necessariamente presunçoso, mas carregado de malícia — o que me dizia que ela sabia onde eu iria, mas queria me ouvir dizer. É claro, ela adorava me torturar, assim como o meu irmão — possivelmente fruto de alguma piada interna entre eles.
— Qual é, Moh? Seu namorado ainda não te contou?
— Eu quero ouvir de você.
Ri fraco diante do entusiasmo da minha cunhada. Enquanto Mohana seguiu com o olhar atento sobre mim, me apoiei contra a parede e confessei:
— A Gabi me chamou 'pra' sair com uns amigos dela.
— Tipo um encontro duplo?
— Por aí. — conclui, me estendendo aos detalhes em seguida: — A gente vai em um pesqueiro aqui perto e vai ser a primeira vez que eu saio com os amigos dela, então...
— Você 'tá' nervoso. — ela concluiu, sem esforço. Contraindo os lábios, enquanto mantinha meus braços cruzados, assenti, sem me atentar a Mohana. — É bonitinho ver você nervoso.
— Moh... — olhando diretamente a ela, supliquei: — Não começa a tirar uma com a minha cara, por favor.
— Mas o que eu falei demais? — neguei prontamente e, tocando meu braço, Mohana insistiu: — É bonitinho mesmo. 'Cê' sempre teve essa pinta de mulherengo e 'tá' amarrado 'pra' cacete agora. Não é o tipo de coisa que eu esperava ver tão cedo.
— Eu só precisava encontrar a mulher certa.
Eu percebi que Mohana desviou o rosto de uma forma estranha e evitou me olhar naqueles segundos sucedentes. Eu franzi o cenho, estranhando sua reação, até reconhecer um barulho baixo.
— 'Cê' 'tá' rindo? — questionei, incrédulo.
— Desculpa! — Mohana deixou o riso de canto, mas não conseguiu disfarçar — Eu te disse, é engraçado te ver assim. Mas eu não 'tô' diminuindo o seus sentimentos, 'tá'?
— Sei. — não me convenci, mas não me alonguei no assunto. Eu estava há pouco de me atrasar e eu não ficaria feliz de perder o horário por culpa de uma gracinha. — Agora, me faz um favor e manda seu namorado sair do banheiro logo. Eu vou me atrasar e eu não vou ficar feliz, 'tá' ouvindo, Junim?
A porta se abriu poucos instantes após. Junim me encarou, nitidamente achando as circunstâncias engraçadas. Eu fechei o rosto, relutante em dirigir um palavrão explicitamente, o que deu aberta para Junim retrucasse:
— Que nervosismo do caralho. Se você 'tá' com pressa, viesse se arrumar antes. Descobriu agora que 'tá' saindo?
Junim passou por nós, deixando o banheiro. Mohana me observou com uma expressão ainda divertida, mas conteve a vontade de rir. Dei um primeiro passo adentrando o banheiro, mas então me lembrei de perguntar:
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(Im)perfeitos | Ricelly Henrique
RomanceUm romance de conto de fadas não era nada do que Gabrieli esperava. Príncipes estavam para ela tanto quanto sapatos de cristais e carruagens que se transformam em abóboras: meros conceitos de filmes da Disney. Ironicamente, foi exatamente o que ela...