Fred
Quando deixou Yuri em casa a cabeça de Fred estava tomada por um turbilhão de pensamentos que a rodeavam. Cada momento que passava com Yuri era como se o tempo ou parasse ou corresse. Não sabia explicar. Sem falar a tristeza que lhe consumia quando tinha que ir embora. Simplesmente não sentia vontade alguma de deixá-lo. Queria morar em sua companhia, seu abraço, seu toque pelo resto de sua vida. "O que tá acontecendo comigo?" Pensava.
Estacionou o carro na porta de seu condomínio dessa vez. Ainda tinha umas coisas para resolver na rua e estava entrando na unidade quando sente algo cutucar sua perna. Quando olha, um garotinho com seus aparentemente cinco ou seis anos com roupas sujas e surradas e o cabelo igualmente sujo e despenteado chama sua atenção.
- tio, eu tô com muita fome - O menininho dizia: - tem algo aí pra eu comer? - a cena tocou fundo o coração do playboy que podia sentir lágrimas se formando em seu rosto e o coração lhe apertar o peito e quase podia ouvir o estômago da criança. Não podia deixar aquele pequenino ali, com fome daquele jeito: - por favor tio. Como qualquer coisa - o garotinho lhe suplicava. Fred respira fundo e tenta disfarçar algumas lágrimas que acabam escorrendo por seu rosto enquanto agacha para falar com a criança: - e o quê que cê acha de um lanchão da hora e bem gostoso? Topa? - O rapaz pergunta e rapidamente pode ver o brilho no olhar da criança. Fred sente aquilo lhe preencher o coração e aquecê-lo rapidamente ao mesmo tempo que o deixa comovido e bastante incomodado. Como pode tantas pessoas viverem naquela situação? De fome e miséria extrema? Que país era esse? Cruel e desumano com os que mais precisavam de ajuda? Nesse momento respirou fundo e alternou o olhar para o condomínio onde mora e para a criança ao seu lado e se deu conta mais ainda de como tinha muito quando uns não tinham nada: - vem cá - estendeu a mão para o garotinho que ficara rapidamente acuado: - precisa ter medo do tio não. Vem - continua com a mão estendida e a postura calma, deixando claro que não faria mal algum a criança e a acalmando cada vez mais. Não demorou muito para que o menino pegasse sua mão e os dois fossem caminhando até uma lanchonete que ficava bem próxima ao condomínio de Fred. Por todo o curto caminho, Fred continuava pensando em como era privilegiado e tendo cada vez mais noção de sua condição social e o que poderia fazer para ajudar outras pessoas que eram menos amparadas e abastadas nesse quesito. Logo chegou a lanchonete e comprou para o menino exatamente o que ele escolheu para comer sem se importar com dinheiro.
Enquanto o menino comia Fred o observava. Tinha que fazer algo para ajudar não apenas ele como várias pessoas que se encontravam naquela situação. De pobreza extrema, de desespero... era gritante para ele: - tá bom o lanche? - pergunta, vendo o menino nem respirar enquanto comia. O garotinho apenas lhe faz que sim com a cabeça enquanto devora todo o restante da comida. Fred paga pelo lanche ao dono do estabelecimento enquanto a criança brinca sozinha com um velho boneco de pano sentado a mesa.
- é triste não é? - diz o homem enquanto registra o pedido de Fred e contabiliza o dinheiro junto ao restante no caixa: - ver essa situação, essas crianças e essas pessoas passando fome assim... e ninguém dá nada por elas. Voce parece ter um coração iluminado, rapaz. Primeira vez que vejo alguém como você se importando com essas pessoas de verdade. Vi só pela forma como olhava para o garotinho. Com preocupação, empatia.
- queria fazer alguma coisa por essas pessoas - Fred respondia: - mas não sei por onde começar - o homem dá um sorriso sincero a Fred enquanto o aconselha: - quando eu era pequeno meu pai me dizia uma frase que só hoje eu vim entender, "com tanto que venha do coração, qualquer atitude já é um grande começo". E desde então nunca mais esqueci o que ele falava. E só hoje vim entender. Espero que você também compreenda - o homem logo encerra o assunto enquanto limpa o balcão e as mesas da lanchonete.
- e aí rapaz, gostou mesmo do lanche né? - Fred dizia enquanto se agachava para se dirigir ao menino. O garotinho rapidamente lhe dá um abraço apertado em resposta, como gesto de agradecimento. Aquilo comove Fred de tal forma que não demora muito para que as lágrimas lhe caíssem pelo rosto mas logo as enxuga. Não queria assustar a criança.
- e aí, cadê seus pais? Tão por aqui por perto? - saindo da lanchonete e de mãos dadas com a criança, Fred pergunta: - ali! - o garotinho aponta para uma mulher com a mesma aparência do menino vindo freneticamente na direção deles: - ô meu Deus Luan, tava te procurando garoto. Onde você estava? - perguntava desesperada enquanto olhava o menino, verificando cada detalhe da criança e vendo se não estava machucado e olhando para Fred: - eu tava com fome mamãe, aí encontrei o tio aqui e ele me deu comida - O menino explicava. A mulher logo relaxa a expressão quando o rapaz reintera: - e agora a gente tava procurando pela mãe dele. Pelo visto a gente achou. Fred - o rapaz se apresenta enquanto aperta a mão da mulher: - me desculpa meu filho pela forma é que eu tava nervosa. Só tenho ele nesse mundo, meu marido morreu e... enfim. A gente não tem nem onde morar, o que comer. Se alguma coisa acontece a ele nem sei o que faço, acho que enlouqueço mesmo - diz a mulher enquanto abraça o filho: - só tenho a te agradecer por tudo o que fez pelo meu Luan. De verdade. Pode me chamar de Lucinda - A mulher se apresentou. Fred lhe faz um cumprimento de cabeça enquanto pede para a mulher esperar um instante e logo volta com mais dois lanches para ambos. Os olhos da mulher marejam e ela fica comovida com a ação do rapaz, tenta lhe dar um abraço mas ao ver as roupas de Fred pensa,"eu tô tão suja e ele tão limpinho", e logo recua mas em vão já que o playboy logo lhe dá um abraço. A mulher agradece pela comida mais de uma vez enquanto vê o filho dando mais um abraço em Fred. Não demora muito para que os dois vão embora, deixando Fred ali, reflexivo sobre a situação que acabou de presenciar. Não sabia como nem quando mas de uma coisa tinha certeza: iria fazer o que estivesse ao seu alcance para ajudar aquelas pessoas.
Tão logo o rapaz entra em casa e encontra seu pai com um jornal na mão e seu avô de frente a TV, ligado em suas novelas. A mãe devia estar fofocando com as amigas fúteis do condomínio no quarto pois ouvira sua voz ao longe: - boa noite - diz. Se encaminha direto para o quarto quando a voz de seu pai o faz voltar: - O Theo me ligou. Disse que te viu numa possilga que costumam chamar de bar ali pela zona norte do lado de um moleque da sua idade - Fred revira os olhos tentando encontrar paciência para lidar com a arrogância do pai: - posso saber o que você foi fazer naquele lugar?
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Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)
FanfictionUma história abordando uma realidade paralela a da novela "Vai Na Fé", de Rosane Svartman, exibida atualmente na rede globo. Centralizada na narrativa e pontos de vista dos personagens Fred e Yuri, também de autoria de Rosane Svartman. Sinopse: Fred...