DARK PARADISE ───── seu preço é inominável.
Um plano, uma vingança.
Uma guerra dada como vencida, mas que mal havia começado.
Dois bebês recém-nascidos são trocados como o símbolo de que ele era quem estava no controle, de que tudo que eles viram...
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LYRIA
Lights will guide you home And ignite your bones And I will try ... to fix you
Devia fazer uns cinco minutos que eu estava correndo nesse campo de flores. Meu coração estava em disparada, o céu avermelhado do por do sol se misturava com a fumaça acinzentada que vinha atrás de mim.
O calor estava começando a ficar insuportável e eu conseguia sentir as chamas crescendo, vindo cada vez mais rápido na minha direção. Elas não queriam me matar, mas sim me consumir, tomar o controle. E isso eu não podia deixar.
O jardim em minha volta era composto pelas mais diversas flores, de tantas cores e cheiros que me deixava tonta. Era uma belíssima visão mas também uma armadilha do fogo para me iludir, pois já estava sentindo meu sangue escorrer pelo chão por conta dos espinhos, e também havia ervas daninhas tentando agarrar os meus tornozelos.
Um grito de fúria escapou da minha garganta quando acelerei a corrida, meu cabelo loiro voando em minhas costas, algumas mechas grudando em minha face por conta do suor. De longe visualizei uma porta no meio de todo o jardim, um cervo branco com chifres gigantescos passando por ela, me dizendo que lá era um local seguro para se esconder do fogo.
Usei toda a energia que me restará para chegar até lá, as chamas se alastrando e agora quase que me cercando pelos lados.
Quando atravessei a porta e a fechei com um murro, o barulho eclodindo por todo esse ambiente, me permiti respirar profundamente. Estava a salvo, elas não iriam me controlar e continuariam presas do lado de fora.
Deslizei pela parede até que sentasse no chão gelado de mármore branco, tão polido que parecia um crime encostar meus pés e roupas sujos naquela obra de arte. Eles estavam tão limpos que eu conseguia enxergar meu próprio reflexo: vi meu maxilar acentuado, a pele rosada suja de fuligem e suor, meus cabelos todo bagunçados e um vestido verde maltrapilho, talvez por conta do fogo ou simplesmente por maus cuidados, que moldava todo a minha cintura até se abrir em uma saia redonda que marcava o meu quadril. Se eu tomasse um banho e mandasse alguém restaurar o vestido, até poderia manter a conduta de princesa.
Princesa. Eu era uma princesa, na verdade a porra herdeira, e simplesmente não conseguia me lembrar o motivo de estar ali nem a data que era hoje.
Levantei apressada, passando as mãos pelo vestido maltrapilho pois não aguentava sensação delas sujas. Comecei a puxar a carne do lado das minhas belíssimas unhas pintadas de verde até que sangue começasse a pingar naquele chão tão limpo.
A sala parecia cada vez menor, talvez não fosse um local tão seguro quanto eu havia pensado, talvez aquele cervo estava indo para outro lugar. Se aqui fosse Velaris, eu estaria segura, não estaria? Como posso me sentir confortável em um lugar que eu nunca senti nenhuma real conexão.