xxxxxiv. EYES OPEN

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LYRIA

Everybody is waiting
Everybody is watching
Even when you are sleeping
Keep your ey-eyes open

Eu estava sonhando novamente. Pela primeira vez naquele inferno eu estava tendo um sonho.

Bem, talvez na verdade aquilo não era um sonho, pois eu não reconhecia a paisagem daquele lugar: era algo como um fosso profundo, escavado ao redor do que parecia ser um castelo feito de vidro. O castelo ainda tinham andaimes aos seus arredores, mostrando que estava sendo construído ou reformado, mas o fosso em que eu estava não parecia necessitado de melhorias.

Não quando o fato dele ser um simples buraco profundo no chão já o tornava austero.

A superfície do fosso brilha com uma luz inquietante, refletida dos cristais negros que brotam das paredes de rocha. O som abafado do vento se mistura com o som contínuo de asas batendo, criando uma melodia sinistra, como se o próprio abismo estivesse respirando. Talvez aquilo não fosse um sonho, e sim um pesadelo.

Principalmente quando um dragão surgiu no meu campo de visão.

A sua graciosidade letal, seus olhos amarelados, as escamas azuis sáfira, tudo naquele animal cintilava na penumbra como se fossem lâminas afiadas.

Perdi completamente o fôlego e andei para trás até bater contra uma parede sólida de pedras. Eu estava num fosso, devia esperar que não tivesse saída.

Graças a Mãe eu sabia que aquilo era um sonho, que na realidade eu estava presa em um tipo diferente de cela, uma cela que não tinha bestas como aquela.

O som das suas garras arranhando a pedra ecoava pelas profundezas ... aquilo definitivamente era um pesadelo.

Se eu ficasse quieta, se eu tentasse me misturar com aquela pedra, talvez o dragão não me visse, talvez ele percebesse que eu também era uma portadora de fogo e seria condolente ...

— Isso é inútil, Rhi — uma voz masculina emergiu de algum lugar na escuridão daquele fosso. Será que ele sabia que tinha um dragão ali? — Já vai fazer dois meses ...

— Para! — agora uma voz feminina, doce mas também levemente rouca, respondeu aquela masculina. Ela deve ser a Rhi e com certeza sabe que tem um dragão naquele lugar, senão não teria gritado daquela maneira — Por favor, se não for me ajudar então não me atrapalhe.

O som das garras do dragão se intensificaram, como se o fato daquela fêmea estar agitada também o agitasse.

Será que seria daquele mundo que Clare conseguiu o vidro de dragão? Não, era impossível, já que ela alegou que todos tinham sido extintos.

— Você acha que eu não quero que Rhoe seja encontrado? Você acha que eu também não estou desesperado? — o portador daquela voz masculina finalmente emergiu a luz, permitindo que eu o visse.

Aquilo não deveria ser mais uma das memórias de Clare, não quando aquele cara era um humano.

Completamente comum, humano e normal. As orelhas arredondadas, os cabelos castanhos cheios de cachos bagunçados e a pele bronzeada por conta do Sol era a melhor personificação de um garoto humano.

Se não fosse por suas roupas finas, a tonificação dos seus músculos e aquele brilho não usual em seus olhos caramelizados, eu poderia dizer que ele era como os humanos ao sul do continente.

E aquele nome que ele disse, Rhoe, já o que escutei antes: Tyrion disse que seu sonho com a feérica dançante acabou depois que mencionaram o desaparecimento desse macho.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora