Capítulo 12

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- Fred? Cê tá bem? - Yuri perguntara. Desde que havia chegado ao ponto de encontro, Fred não esboçava uma reação ou palavra quando bateu os olhos em Yuri. Mas logo voltou a si: - oi, tô. Tô! Que bom que cê veio, cara. - completa o playboy e logo puxa Yuri para um abraço meio demorado: - e aí, vamo iniciar os trabalhos? - ele pergunta quando vê Yuri se soltando de seus braços e apenas dando um sorriso confirmando.

Já acomodados em uma das mesas, Fred e Yuri conversavam. Yuri olhava bem fundo nos olhos do playboy enquanto o ouvia falar. Não sabia o porquê mas podia sentir um pouco de sua tristeza.

Fred não perde tempo. Já pede duas cervejas e não perde tempo. Começa a beber. Yuri se junta ao playboy mas este bebe de uma forma mais degustativa. Mais por educação naquele momento que por vontade. Não demorou muito para que Fred começasse seu desabafo. E falou por um longo tempo. Sentia que podia confiar em Yuri além de gostar de sua companhia. Além da situação da exposição, o playboy também contara a relação com sua família. Principalmente com Miguel, o pai.

- meu pai me odeia, mano - Fred dizia: - sei lá. Acho que é uma parada que sempre rolou, desde que eu me entendi por gente. Meu irmão sempre foi o mais importante pra família, o mais notado. Eu sou mais uma espécie de estorvo, sei lá. - ele trava um pouco. Era uma tentativa para Fred estar ali, tentando abrir o que sentia para alguém mas ainda assim, continuava sendo uma tentativa apenas e possivelmente em vão. O rapaz nunca foi bom em expressar seus sentimentos. Fred pega o copo de cerveja à seu lado e puxa dois longos goles. Yuri continua analisando-o: - mas nem adianta muito falar disso. Não vai mudar em nada mesmo - ele completa. Yuri respira fundo e diz: - mas ajuda a aliviar um pouco a dor, talvez - Fred o encara. O bolsista respira e continua: - olha, eu não vou mentir. Se alguem me dissesse que isso aqui estaria acontecendo hoje eu não acreditaria - ele para e ri um pouco, tentando descontrair e dá certo. O comentário arranca uma risada leve e sincera do playboy que mantém os olhos fixos no bolsista enquanto ele continua: - eu não preciso dizer que no início eu não gostava de você nem um pouco. Mas enfim, acho que não é sobre mim então... - Yuri prossegue: - ...cara, já tentou dizer a seu pai como se sente? Tentou explicar a ele de alguma forma ou sei lá? - Fred respira e diz: - como se adiantasse né Yuri. Não dá. Meu pai não vai estar nem aí do mesmo jeito e capaz até de piorar tudo. Melhor deixar assim, como tá. Como sempre foi na verdade - Fred suspira e finaliza: - é complicado, mano. Muito complicado - e dá mais três goles em sua cerveja. Yuri tenta pensar em algo que conforte o rapaz mas não consegue. Nunca foi muito bom com conselhos. Mas resolveu fazer uma tentativa.

- eu acho que seu avô tá certo. Não foi culpa sua, cara. A Guiga que vacilou. Você era, é, não sei... apaixonado por ela - Fred cala sem consentimento as palavras do bolsista. A verdade é que ele já havia superado a influencer há um bom tempo e sabia disso: - é natural que a gente cometa erros, principalmente quando se gosta de uma pessoa. Então sei la, fica em paz e tenta não se cobrar nisso. Sobre seu pai, acho que não tenho muito o que te dizer. Só espero mesmo do fundo do coração que cê fique bem e consiga superar tudo isso aí - ele diz. Fred esboça um sorriso ao bolsista que sente suas maçãs do rosto corando na mesmo hora. Por que sentia isso? Por que qualquer reação positiva de Fred em relação ele, por mais que ele tentasse provar o contrário ao playboy e conseguisse muitas vezes, ultimamente o fazia derreter por dentro? Não sabia explicar, apenas sentir. E talvez ele não fosse o único a se sentir daquela forma, ele apenas não sabia.

- sabe, Yuri... - Fred olha no fundo dos olhos castanho escuros do rapaz: - eu nunca te disse isso de forma aberta sabe? Mas a verdade é que nesses últimos dias a gente meio que conversando e se vendo mais, mesmo que em pouco tempo... pelo menos pra mim é pouco - ele solta outro suspiro e retoma: - eu acho que já posso dizer que te acho um cara muito especial sabe? Muito incrível mesmo. De verdade. - Yuri devolve o olhar ao playboy e ambos se encontram. E permanecem ali, fitando um ao outro por um tempo até que o bolsista decide cortar o silêncio: - que isso, playboy. Só fiz o que qualquer amigo faria, acho. E... caramba, olha a hora. - Yuri disfarça. Nem relógio estava usando: - tenho que ir. O frete, meu pai deve estar me esperando - Fred observa o bolsista suar frio e nota o nervosismo do rapaz: - e amanhã a gente tem aula cedo também - Yuri faz um movimento para sair do bar mas Fred o impede, tomando sua mão. E é nesse momento que um turbilhão o preenche por completo por dentro. Seu corpo inteiro formiga, como se uma corrente elétrica estivesse passeando por cada parte dele: - Espera aí, pô. Eu te levo. Eu sou playboy lembra? Ja viu Playboy sem carro? - o mauricinho brinca, tentando arrancar um sorriso do bolsista. E tem sucesso, os dois acabam dando uma leve e gostosa risada: - mas é sério, deixa que eu te levo - Fred insiste mas Yuri é radical dessa vez: - Fred na boa, eu tô bem. E você nem precisa fazer isso também. Vai conversar com seu pai, tentar resolver as coisas com a sua família. Eu me viro - Yuri solta bruscamente sua mão da de Fred. Mesmo seu corpo relutando pelo contrário. O rapaz anda apressado até o ponto de ônibus e respira aliviado quando avista um estacionando. Sobe depressa no veículo e tenta o máximo possível não olhar para trás. Não alcançar o olhar de Fred. O mesmo, faz exatamente o contrário. Continua fitando, agora, o vazio do que antes era Yuri. E permaneceu assim por um bom tempo. Até lembrar de que precisava encarar seus problemas. Bater com eles de frente. Não iria adiantar ficar chorando nem fugindo. Precisava tomar uma atitude.

Ao estacionar no condomínio, a única coisa que Fred conseguia se lembrar era de Yuri. De sua companhia, suas palavras. Mas rapidamente muda o foco e caminha em direção ao apartamento. Abre a porta e logo encontra o extremo e duro olhar corriqueiro de censura do pai, a apatia da mãe e o acalento do avô. Ambos esperando por qualquer resposta vinda dele.

- já deu uma boa olhada no perfil daquela sua ex né? - Diz Miguel: - e aí, Frederico. O que você tem a me dizer sobre isso?

Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora