Capítulo 30

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Fred

Fred dirigira o caminho todo até em casa sem esquecer por um segundo sequer o abraço de Yuri e cada momento que tinham passado ali, por mais curto e problemático que ele tivesse sido. Era como se o bolsista estivesse empreguinado todo o seu cheiro nele e lhe depositasse um rio de pensamentos e novas lembranças. Mas permanecia na mesma. Triste, pensativo e ainda sentia bastante falta do amigo. Porém havia decidido não insistir mais. Não estava adiantando de muita coisa e só fazia parecer que estava sendo inconveniente e invasivo. Preferiu deixar tudo como estava e se Yuri sentia realmente sua falta, ele saberia onde encontrá-lo.

Chegando em casa, Fred havia feito planos de apenas se trancar em seu quarto e só sair para fazer seus cuidados pessoais de sempre e comer quando deu de cara com seu avô sentado em sua velha poltrona na sala.

- oi, meu filho... Fred? - Nicolau sempre notava até quando o rapaz respirava diferente. O conhecia dos pés a cabeça: - tá tudo bem? O que aconteceu? - Fred apenas respira fundo enquanto caminha até o quarto para deixar suas coisas sobre a cama e volta para recepcionar o avô e responder sua pergunta: - foi de boa, vô. Bem normal na verdade - Nicolau não compra a resposta do neto. O conhece bem para cair em seus argumentos vagos.

- Frederico, eu sou seu avô. Lhe conheço melhor que ninguem, meu rapaz. O que tá acontecendo com você? Se abre comigo? - Fred respira fundo enquanto o avô demonstra sincera preocupação embora, vindo dele, não era estranho nem algo de outro mundo: - nada vô, juro. É só um... amigo aí. Que eu gosto. Na verdade gosto muito e ele não fala mais comigo. E tá me incomodando um pouquinho...
- tá doendo né, meu filho? Pode dizer, Fred - Nicolau interrompia o neto. Fred sempre tivera dificuldades em falar de seus sentimentos. Se expressar nunca fora o forte do rapaz, desde que era criança: - diga que você sente falta. Diga que quer que seu amigo esteja aqui. Pode falar. Está falando com seu avô Frederico, não com seus pais.

E aquelas palavras são suficientes para Fred deixar as lágrimas escaparem. Era como se estivesse transbordando. Nicolau ampara o neto e o acomoda no sofá: - tô muito cansado vô, sério - o rapaz desabafa: - sei que não sou bem exemplo de nada mas ultimamente eu só faço me provar pros outros e nada. Parece que ninguém nunca acredita que eu também posso fazer algo de coração por alguém. Que eu posso sei lá, gostar de alguém de verdade. Tô muito cansado de tudo isso - Nicolau abraça o neto enquanto acaricia sua cabeça: - ah meu neto... cada dia que passa vejo você mais parecido comigo. Na sua idade eu também me questionava assim - Fred mantinha a atenção nas palavras do avô enquanto o mesmo prosseguia: - o tempo todo tentava fazer as coisas e esperava por alguma aprovação. Mas aí chegou uma hora que percebi o quanto estava errado - o playboy permanecia ouvindo tudo: - não se faz nada buscando aprovação ou reconhecimento de alguém, meu filho. Principalmente quando essas coisas vem daqui - O idoso toca no peito do neto, onde fica o coração. Fred sente um pequeno calor e o acalento do avô enquanto o mesmo continua: - eu sei que você sente, você odeia, você ama. Afinal você também é um ser humano. Por isso não se envergonhe e muito menos bloqueie quaisquer sentimentos desses. São eles que te tornam quem você é - Fred dá um longo e apertado abraço no avô enquanto as lágrimas voltam a rolar por seu rosto e os dois permanecem ali por um longo tempo e após um momento de fragilidade e questionamentos do rapaz, Nicolau tenta puxar alguma conversa para entretê-lo.

- mas e esse amigo... Sente saudade dele, não é? - o idoso pergunta. Fred dá um longo suspiro mas logo desarma e responde: - demais. Sabe, além do senhor ele me entendeu mesmo que só em umas pequenas conversas que a gente já teve. Fora que sei lá, ele me faz querer ser melhor sabe? Mostrar e dar o melhor de mim pras pessoas se é que eu tenho algo de bom né já que a maioria das vezes eu sempre ágio como um grande imbecil - Nicolau franze os olhos e faz uma careta seguida de um longo suspiro antes de dar um gole no chá que acabou de preparar: - e é só amizade mesmo meu filho? Porque do jeito que você tá falando agora... - Fred logo sente sua respiração falhar e as bochechas corarem: - que isso vô, claro que é amizade. Ta ficando doido? Por quê cê... acha isso? - Nicolau dá um sorriso breve olhando para o neto enquanto o corrige: - ah Frederico se nao tivesse sua idade e todas as experiências de vida que tenho poderia acreditar em você mas eu seu avô já é macaco velho - Fred encara o avô: - já reparou bem na forma doce que você se refere a esse "amigo"? Seus olhos chega brilharam quando falou dele comigo...
- eu acho que o senhor tá ficando é maluco mesmo, isso sim - o rapaz se esquiva rapidamente do assunto e quanto o avô continua sorrindo maliciosamente: - vou pro quarto agora. E você seu Nicolau, tá vendo muita novela pro meu gosto - O idoso logo se lembra da novela que acompanha e rapidamente procura pelo controle da TV: - ih meu filho, foi bom você ter lembrado. Obrigado viu? - os dois compartilham uma calorosa e gostosa risada enquanto Fred deixa o avô com a televisão ligada na sala e parte de vez para seu quarto.

Não demorou muito para que logo a noite caíra e para completar o pacote, o rapaz descobre através de sua rede social o vídeo de sua briga com os dois alunos do ICAES para defender Yuri. Alguém havia gravado e ele sabia exatamente quem havia sido mas não tinha cabeça para pensar naquilo agora. Queria apenas descansar de tudo o que havia passado naquele dia. Os pais haviam ligado à tarde para dizer que iriam para a casa do irmão mais velho e da namorada que logo seria esposa e ele ficaria apenas com o avô em casa então logo se encarregou de preparar a janta dos dois e já estava indo dormir quando escuta a campanhinha tocando.

- tu pediu alguma coisa por delivery, seu Nicolau? - Fred perguntara. O senhor fazia que não com a cabeça e com a expressão tão confusa quanto o neto enquanto o mesmo se dirigia até a porta e quando gira a maçaneta tem a melhor surpresa naquela noite.

- e aí - de pé, na sua frente, Yuri o cumprimentava deixando o jovem completamente boquiaberto e sem ação: - acho que a gente tem muita coisa pra conversar né? Não vai me chamar pra entrar, playboy?

Razões e Emoções (A #Freuri Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora