xx. INVISIBLE STRING

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LYRIA


And ins't it just so pretty to think
All along there was some
Invisible string
Tying you to me?



Jane e Winter estavam dormindo na minha casa desde a segunda feira. E já era sábado. Aquilo era torturante.

Eu amo Jane, ela é como minha irmã mais velha, ela trança meus cabelos e brinca comigo durante todo o dia, mas ter Winter ali era tão irritante, e ela sabia que era irritante.

Ela sabia que era irritante e que isso me irritava, ela sabia que me deixava furiosa vê-la com Feyre, a minha mãe, e não a mãe dela. Então era por isso que, agora de noite, enquanto todas nós nos arrumávamos para dormir, ela estava agarrada nas pernas de minha mãe pedindo por histórias.

— Por favor tia Fey! Só uma história! — a voz de Winter irradiava pelo meu quarto como se estivéssemos em um teatro com som amplificado. Isso fazia as minhas veias ferverem.

— Por favor tia Fey — zombei dela, revirando os olhos e encontrando uma Jane segurando o riso. Encontrei também o olhar repressivo de minha mãe, mesmo que ainda tivesse aquele carinho que me fazia feliz todos os dias.

— Acho que eu já contei todas as histórias que eu conheço, e já está bem tarde ... — ela disse enquanto sentava na borda da minha cama, Winter logo subindo e deitando no travesseiro do meio, enquanto eu e Jane nos aproximávamos. Jane se deitou no travesseiro ao lado, mas eu fiquei na frente de Feyre, esperando que ela me levasse para a cama dela quando as duas dormissem — Mas eu posso mostrar pra vocês uma canção que minha mãe cantava para mim e para suas mães — Feyre abriu um sorriso para mim, pois eu já conhecia aquela canção. Ela uma vez me contou que a mãe dela só a cantava essa música por obrigação, mas que para mim ela sempre cantaria com o coração — Se aconcheguem, meninas.

Feyre me pegou com sua mão tatuada, tatuagem que eu já passei horas observando, que eu conhecia todos os traços, e me colocou em seu colo enquanto também se aconchegava na cama. As minhas duas primas se aproximaram ainda mais, Winter deitando no joelho de minha mãe, os olhos brilhando esperando por uma história - ou canção.

— É humana, mas não deixa de ser linda — seu dedo fez cócegas em meu nariz e ela continuou — Há memórias num lugar, onde o vento encontra o mar — sua voz era doce e calma enquanto escutávamos com os nossos ouvidos feéricos a canção humana, enquanto minha mãe mexia nos cabelos de Winter, logo fazendo seus olhos ficarem sonolentos — Durmam logo e verá ... que o rio te leva a se encontrar.

O suspiro do sono fácil de Winter caiu pelo quarto tão rápido quanto o agudo de sua voz, mas Jane e eu continuávamos atentas em minha mãe, esperando por mais da música. Os olhos nebulosos de Feyre encontraram os meus, acalmando rapidamente todo aquele fogo que queimava involuntariamente em minhas veias. Ela levantou a cabeça de Winter e a colocou sobre um travesseiro enquanto se aproximava mais de mim e da minha prima ainda acordada:

— Tuas águas vão trazer, os segredos que você não vê ... — eu podia ver os olhos de Jane agora começarem a ficar pesados, mesmo que a mais velha lutasse para continuar acordada — Siga a sua intuição, pra não perder a direção — minha mãe me aconchegou em seu colo enquanto Jane dormia pacificamente ao nosso lado, um sorriso estampado em seu rosto.

Com cuidado, para não acordar as meninas, minha mãe se levantou comigo em seu colo, sabendo que eu não gostava de dormir com as minhas primas. Mesmo que, se ela me colocasse ali para dormir, eu cairia no sono tranquilamente após essa música, música qual que ainda reverberava pela minha mente.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora