‧₊˚ treze.

194 5 6
                                    

Henrique.

— Você parece nervoso — o comentário partiu de Junim, em um momento que eu julguei como oportuno, enquanto terminávamos de descer a curta escadaria do prédio.

Wander havia nos chamado naquela manhã para uma conversa informal. Havia alguns pontos em aberto a serem decididos antes que pudéssemos nos precipitar com qualquer lançamento do dvd e, embora nada tenha sido completamente acertado, aquela manhã havia sido perfeita para alinhar ideias e pensamentos entre nós e a equipe.

Conferi o relógio sobre o pulso ao percorrer o último degrau. 10h12min. Gabrieli havia me pedido para estar em casa próximo as onze. Ainda havia tempo de sobra.

Ô, doido! — meu irmão precisou chamar por mim uma segunda vez para ter minha atenção.

Prestes a acender um cigarro, observei de forma atenta por cima do ombro para me certificar de que não havia ninguém por perto. Ainda que não fosse algo para se envergonhar, era um assunto particular. Com exceção ao movimento na entrada do edifício, tudo soava pacífico.

— Cê sabe que a gente vai receber visita em casa esse final de semana, né?

Seus sogros — Junim murmurou com êxtase. Ele parecia conduzir a situação com um humor que eu não dispunha.

— Eles deixam de ser visita?

Levei um trago de cigarro à boca logo após a pergunta. Reclinando as costas sobre a lataria do próprio carro, Junim deu de ombros, demonstrando sua indiferença. Ele se manteve em silêncio por um momento, até que se encorajou a dizer:

— Você não está nervoso porque é visita. Você está nervoso porque são os seus sogros. E porque você engravidou a filha deles, o que eles ainda não sabem, mas vão ficar sabendo.

Torci a boca diante da menção. De fato, apesar de todo o empenho de Gabrieli para me tranquilizar ao longo daquela semana, eu ainda me sentia sobrecarregado. Eu não havia mencionado com ela durante aqueles últimos dias em particular porque eu sabia que seria andar em círculos; ela insistiria nos mesmos argumentos que já havia dito antes, e eu continuaria nervoso, nenhum pouco acalentado.

— Você acha que o pai dela vai ficar puto? — meu irmão sugeriu. Ergui as sobrancelhas, considerando como uma possibilidade.

Talvez — concordei, mas não inteiramente. Junim torceu o nariz, demonstrando impaciência, e eu conclui: — Ele sempre fez questão de deixar claro para mim que não acha que eu sou bom para a filha dele, então... eu não sei se eu quero saber o que ele pensa sobre o neto.

— Ah, véi... sei não — Junim discordou. Eu levei outro trago à boca, erguendo a sobrancelha para questioná-lo. — Uma criança no meio da história muda bastante o cenário, você não acha?

— Sim, mas eu não acho que seja para melhor. Além do óbvio, a gente tá morando em Goiânia, sem família, longe dos amigos dela... ele vai ficar apavorado, e com razão.

— Uai, eu vejo muito mais isso como razão para ele não querer qualquer tipo de intriga. Ele vai bater aqui de três em três meses contado, escreve aí — ri diante daquela menção, enquanto coçava o nariz. — E ele não vai querer criar um desconforto entre vocês na presença da Gabi.

— Minha dúvida não é essa, a questão é ele achar que isso tudo não é certo.

— E ele vai fazer o que, Henrique? Mandar a Gabi voltar para Palmas? — a sugestão de Junim me fez perceber que talvez minha postura estivesse um pouco equivocada — ou, no mínimo precipitada em excesso. — Parece que você não conhece sua namorada, fi.

(Im)perfeitos | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora