DARK PARADISE; tog + acotar

xxxxxix. UNDER THE MOUNTAIN

RHOE

I'm going under, going under, going under
Didn't think I would answer the call
I'm going under, going under, going under
I would risk it all
To watch you crumble and fall

No final das contas aquele ensopado de coelho realmente era muito bom, mesmo sendo um ensopado de coelho.

O mesmo não se pode dizer da estalagem, mas não ficamos muito tempo nela. Paguei um quarto para Winter e eu, quando pousamos lá no raiar da tarde, com uma das joias mais simples daquele chalé do Meio e dormimos até que a noite caísse.

Então saímos rapidamente de lá, antes que mais guerreiros illyrianos chegassem, fingindo as chances de Winter ser reconhecida, e continuamos o nosso trajeto com o coelho pesando nossos estômagos.

Já tinha se passado mais de um dia de viagem e eu não sabia que era possível sentir tanta dor nas costas, não sabia que tinham tantos músculos forçáveis nela. A única coisa que me impedia de implorar para que Winter parasse por alguns minutos naquela floresta que estávamos sobrevoando eram os assuntos mais diversos que encontrávamos.

— Meu irmão tinha uma paixonite insuportável por uma comerciante de Velaris — Winter estava respondendo a uma pergunta minha: teria alguém que você não queria que fosse resgatado por Arion? Podia parecer insensível e egoista, mas eu tinha uma lista de nomes para caso fosse em Terrasen — Florence, ela é linda e vende os melhores diamantes de toda a cidade, mas eu a odiava por fazer meu irmão de otário.

Não consegui não rir com aquela resposta.

— Uma irmã e tanto — brinquei, chocando meu ombro contra o dela. Winter também riu, tirando uma mecha selvagem de sua trança do rosto.

— Ah não me diga que você não deixaria para trás algum namoradinho de sua irmã.

— Se fosse assim eu deixaria metade de Orynth para trás! — exclamei, rindo também, mesmo que diversas vezes tive minha noite em alguma taverna arruinada pois encontramos alguém que ela já tinha se envolvido — Minha irmã tem um dilema: um caso por ano até que ela seja obrigada a casar, mas com uns 16 ela achou que tinha que compensar todos os anos que perdeu quando era uma pirralha.

Winter gargalhou.

— Eu preciso conhecer a sua irmã! — a illyriana quase uivava de tanto rir — Uma pena que em Velaris todos sabem quem é o meu pai e temem pela própria vida — ela lamentou — Geralmente só me divirto quando saio da Noturna, bem, me divertia.

— Se sairmos da Cidade Escavada vivos, vamos ter uma noite de diversão antes de mergulharmos em problemas novamente — propus e Winter ergueu as sobrancelhas, apontando para o horizonte.

— Espero que isso seja motivação o suficiente, pois chegamos — aquelas palavras da fêmea fizeram com que o meu estômago se embrulhasse, principalmente quando vi uma enorme montanha se erguer na minha frente, seu cume muito acima do nível das nuvens — Bem vindo a Corte dos Pesadelos, Rhoe.

— Essa foi a pior recepção da história — brinquei, tentando aliviar a tensão que se formava dentro de mim, a resposta natural da minha magia em minhas veias, mas Winter apenas revirou os olhos.

— Lá em cima, no topo daquela montanha, quase tocando o céu, fica a Casa oficial da Corte Noturna. Quando ninguém sabia da existência de Velaris, todos acreditavam que ali era a residência de meu tio — Winter explicou, apontando para um lugar que eu não conseguia ver por conta das nuvens — Agora, dentro daquela montanha, tem uma cidade esculpida em pedra, onde todos os piores tipos de feéricos convivem em perfeita harmonia.