xxxxvii. CASSANDRA

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LYRIA

So they killed Cassandra first
cause she feared the worst
and tried to tell the town
So they filled my cell with snakes
I regret to say
Do you believe me now?

Eu estava sonhando.

Pela primeira vez desde que cheguei naquela corte, desde que a minha vida foi virada de ponta cabeça, eu estava sonhando.

E não era uma alucinação por conta dos meus ferimentos. Era um sonho, um lindo sonho.

Talvez o Caldeirão estivesse me recompensando por não ter cedido naquela sala do trono, por ter lançado aquele caco de vidro na direção de Clare. Talvez aquilo fosse um sinal para que eu continuasse lutando.

Naquele sonho eu não tinha grilhões de ferro, nem vestido esfarrapado ou cicatrizes por conta de chibatas ou cacos de vidro. Eu não sentia as dores que me faziam alucinar naquela cela escura e suja.

Ali a grama verde e fofinha acomodava os meus pés de uma maneira que eu havia esquecido que era possível. A brisa suave daquela clareira beijava a minha face, levando o cheiro de carvalho, terra e pinho com neve para o meu nariz. Um cheiro que estava acompanhado de uma nota familiar de orvalho e sombras ...

Eu conhecia aquele cheiro.

Bem na minha frente, com a pele iluminada pelo Sol que esquentava o meu rosto, como se estivesse reluzindo poder ébano, olhos violetas encaravam os meus.

Daquele ponto de vista, com o Sol deixando tudo mais claro, tão mais claro do que eu conseguia ver na Cidade Escavada, percebi que aqueles olhos violetas não eram exatamente como os de meu pai nem como os de Clare. Os olhos de meu pai muitas vezes podia ser confundido com azul, dependendo da claridade, enquanto os de Clare eram de um roxo puxado para o marinho.

Agora, aqueles olhos, eles eram puro violeta. Como se tivesse sido pintado pelos deuses a muito esquecidos. Era da cor da tinta roxa mais pura, mais brilhante e vibrante.

Tinha vida e poder, e estava olhando para mim com uma intensidade que não conseguia interpretar, não quando era a primeira vez que eu estava sonhando e não queria me importar com aquelas coisas.

Me deitei, ignorando aqueles olhos violeta, aquele macho. Sentindo os raios do Sol formigarem sobre a minha pele, a queimando, a aquecendo, da mesma forma que o meu fogo deveria fazer.

— O gato comeu a sua língua, loirinha? — aquela voz poderosa me fazia querer estremecer, mas havia passado por tanto ultimamente que precisaria mais do que um ronronar para fazer com que o meu corpo reagisse.

Não respondi. Continuei com os olhos fechados, apenas aproveitando aquela liberdade que estava passando na minha mente.

Um farfalhar de roupas, o som de passos pela grama e então o macho estava deitado ao meu lado. A sua presença imponente quase que roubou toda a atenção do Sol para si.

— Nunca vi graça nenhuma em me bronzear — ele começou a dizer, com aquele tom brincalhão e irritante que conseguia acalmar o fogo dentro de mim - agora não havia fogo algum para ser acalmado — Mas acho que você está fazendo errado, temos que tirar as roupas para isso.

Malícia, pura malícia envolveu as suas palavras. Não precisava abrir os meus olhos para saber que Nyx estava me olhando e sorrindo.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora