Capítulo 77

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- enfermeira! Por favor, vem rápido!

  Yuri ficara eufórico. Era felicidade demais para uma pessoa só. Finalmente Fred estava reagindo. Ou pelo menos, começando a querer reagir. Para alguém que estava em absoluto coma e inconsciência definitivos, aquilo era uma grande ação. Um grande passo de esperança para uma situação repleta de angústia e desespero constantes.

  A enfermeira irrompe pela saleta do CTI com os gritos alarmados de Yuri e este conclui: - ele reagiu. Juro. Tava aqui com ele e ele apertou minha mão. Eu senti.

  A enfermeira rapidamente começou a checar Fred, olhando desde os equipamentos que o cercavam até a maca. E então pousou a mão lentamente sobre a dele e tentou repetir o procedimento.

- Fred? Fred, está me ouvindo? - ela pergunta: - se você estiver me ouvindo, por favor, aperte minha mão. Confirmando.

  E novamente. O mais velho aperta a mão da enfermeira que se ruboriza em choque. Seu rosto ficara ainda mais branco que o normal enquanto ela olhava de Fred à Yuri: - isso... é um milagre praticamente. Preciso contatar o doutor Estêvão - provavelmente o médico cirurgião que estivera à frente dos cuidados de Fred - ah, e devo avisar que seu tempo de visita expira em um minuto, ok? Com licença.

  A enfermeira sai pela porta enquanto Fred novamente dá uma espécie de abraço torto, deitando a cabeça no peito do mais velho e sorrindo. O choro agora de felicidade tomava conta do ambiente enquanto o mais novo apertava a mão de Fred e a beijava: - você vai ficar bom. Vai ficar bom, tu vai ver. Volta logo pra gente, viu?

  E com um último beijo na testa do mais velho, Yuri deixa o CTI do hospital. Um sorriso de orelha a orelha toma conta de seu rosto e quando retorna ao salão de espera, todos o olham angustiados. Até Miguel, esperando obter respostas. Pelo visto a enfermeira ainda não tinha comunicado o avanço no estado de Fred.

- ele apertou minha mão - e um raio de pernas bambearam de felicidade: - ele tá reagindo. Ele vai ficar bom - e Yuri corre para abraçar seu Nicolau, que devolve o gesto com a mesma intensidade. Miguel chora de felicidade ao lado da esposa, um feito realmente inédito. Até dois dias atrás o homem não podia sequer ouvir falar o nome do filho que o sangue lhe fervia. Agora parecia que o "susto" havia lhe surtido algum efeito para, quem sabe, uma possível mudança à caminho.

- e... rapaz - Yuri olhou assustado com o som da voz de Miguel. Era a primeira vez que o homem se dirigia à ele com o mínimo de respeito: - como ele está? Você o viu e... ele reagiu mesmo?
- sim! Eu juro - mas Yuri estava tão feliz e eufórico que sequer reparou direito na mudança de comportamento do militar em relação à ele: - e... ele ainda tem direito à mais uma visita. Antes de sair da sala uma outra enfermeira me disse. Por que o senhor não... vai até lá? Seria bom.

  Miguel poderia ter tido qualquer reação agressiva mas surpreendeu novamente à todos com um simples sorriso. Olhou para a esposa e para o pai que lhe fez um sinal de concordância com as palavras de Yuri e logo foi em direção a saleta.

- agora filho - Nicolau olhara para Yuri que estava sendo abraçado e amparado por Kaique que permanecia no local: - vá pra casa. Sério. Você está aqui tem dois dias seguidos. E seus estudos? Já perdeu dois dias de aula. Não quero que se prejudique por nossa causa e nem o Fred iria querer.

- mas eu quero...
- eu insisto - Nicolau era firme: - vá pra casa. Descanse. Coma alguma coisa e qualquer notícia que seja eu juro, você será o primeiro a saber. E sempre que quiser após às aulas vir aqui, também será muito bem vindo - Yuri tentou argumentar mas seu corpo concordou em gênero, número e grau com as palavras do ancião. Estava realmente bem esgotado. Precisava de descanso, uma cama e um banho - Ele tem razão Yuri. Olha como cê tá, cara - Kaíque dissera: - eu tô com o meu carro aí. Vem, te levo pra casa.

- vocês vão ficar bem? - Yuri dissera: - depois dessa, já estamos muito bem. Vá. vá descansar. E Yuri, eu acho que palavras não são suficientes para agradecer todo o amor, carinho e afeto que você tem dado ao meu Frederico. Obrigado.

  As palavras do idoso saíram de forma embargada. Giovanne o amparou enquanto Yuri lhe dava um último abraço antes de sair. Mas uma voz feminina o impediu.

- ei, rapaz - era dona Elisa. Yuri se virou rapidamente para a mulher que o chamava: - é... Yuri, não é? Gostaria de dar uma palavrinha com você, se não se importa.

Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora