xxxxxiii. WRITTEN IN THE WATER

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RHOE

I was born by the devil
I was left here to die
I was hell of a ransom
Under cold summer skies
I was told to not love him
I was told not to try
I was lonely the only

O Sol já estava prestes a raiar e eu estava encharcado de tanto cair no mar.

Bem, eu devia ter previsto isso, pois, até hoje, a única vez que conseguia voar foi em meus sonhos com Lyria.

E eu repeti isso diversas vezes para Winter quando ela teve a brilhante ideia de subir comigo no topo do mastro da vela.

A illyriana insistiu que durante a madrugada, com aquele frio aconchegante do oceano e a lua acima, seria o único momento que teríamos para que eu realmente aprendesse a voar. Eu poderia fortalecer os músculos da minha asa durante o dia, foi o que ela disse, mas se qualquer um dos feéricos naquele navio me visse caindo como um saco de batatas, todo o meu disfarce iria para o inferno.

Então foi por isso que ela me empurrou lá de cima, sem conseguir esconder o sorriso que adornava o seu rosto inchado por conta do choro recente, repetidas vezes durante a noite.

Na primeira vez estava tão despreparado que nem mesmo pensei em abrir as asas, da mesma maneira que fiz enquanto despencava pelos mundos. Simplesmente permiti que a gravidade me puxasse na direção do oceano azul e brilhante daquele mundo, e senti a água se chocar contra o meu corpo como se fosse o mais duro solo arrado.

Quando voltei para o navio, os lábios roxos de frio, quase esganei Winter por isso, e a gargalhada da fêmea foi tão alta que acreditei que todos acordariam.

Porém não vimos nenhum movimento no navio, então Winter continuou a me empurrar da vela e eu continuei a cair no mar.

Algumas vezes, quando o pânico da queda livre não me envolvia, me recordava de abrir as asas, de tentar controla-las para que batessem em um ritmo coincidente com o vento, mas mesmo assim eu sempre acabava me afogando.

— Vou ter que ter por para dormir? Talvez você aprenda mais sonhando com a minha prima — Winter debochou da situação e fiz questão de jogar toda a água acumulada em meus cabelos nela, molhando toda a sua armadura do tal couro illyriano.

Ela gargalhou.

— Vá a merda — praguejei, tremendo de frio. Não havia poder de fogo o suficiente no meu artesanal para que toda aquela água evaporasse.

— Acho que essa foi uma das minhas últimas palavras para a sua querida Lyria — ela brincou novamente, agora de braços cruzados.

O céu já estava sendo coberto de amarelo, laranja e alguns pingados de azul, e agradeci a todos os deuses daquele mundo por mandar um Sol tão quente naquela manhã.

— Pelo visto vocês se amavam muito — o cinismo em minha voz foi o suficiente para que Winter revirasse os olhos. Eu sabia muito bem que as duas se odiavam, quando estive na mente da illyriana boa parte da sua personalidade era moldada por se comparar a Lyria a todo o momento.

— Na verdade minhas últimas palavras foram algo sobre eu jurar que iria descobrir o que diabos ela estava tramando — Winter suspirou — Bem, pelo visto, descobri tarde demais.

— Como assim ela estava tramando algo? — pelo o que eu sabia, Lyria só queria saber quem tinha causado aqueles assassinatos em sua cidade, da mesma maneira que aconteceu na minha.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora