xxxxxi. FOOLISH ONE

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LYRIA

But then the voices say
"You are not the exception
You will never learn your lesson"
Foolish one

Eu estava sonhando de novo.

Porém não tinha como aquilo ser um sonho, não quando eu não estava na linda clareira protegida de meu fogo com Nyx. Não quando eu estava em um mundo em Sol, composto apenas de cinzas e escuridão.

Aquilo provavelmente era um pesadelo.

Eu estava do lado de fora do que parecia ser uma cela, nem mesmo o meu olhar feérico conseguia ver claramente em um mundo tão escuro. Provavelmente eu deveria estar nos calabouços daquele mundo também, da mesma maneira em que eu estava nos calabouços da Corte dos Pesadelos.

Em algum lugar a minha frente, conseguia escutar os gemidos de dor de algum menino - sim, com aquele timbre isso só poderia estar vindo de alguma criança.

— Eu não vou fazer isso! Me leve de volta! — era o que ele exclamava entre os sons de suas dores.

O que estavam fazendo com ele? Para onde ele queria voltar?

Tentei me aproximar, talvez até mesmo para ajuda-lo, algum instinto que estava renascendo em mim movia os meus pés para a frente, mas apenas para que eu colidisse contra uma parede densa de ferro.

— Merda — praguejei mas também não consegui escutar a minha própria voz; provavelmente porque eu estava em um pesadelo.

Comecei então a procurar por alguma porta naquele parede, alguma porta que me levasse ao menino ou a saída daquele lugar.

Tateei tanto aquela parede de ferro que meus dedos ficaram dormentes - naquele lugar eu não estava calçando luvas daquele mesmo metal, eu estava completamente livre.

Livre, diferente do menino que chorava pedindo pela família dele.

Alguém dentro daquela cela gargalhou, dizendo que a família dele não se daria o trabalho de procurar por ele.

Tateei mais rapidamente por aquela parede, deslizando cada vez mais pela esquerda, procurando qualquer coisas ... até que alguém surgiu em meu campo de visão:

Uma menininha. Na verdade não tão criança assim, ela provavelmente já estava na sua pré adolescência, talvez já era uma adolescente. Ela também não era apenas uma menina - ela era uma fêmea illyriana, suas lindas asas encolhidas atrás de si enquanto ela tentava não se contrair diante dos gritos do rapaz.

Aquela fêmea, aquela illyriana, era Clare.

Maldita Clare.

— O que vocês estão fazendo com ele!? — ela exclamou, sombras rodopiando pelos seus punhos cerrados, para alguém que eu não podia ver — Ele não fez nada de errado!

— Não fez? — eu já tinha escutado aquela voz uma vez antes, aquela voz profunda, rouca, poderosa e antiga.

Em algum lugar no meio daquela escuridão, Orcus estava falando com Clare. Provavelmente manipulando ainda mais ela.

Ela estava crescida desde a última vez que a vi em um dos seus sonhos. Definitivamente não era mais uma criança, se a curva de seus seios dissesse alguma coisa. Ela também tinha músculos muito mais definidos agora e seus olhos violetas estavam vazios, cansados, enraivados.

Diferentes dos olhos que vi em seu sonho, cheios de esperanças, e diferente dos seus olhos atuais, que brilhavam com sede de poder e vingança.

Mas agora também ... seus olhos brilharam de medo.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora