‧₊˚ dezessete.

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Gabrieli.

— Na verdade eu pretendia viajar na semana que vem. — Meu nervosismo era compartilhado e eu pude sentir quando Henrique firmou o toque envolto aos meus dedos.

Talvez aquela não devesse ser a minha principal preocupação, mas, por um momento, me perguntei o que eu faria se eu ouvisse uma resposta que não fosse do meu agrado. Possivelmente sorrir e acenar.

— Uma viagem longa? — Adriana indagou. Ela não me parecia contente, e aquele era o primeiro indicativo de que as coisas talvez não estivessem sob o meu controle. Eu começava a me sentir impotente.

— Seria uma viagem para o Tocantins. É uma hora de voo, normalmente é bem tranquilo, mas... bem, eu não sei.

Adriana balançou a cabeça, confirmando que estava a par da ideia. Mas, quando o seu silêncio se estendeu a mim, eu comecei a me sentir em dúvida. Silêncio nunca era um bom indício.

— Olha, Gabi, eu sei que talvez seja difícil de ouvir, mas essa não é uma boa ideia. Seria melhor que você ficasse em casa, em repouso enquanto você conseguir. — Adriana prontamente discordou. Com um sorriso triste, eu assenti. — Como o colo do seu útero está diminuindo, os riscos de um parto prematuro aumentaram. Qualquer viagem a essa altura seria um risco.

Parto prematuro? — Henrique repetiu, descrente. Certamente era a única ideia de toda a conversa que ele conseguiu se atentar.

A ideia nos assombrava desde o início da gestação, mas Adriana foi tão confiante em muitos momentos que nós, em certo ponto, nos desprendemos um pouco daquele receio. Por muito tempo, não soou como um problema. Mas o semblante de seriedade e a maneira sóbria com que ela conduzia a situação era um indicativo de que as coisas não estavam caminhando calmas, não outra vez.

— É, eu sei que isso assusta, mas infelizmente é uma possibilidade real, e a gente precisa trabalhar a ideia até para que vocês saibam como agir.

— Eu estou de vinte e oito semanas. — Lembrei com uma aflição terrível. Adriana assentiu, porque tinha consentimento. — Deveria ter pelo menos mais dez semanas de gestação.

— Sim, e é por isso que nós vamos fazer o possível para adiar essa possibilidade. Mas é importante que vocês saibam que essa possibilidade existe, para que vocês saibam como agir, caso isso aconteça. Se vocês ainda não terminaram se ajeitar as coisas para receber a Maria, eu creio que esse seria um bom momento.

Olhei para Henrique com horror. Ouvir que poderia acontecer no momento mais improvável me gerou uma sensação intensa de desconforto. Eu não me sentia preparada para dar a luz a um bebê.

— Quais são os ricos se o bebê nascer agora? — Henrique foi quem se encorajou a perguntar. Eu não tinha certeza se tinha interesse na resposta, mas me atentei a Adriana da mesma maneira.

— Bom, a essa altura o bebê ainda não está totalmente desenvolvido, então há a possibilidade quase certa de que, se vier a acontecer por agora, ele precise ficar por alguns dias na UTI. Mas, já não é mais tratado como um prematuro extremo, então as chances de sobrevivência são quase certas.

— E tem a chance de que ela tenha alguma sequela?

Direcionei um olhar não inteiramente bem-intencionado a Henrique. Ele se atentava a Adriana, sem receio aparente. Para ele, talvez ele estivesse questionando aquilo que precisava ser perguntado, mas eu estava odiando cada minuto daquela conversa.

— Isso é imprevisível, Henrique. — Adriana relaxou os ombros. Ela parecia quase tranquila, mesmo com o assunto gerando desconforto. Talvez fosse o tipo de situação corriqueira a ela, mas não a nós. — Os riscos são maiores em comparação a um bebê de trinta e sete semanas, por exemplo, o que seria um parto ideal, mas o que vai determinar isso é a evolução do bebê após o nascimento. Um bebê que, em teoria, se desenvolveu totalmente pode nascer com sequelas, e um bebê prematuro pode vir saudável. O que eu posso garantir é que vocês têm em mãos a melhor equipe de profissionais que vocês poderiam ter, extremamente capacitados. Vocês estão em boas mãos.

(Im)perfeitos | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora