Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)

Capítulo 26

Yuri

  A conversa com Fred e principalmente suas palavras deixam Yuri completamente vago e um pouco surpreso. Desde o início Yuri e Fred nunca se deram bem. Na verdade os dois estavam sempre às turras. Um jogava alguma farpa e o outro rebatia e vice e versa. Mas de uns tempos para cá estava tudo muito diferente e era claro para qualquer um. Os dois estavam mais próximos, conversavam mais e até já faziam algumas coisas juntos. Pelo menos para Yuri até o dia em que vira o playboy e Isabela conversando. Desde aquele dia o jovem bolsista decidiu que poderia estar sendo uma espécie de empecilho num possível futuro relacionamento entre os dois e preferiu a distância. Para ele era o melhor a se fazer naquele momento.

  Desde então passara a evitar qualquer contato mínimo com o líder do DCE no ICAES. Sabia que Isabela estava há um bom tempo envolvida pelo playboy. E a grande verdade era que ele também estava. Não podia esconder. Havia algo a mais ali e Yuri sabia disso. Apenas não queria se dar conta muito menos pensar sobre a hipótese. "É só um fogo de palha, nada demais. Devo estar confuso" pensava. Desde que havia sido dispensado Jennifer, no qual o mesmo era apaixonado, e passado por um pequeno processo de superação Yuri não tinha mais certeza de muitas coisas que sentia. Preferia pensar que estava confuso. Era melhor assim para todos, principalmente para ele. E assim ele ia levando a situação e, enquanto isso, mais tempo ia se passando.

  Na fila da loteria, prestes a pagar algumas contas, Yuri se pega mais uma vez distraído pensando sobre o assunto quando uma voz já conhecida o chama por sobre o ombro.

- fala Yuri - Kaíque cumprimentava o rapaz, que finalmente volta sua atenção para o mesmo: - opa, e aí Kaíque - respondia. O rapaz, velho amigo de infância que Yuri havia reencontrado não fazia muito tempo o olhava de cima a baixo. Kaíque havia se tornado um rapaz muito bonito. Os cabelos desgrenhados com uma franja irregular caída por sobre a sobrancelha juntamente a barba rala que contrasta com a cor do cabelo e possivelmente um frequentador assíduo de academia já que o corpo musculoso se destacava um pouco. O tempo realmente havia sido generoso com o jovem já que, Yuri se lembrava bem, o mesmo sofria bastante bullyng na infância e rejeição de várias crianças de sua idade por conta de sua aparência: - fazendo o que por aqui? - Kaíque pergunta: - meu dever de cidadão né, infelizmente - Yuri aponta algumas contas em sua mão. O jovem acaba deixando escapar uma risada: - não tem como evitar né, fazer o quê - Yuri lhe devolve um singelo sorriso.

  Não demora muito os dois saem da loteria e decidem caminhar um pouco juntos. Resolveram sentar em uma mesinha de praça ali perto para jogarem conversa fora. Kaíque estava morando em marechal agora mas estava disposto a passar um tempo recordando momentos com o velho amigo.

- e quando a gente levou aquele tombo da bicicleta lá? Que você ficou medo de encarar seu pai? Aquele dia foi bem louco cara - Kaíque ressaltara. Os dois se mantinham presos as conversas relembrando a infância e momentos que tiveram juntos: - mas acho que nada foi mais triste pra mim que naquele dia... quando fui embora - Kaíque dissera: - mas sabe, depois eu percebi que foi até bom pra mim. Principalmente porque tinha uma pessoa que... - ele embarga um pouco e vacila o olhar na direção de Yuri - ...que eu descobri que gostava muito. E depois me dei conta que gostava mais que como um amigo mas sabia que ela nunca olharia pra mim - Yuri arqueia as sobrancelhas enquanto escuta o amigo falar: - poxa cara, sério? E cê nunca resolveu depois, quando cresceu, chegar nessa menina por internet ou rede social, sei la? - Yuri perguntara. Kaíque responde com uma longa risada de início. Logo após respira fundo, solta um pigarro baixo e diz: - eu reencontrei essa pessoa recentemente. Fiquei feliz demais por isso, claro mas não. Até porquê é quase impossível. Ela nunca que iria me aceitar, é fora de questão - ele novamente encara Yuri que assente com o olhar enquanto o jovem termina de falar.

  E os dois passaram o resto da tarde assim, conversando. Apenas na companhia um do outro. Nem notaram quando o tempo passou e já estava começando a escurecer.

- nossa, passou tão rápido o tempo. Preciso ir - dissera Yuri, levantando da cadeira às pressas. Kaíque segura a mão de Yuri e diz: - eu te levo em casa. Nem te contei né? Lembra que eu era doido em direção e carro? Pois é. Tô de carro agora - o rapaz mostra sua carteira ao jovem que vibra por sua conquista: - não brinca, serio? Poxa mano, parabéns mesmo. Tu sempre foi louco por carros e por dirigir... cê merece demais - Yuri estende a mão para o jovem em sinal de cumprimento mas o rapaz devolve puxando o mais novo para um abraço: - e aí, vai aceitar minha carona? Olha que eu posso insistir - Kaíque pisca para Yuri em tom de brincadeira, numa tentativa de deixar o jovem mais à vontade. Yuri percebe que não iria adiantar recusar. O rapaz iria persistir do mesmo jeito então aceita a carona. Logo Yuri está em casa e resolve dar uma olhada no celular. Mais mensagens de Fred.

                 "po cara, para com isso"
                 "Vai ficar de gracinha comigo
                  por causa de bobeira?"
                  "saudade de tu, moleque. De
                  verdade"

  Yuri pensa em responder por um momento. Uma grande parte dele não aguentava mais aquela situação. Queria falar com Fred. Precisava falar. A saudade permanecia cada vez mais gritante dos dois lados. Mas preferiu deixar tudo como está. Era o melhor a se fazer.

  Não demorou muito para que o dia passasse e a noite logo caísse. Era mais um longo fim de semana e para a má sorte de Yuri os avós haviam viajado. Passariam quinze dias fora, na casa de alguns amigos distantes em saquarema. Não havia para onde correr, para onde fugir. Mas assim, permanecia. Na mesma defensiva.

  E dessa forma, com ambos afastados e com Yuri cada vez mais arisco à situação, passam-se dois meses.