Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)

Capítulo 67

- pai, antes que você comece...
- Yuri eu só queria entender - seu Aloísio interrompe o filho: - por que você não me contou nada? Por que deixou eu saber assim? Vendo o rosto do meu filho estampado nas redes de uma menina que eu nem conheço? E se atracando com outro homem?

  Yuri respira fundo antes de encarar o pai mas não sentia mais tanto medo. Já tinha aceitado de que não havia feito nada de errado: - pai, antes de tudo eu quero que o senhor saiba que eu amo o senhor. E que eu sei que isso era o que o senhor menos queria pra mim - o jovem dá um longo suspiro antes de prosseguir. A voz embargada mas lutando contra as lágrimas que estavam para surgir: - mas eu não pude evitar. Isso é o que eu sou. Faz parte de mim. Sempre fez. Sou bissexual. Não deixei de gostar de meninas por isso e não esperava me apaixonar pelo Fred. Principalmente alguém como ele - seu Aloísio suspirou mas deixou o filho continuar: - mas aconteceu. E ele me faz feliz. Pelo menos essas semanas que estive com ele e esse tempo eu tenho sido o cara mais feliz do mundo. Eu sei que o senhor provavelmente não vai querer mas me encarar direito depois disso tudo mas quero que saiba que eu amo o senhor. Só não posso evitar isso porque evitar seria abrir mão de quem eu sou. E esse sou eu.

  Seu Aloísio tentava digerir tudo o que ouvia do filho antes de tomar a palavra. A respiração pesada do patriarca tomava conta do ambiente: - Yuri, isso pra mim é difícil de entender. Fui criado com outros valores. Outros princípios. E o que sonhei pra você foi uma família como a nossa e como as outras, não vou mentir: uma esposa. Filhos. Meu filho eu... - o homem se interrompe antes de prosseguir: - ...eu não tô dizendo que vou renegar você como esses retrógrados preconceituosos fazem por aí ou te expulsar de casa. Mas pra mim é difícil, entende? Eu só... eu só preciso de um tempo, eu acho. Pra entender melhor isso tudo. - dito isso, o homem apenas dá um abraço no filho sem muitas delongas. Em seguida segue para o quarto de cabeça baixa.

- pai... - Yuri chama mas o homem ignora. O jovem se joga no sofá, a respiração pesada correndo por sob os ombros. Quitéria se aconchega ao lado do filho em um dos assentos do estofado.

- daria tudo pra saber quem foi o degenerado que fez isso com vocês. É muita sujeira, meu deus - a mulher diz, inconformada. Yuri apenas encosta a cabeça na de sua mãe em um gesto carinhoso: - e o Fred? Como ele tá? Tadinho desse rapaz - Yuri não deixa de dar razão a mãe e não consegue parar de pensar em Fred e na reação de sua família. Mais precisamente na de Miguel. Yuri havia conhecido um pouco mais do temperamento desagradável do pai de Fred na última visita que fizera a casa do mais velho pouco antes de viajarem. Como será que o militar iria reagir quando soubesse do filho? Era um pensamento que não lhe fugia da mente.

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  Um pouco longe dali, Fred chegara em casa. No sofá, rindo e conversando, relembrando os velhos tempos estavam seu avô e o amigo que havia reencontrad Giovanne. Que pouco tempo depois havia descoberto pelo próprio avô que se tratava de uma antiga paixão do ancião: - ah filho que bom que chegou - Fred cumprimenta rapidamente os dois senhores de idade: - vô, e aí... Giovanne né? - o outro ancião confirma com a cabeça estendendo a mão para o mais novo: - como vai, meu rapaz? - Fred faz um sinal de "mais ou menos" com a cabeça e seu Nicolau adianta o assunto: - Fred estou preocupado. Eu vi uma postagem na internet que...
- eu já sei vô - Fred interrompe o mais velho: - mas fica tranquilo que o responsável... ou melhor, A responsável vai se arrepender profundamente da hora que teve a brilhante idéia de ter feito isso. Pode apostar. Aí gente desculpa mas hoje tô sem a menor cabeça viu? Divirtam-se aí.

  Dito isso e sem delongas Fred se dirige à seu quarto. Está com a cabeça bastante cheia para pensar. Seu avô passara em seu quarto apenas para dizer que seu pai havia feito uma viagem de família com a esposa, o irmão e a nora pouco antes de Fred voltar de viagem e da exposição de Guiga na internet por isso teria tempo de prepararem o terreno antes de enfrentarem Miguel. Alívio, era isso que Fred sentira. Definitivamente não teria a menor cabeça de encarar o pai naquele momento. Só queria um pouco de paz para digerir toda a maldade de Guiga. O tardar da noite logo chegou e com ela o sono do mais velho que não demorou muito a adormecer.

  Os dias restantes até à volta do recesso ao ICAES não tardaram muito a passar.
No último domingo antes da volta as aulas Fred resolvera procurar Rafa para terem uma conversa franca e lhe explicar tudo o que estava acontecendo já que provavelmente o filho de Theo e Clara também já estava atento às últimas "novidades" expostas por Guiga. Ao chegar ao apartamento do jovem teve a sorte de ser recebido pelo mesmo. Não estava muito disposto para encarar Clara ainda que era como uma mãe para ele. A mãe que Fred nunca havia tido direito.

- Fred? - dissera Rafa: - entra aí
- cê tá... sozinho? Queria levar um papo contigo mas tu já deve saber do que se trata né.
  E tinha razão. Não havia ninguém que não tivesse visto o que Guiga havia aprontado com Fred e Yuri nos últimos dias. Os dois jovens conversaram por um tempo e apesar do que Fred esperava a reação do amigo de infância lhe surpreendeu.
- Fred eu nunca vou virar a cara pra você por causa disso - disse o rapaz: - é até ofensivo você pensar assim. A gente é irmão cara. E a única coisa que vi naqueles arquivos todos foi como o Yuri tá te fazendo bem. Muito mais do que aquela relação doentia e superficial que cê tinha com a Guilhermina. Então relaxa que o meu apoio cê já tem.

  E foi o suficiente para as lágrimas de Fred rolarem. A reação do amigo o comoveu. Os dois se abraçaram e permaneceram ali por um bom tempo. Após a longa e profunda conversa o mais novo resolveu por o amigo a par dos últimos acontecimentos. Theo finalmente havia saído de casa e a briga agora era pelo patrimônio que por direito pertencia mais à sua mãe, Clara. Também havia contado de que finalmente iria sair do casulo onde se colocara e começar um curso de fotografia no ICAES. Não havia muito tempo que o herdeiro de Clara vinha demonstrando profundo interesse pela área. E do romance inesperado com a amiga de Jennifer, Kate e toda a forma conturbada com a qual ele começara. Fred nunca sentira afeição alguma pelo pai de Rafa mesmo na sua época de caráter duvidoso. Os dois continuaram conversando por um bom tempo até Fred aproveitar a boa deixa da falta de Clara e resolver ir embora. Ainda não estava pronto para encarar a tia. Preferia fazer isso em outra ocasião. Antes de sair, Rafa tentou encorajá-lo.

- vai dar tudo certo, irmão - dizia o mais novo enquanto abraçava o amigo: e quanto a dona Clara, relaxa que no momento ela é a última pessoa nesse mundo à te julgar. Confia.
  Havia algo que Rafa ainda não havia contado mas Fred não conseguiu se importar naquele momento. O nervosismo e desespero diante de toda aquela situação eram tão avassaladores que o rapaz não conseguia pensar em outra coisa. Já era tarde da noite quando  o playboy chegou em casa. A visita de seu avô aparentemente já se fora e o idoso já estava em seu quarto sono. Fred aproveitou para fazer o mesmo já que na manhã seguinte era a volta do recesso da faculdade e ele precisava estar bem disposto para o que iria enfrentar.

  Logo já era segunda feira e o primeiro dia de aulas na faculdade após as férias. Fred estava um pouco afoito. Seria um longo dia depois de tudo o que ocorrera no fim do recesso. Se arrumou correndo e saíra antes mesmo do café mas não sem ouvir o avô dizer:

- seu pai volta hoje de viagem. Esteja preparado, filho... - Nicolau diz, repassando solidariedade ao neto. Fred dera um beijo suave na mão do avô e logo foi para o estacionamento do condomínio retirar seu carro e buscar Yuri para que juntos pudessem entrar de cabeça erguida no ICAES. sem nenhum pesar já que não haviam feito nada de errado.

  Chegando na faculdade, Yuri e Fred desafrochavam os cintos de segurança enquanto Yuri diz: - tá pronto? - havia um certo nervosismo em seu tom: - pronto? A gente não fez nada de errado, meu lindo. Errado foi quem expôs a gente daquela forma - o mais velho dá um longo e demorado beijo em Yuri, encorajando-o mas este pressente novamente algo ruim. Como se depois deste fosse ficar um tempo sem sentir os beijos e o calor de Fred percorrendo seu corpo. Preferiu ignorar.

  Ao saírem do carro, se depararam com Kate, Rafa e Jennifer. Não havia muito tempo que Kate resolvera vender alguns sanduíches caseiros feitos em casa com a ajuda de sua mãe e sua amiga de infância e Rafa finalmente estava dando os primeiros passos para uma nova vida social ao lado da namorada e de alguns amigos.

- tô feliz de te ver aqui, moleque - diz Fred, abraçando o amigo: - é assim mesmo, um dia de cada vez - Yuri esboça um sorriso. Também feliz pela conquista do amigo de infância de Fred.

  Mas não demorou muito e toda uma legião de estudantes se reuniu em torno dos jovens, principalmente entre Fred e Yuri que agora estavam de mãos dadas, percebendo o que viria pela frente e apoiando um ao outro. Todos riram e zombavam principalmente quando viram tal cena, fazendo ataques preconceituosos e debochados contra os rapazes.

- quem diria hein mané - gritara André, um dos comparsas de Guiga: - de garanhão à viadão do ICAES, conta pra gente Fred Monteiro. Como é viver nessa vida dupla?