Fred
Miguel chorou por um longo tempo, acariciando a cabeça do filho e, pela primeira vez, demonstrando um gesto de carinho e amor por Fred que jamais havia feito em todos os anos de vida do rapaz.E permaneceu ali, acariciando e aninhando o filho que permanecia imóvel agora.
- sabe, Fred... - começou a se recompor da crise de choro e começou a falar: - ...você sempre foi um garoto arteiro. Lembra, meu filho? - Miguel acariciava o garoto mais ainda. Há quanto tempo não o chamava assim, "meu filho". Achava que a última vez fora quando segurou o rapaz pela primeira vez quando o vira recém nascido no berçário da maternidade. E logo se perguntou quando foi que deixou as coisas entre ele e o caçula ficarem assim?
- sabe... as vizinhas sempre reclamavam comigo e o pobre do Rafa tentando te defender. Eu brigava com você na hora mas quando ninguém tava vendo, sabe? Eu começava a rir, lembrando e imaginando a cena das suas artes - Miguel se recompôs novamente e continuou: - e também aquela vez que você pintou o cabelo da neta da dona Isaura com tinta guache, se lembra disso? Ela chegou na nossa porta fula da vida - o homem agora esboçou um sorriso choroso: - ah meu filho... por quê briguei tanto com você? Por quê te disse coisas tão horríveis? Acho que é por quê no fundo você é o que mais se parece comigo - o homem prosseguiu: - na personalidade, no jeito com que defende o que acredita e seus ideais. Daí explica a teoria da frase "dois bicudos não se bicam" né? - Miguel respirou mais uma vez antes de se expressar por completo: - me perdoa, meu filho... me perdoa por tudo que te fiz e falei. Me perdoa pelo merda de pai que eu fui. Me perdoa por não ter podido te amar como você sempre mereceu e quis. Me perdoa, Fred - o homem abraçou o filho e se debulhou em lágrimas, suplicando: - me perdoa. Perdoa o teu pai. Volta pra gente, Fred. Volta pra sua família. Eu te prometo que vou tentar fazer diferente. Vou tentar te ser um pai melhor. Mais amigo. Mais... compreensivo e menos implacável. Menos intransigente. Mas não vai embora assim, meu filho. Não desiste da gente. Não faz isso - o homem entrou em desespero. Finalmente se dera conta de todos os erros que havia cometido com Fred. Do tanto que havia falhado como pai. E estava sendo sincero. Finalmente Miguel se deu conta de todos os momentos que estava perdendo sendo um pai tão mesquinho e estava realmente disposto a mudar. Disposto a fazer diferente.
- volta filho - Atrás de Miguel e pousando a mão em seu ombro, dona Elisa surgiu. Agora os dois pais estavam ajoelhados diante do filho. Orando, suplicando, almejando que este o estivesse os escutando. Para que não se deixasse abater e lutasse para continuar vivo: - volta pra gente, meu amor. Perdoa a gente. Por não sermos os pais que você sempre mereceu - Dona Elisa se recompôs do choro e prosseguiu: - volta pra gente poder se dar mais uma chance. Estamos aqui com você, meu amor. Somos sua família.
E naquele momento, o inesperado aconteceu e fez com que dona Elisa arregalasse os olhos e estapeasse o ombro do marido para que ele também se atentasse ao mesmo que ela.
As pupilas do rapaz começaram a se mexer devagar, como se fossem se abrir. A mão apertou os braços do pai, ainda fracas, porém, voluntariamente. Deixando os pais perplexos e eufóricos de tanta felicidade.
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Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)
FanfictionUma história abordando uma realidade paralela a da novela "Vai Na Fé", de Rosane Svartman, exibida atualmente na rede globo. Centralizada na narrativa e pontos de vista dos personagens Fred e Yuri, também de autoria de Rosane Svartman. Sinopse: Fred...