xvi. BLACK BEAUTY

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LYRIA


Oh what I can do?
Life is beautiful, but you don't have a clue
Sun and ocean blue
Their magnificence it don't make sense to you


Eu me arrependi profundamente de ter emprestado todas as minhas roupas com espaço para as minhas asas a Dianna no momento que encarei a grande montanha que levava até a Casa do Vento.

O vestido lilás que eu estive usando essa manhã era uma obra prima, a seda caia perfeitamente pelo meu corpo e, mesmo que eu ficasse melhor com cores quentes, o lilás realçava o mínimo detalhe roxo dos meus olhos.

Uma pena que ele iria rasgar atrás por culpa de um fantasma que invadiu meu sonho.

Talvez eu estivesse ficando louca por estar obedecendo algo que me disseram na minha própria cabeça, talvez aquilo tinha sido realmente um sonho e quando eu chegasse na biblioteca das sacerdotisas, elas iriam rir da minha cara quando eu começasse a perguntar sobre Aelin Galanthynius ou Mala ou os outros títulos que Elena Havillard me contará.

Mas se eu optasse por ignorar o que a fantasma disse, eu poderia estar condenando Prythian a se ajoelhar a esse mal que ela dizia espreitar pela terra. E mesmo que eu não tivesse vontade nenhuma de ser a heroína de alguma história, não poderia viver sabendo que tinha abandonado o meu povo.

Então por isso eu estava aqui, cogitando subir os milhares de degrau da escada que levava até a Casa do Vento só para não destruir o vestido.

E também para que eu não tivesse que me metamorfosear aqui.

Não que eu não goste da minha forma illyriana - que é a única coisa que eu consigo me transformar, mostrando a decepção que eu sou nos treinos de metamorfose - mas quando eu estou no céu, é como se eu perdesse o controle da magia dentro de mim, como se a minha alma estivesse em sua forma mais livre.

E aquilo era inaceitável.

O fogo que corria em minhas veias se amplificava quando eu mudava de forma, e se já é difícil contê-lo como feérica, com as asas ficava ainda pior.

Por isso respirei profundamente antes de me mergulhar naquele poço de poder, um poço que eu não conseguia ver o fundo. Uma vez, quando eu tinha uns quinze anos, estava tão curiosa sobre a minha magia que mergulhei nas chamas e tentei encontrar um fundo, fiquei horas descendo e era como se eu estivesse me afogando em carbono e luz forte, era tão assustador que quando meu pai me encontrou no quarto e me tirou do transe, chorei até dormir.

Então agora enquanto eu mergulhava para poder conjurar as asas illyrianas, fiquei atenta ao topo do poço, para que eu soubesse como voltar.

E em apenas alguns segundos eu já estava de volta, sentindo o peso das minhas belíssimas e gigantescas asas escamosas, o couro preto illyriano rompendo contra o vestido lilás, dando um contraste até que legal se eu não estivesse sentindo algumas linhas de seda roçarem nas minhas costas por conta dos dois rasgos que agora tinha no tecido.

Fiz com que as asas batessem um pouco no chão para que eu acostumasse com o movimento, já faziam meses desde que me permiti conjura-las. E também fazia meses desde que eu senti meu sangue latejar tanto sem que eu estivesse com raiva. O fogo estava cantando nos meus ouvidos para ser libertado, para que ele pudesse incendiar esse mundo e conquistar o universo.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora