xxxxxv. MOMENT'S SILENCE

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RHOE

When stunted hand earns place
with a man by mere monstrosity
Alarms are struck and shore is shock
by sheer atrocity
A cure I know that soothes the soul,
does so impossibly
A moment's silence when my
baby puts the mouth on me

Os últimos dois dias foram infernais.

Para mim no caso, pois Winter parecia se divertir durante a longa madrugada que passei caindo cada vez mais rápido no oceano.

Já havíamos atravessado a fronteira entre a Corte Diurna e a Noturna, conseguia sentir isso tanto na intensidade do brilho do Sol durante o dia, quanto na beleza extraordinária daquela noite e também em minhas veias.

De alguma forma a minha magia reconhecia aquele território, cantava para ele como se fossem iguais. Isso provavelmente se dava por estarmos próximos de Lyria, do meu dever ali.

Essa era a última noite que teria para aprender a voar, pois, de acordo com os cálculos muito precisos de Arion - diferente dos feitos pelo capitão semi feérico do navio que estive em Erilea - chegaríamos ao destino na tarde de amanhã.

Se eu não conseguisse voar hoje, teríamos que fazer o percurso a pé, nos túneis da Noturna, e nem Winter nem eu estávamos ansiosos para isso.

Por isso que, nessa madrugada em específico, Winter não estava toda risonha ao observar o meu fracasso.

— Não deve ser tão difícil assim — ela falou enquanto me puxava com uma corda para fora do tumultuoso oceano.

— Você literalmente só conhece duas pessoas, poderosíssimas, que aprenderam a voar mais velhos — disse entredentes ao finalmente subir no convés, balançando minha cabeça para que a água saísse de meu ouvido.

— Isso é conversa de covarde — Winter exclamou, cruzando os braços, e não pude evitar de erguer uma sobrancelha — Eles sempre me disseram que eu não poderia ser uma bailarina sendo illyriana e provei que estavam todos errados. Agora é a sua vez de quebrar as estatísticas, Rhoe.

Quebrar as estatísticas. Nunca tinha escutado a illyriana falar dessa maneira.

— Eu não vou te empurrar mais — ela declarou, estendendo a mão para que eu subisse no mastro por conta própria — Talvez seja isso. Agora você mesmo vai pular lá de cima e se virar. Você só tem que bater as asas, cara, não é tão difícil.

— Não é tão difícil — imitei sua voz, revirando os olhos.

Era sim muito difícil. A gravidade e a física não me davam tempo o suficiente para pensar em abrir as asas, em força-las a baterem.

Minhas asas estavam fortes o bastante, conseguia sentir isso, conseguia deixa-las erguidas quando estava no chão, conseguia controla-las ao me deslocar por aí ... mas no céu era outra história.

Me agarrei no mastro da vela e o escalei até o topo, sentindo a madeira ralar a minha pele molhada e gelada. Inspirei profundamente quando dei um impulso para subir no trapézio do mastro, me equilibrando lá em cima mesmo enquanto a ventania da noite no mar tentava me jogar para baixo.

Com as asas abertas atrás de mim inspirei mais uma vez.

— Só seja quem você é, Rhoe — escutei com a audição feérica Winter murmurar lá em baixo.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora