‧₊˚ vinte e cinco.

191 12 9
                                    

Gabrieli.

Toc toc!

O barulho foi suficiente para me despertar da espécie de estado de transe em que eu me encontrava. Ao ouvir um sussurro discreto ecoar por de trás da porta, sem muito esforço, deduzi quem poderia se tratar.

Não precisei pedir que ele entrasse para que ele se sentisse na liberdade de fazer. Quando a porta se abriu lentamente, o vi adentrar o quarto com uma bandeja em mãos. O rosto de Henrique se encontrava encoberto logo atrás de um vaso com girassóis, e um murmúrio de contentamento escapou pelos meus lábios com a visão. Ainda que eu não pudesse ver seus olhos, percebi que eles rapidamente se alertaram e vieram até mim, então mantive o sorriso — ainda que me sentisse ligeiramente boba com aquilo.

Você me trouxe flores! — não consegui disfarçar o tom de entusiasmo e surpresa na minha voz, o que fez com que ele tombasse a cabeça ligeiramente para o lado e cedesse a uma risada.

Henrique não era o tipo de homem que me presenteava com frequência. Vez ou outra, no nosso aniversário de namoro, ou no meu próprio aniversário, ele aparecia com flores e um café na cama, mas eram raras a exceções. Talvez eu apenas estive sendo frívola ao supor que não seria diferente na manhã do nosso casamento.

— Girassóis — Henrique me corrigiu. Ele se aproximou da cama com a bandeja e com cautela, porque Maria estava nos meus braços, suspendeu a bandeja sobre a cama. — A ocasião de hoje pareceu pedir.

Então, após deixar a bandeja, ele avançou em um selinho. Para a minha infelicidade, Henrique não tardou a se afastar, mas se manteve por perto, certamente porque soube que eu precisaria de ajuda com o café.

Desde o nascimento de Maria, o que antes era o quarto de Juliano e Henrique na casa dos pais, havia se tornado em um quarto para nós. Não queria dizer, no entanto, que não era estranho estar ali. Alguns meses antes, eu havia reclamado com Henrique por dormir sozinha naquele mesmo quarto, enquanto ele viajava, mas estar ali com ele tornava a situação certamente ainda mais estranha quando nós passamos tantos anos sem poder estar a sós dentro daquele mesmo ambiente.

— Você não está ansiosa? — Ele primeiro supôs, e eu ri da sua tentativa de me colocar naquela posição. Enquanto ele se sentava ao meu lado, assumi:

— Não, é claro que eu tô. Só não acordei totalmente ainda.

— Sabe, ainda dá tempo queira desistir.

Olhei para Henrique à procura de qualquer indício de que aquilo se tratava de uma brincadeira. Encontrei um sorriso dissimulado — algo que foi suficiente para me tranquilizar.

— A não ser que você queira desistir. — Sugeri. Foi a vez de Henrique me olhar com horror enquanto minha resposta se limitou a encolher os ombros, suficientemente satisfeita com a sua reação.

— Já te disse que você tá amarrada comigo.

— Não, na verdade quem disse isso fui eu. — Henrique seguiu me encarando com descrença. A boca entreaberta era um indício de que ele gostaria de me contrariar, embora não fosse capaz de encontrar argumentos suficientes para isso.. — Já te falei que eu não vou me divorciar, então é bom que você esteja certo do que quer, porque, no que depender de mim, nós vamos ficar amarrados para o resto da vida.

— E ter mais uns dois filhos? — Henrique jogou o braço no enlaço do meu quadril ao perguntar. Com um balanço de cabeça, contrariei a ideia, mas não persisti no assunto. — Mais três?

Você tá ficando maluco? — Exclamei, exaltando meu tom um pouco mais do que gostaria. Henrique apenas soube rir, escondendo o riso ao afundar a cabeça contra a minha perna. — Você deveria se contentar se eu decidir ter mais um.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

(Im)perfeitos | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora