Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)

Capítulo 53

Fred

- peraí, o senhor tá me dizendo que...
- que sou um homem de setenta e cinco anos anos, com uma imagem de patriarca tradicional zelada, dois netos e também bissexual? Pois é - diz seu Nicolau, rindo sarcasticamente do aparente choque do neto bem ali, na sua frente: - vocês pensam que sou só um velho que come, dorme e lê os jornais do dia numa poltrona empoeirada né? Eu me informo e sempre procuro me atualizar nesse mundo moderno de vocês hoje em dia. A palavra correta se chama bissexual. Ou seja, quem sente atração pelos dois gêneros.

  Fred nem disfarçava. Sua boca havia se escancarado tanto que mais um pouco e poderia cair. "Meu avô?" Só pensava isso. O choque havia sido grande: - O Giovanne foi o primeiro homem por quem me apaixonei. Nós crescemos juntos e brincávamos quando crianças e quando nos tornamos mais velhos descobrimos um sentimento que nasceu de uma forma tão singela, pura. Mas aí né, aquela época era o que, 1945? Era quase impossível uma relação entre dois homens, duas mulheres... Giovanne ficou com medo por nós dois. E olha que ele era bem mais decidido que eu ou parecia ser. Não demorou muito para que ele fosse embora com a família. Fiquei muito mal. Logo depois conheci sua avó e formamos a família que você atualmente é referente - Seu Nicolau indaga um pouco antes de prosseguir: - no fundo eu acho que sempre amei o Giovanne. Claro que sua avó foi e é importante pra mim até hoje, mesmo ela não estando mais aqui. Mas aquele incêndio na boca do estômago sabe? Infelizmente a gente só sente isso uma vez. E pela sua cara você sabe bem do que estou falando não é? - Nicolau percebe a expressão compreensiva do neto. Mas este tenta mudar rápido o olhar, mesmo sendo tarde demais: - pare, Fred. Não precisa mentir, não pra mim. Acha que não percebi como você olhava aquele menino... Yuri não é? - Fred apenas confirma com a cabeça, desarmando completamente: - aquele olhar não era de um amigo pra outro. Não. Aquele olhar era exatamente o mesmo olhar que eu transmitia ao Geovanne cada vez que estávamos juntos. Era um olhar intenso, apaixonado. - Fred apenas respirava fundo enquanto ouvia a sabedoria do avô: - Filho... sabe que eu dificilmente me engano com as pessoas. Esse menino, Yuri, gostei dele. Me parece um rapaz muito sério, honesto. Muito maduro e é de alguém assim que você precisa ao lado. Sem falar que pelo jeito que ele ficava quando estava com você ele retribui o sentimento - Fred podia sentir algo ardendo em seu estômago mas de felicidade. Uma euforia inexplicável. Confiava plenamente na sabedoria e nas palavras do avô. Automaticamente um sorriso ia se formando em seu rosto. Não havia mais como esconder, não de seu Nicolau: - ah deixa disso, garoto. Vai lá, luta pelo que cê quer. Não faz igual a mim não. Tenta. Do chão ninguém passa - Fred sem mais delongas dá um abraço apertado e demorado no avô, que retribui: - agora chega, vamos logo. Já já aquele ranzinza do seu pai vai por o exército todo atrás da gente. E olha que ele tem cacife pra isso - Fred dá uma risada sincera e antes de irem andando pra casa, conclui: - também quero que o senhor lute pelo que quer, vô. E que seja feliz - Nicolau dá um sorriso ao neto e estes vão caminhando em direção ao ponto de táxi mais próximo.

  Ao chegar em casa, Fred fora direto para o quarto e lá permaneceu. Ficou pensando nas palavras do avô. Nem viu o tempo passar e o dia, enfim, findar. Não demorou muito para que pegasse no sono.

  O dia seguinte do mais velho seria cheio. Enfim o recesso havia chegado mas não significava que não teriam mais coisas a se fazer. O playboy logo se levantou e fez normalmente sua higiene matinal quando o avô bateu de supetão à porta do banheiro.

- Fred? Está vestido? Vem até a sala. Tem uma visita que acho que você vai gostar.

  Fred estranhou mas fez rapidamente o que o avô pediu. Que visita poderia bater sua porta às nove e meia? Quando chega até a sala, o mais velho se depara com a única pessoa na qual não se importaria nem se tocasse sua campainha na mais fria das madrugadas.

- ei, playboy... - em pé, diante de Fred e Nicolau, Yuri dizia: - ...cê tá com tempo livre? A gente precisa trocar uma idéia.