xii. SOMEWHERE OVER THE RAINBOW

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LYRIA

Somewhere over the raibow
Blue birds fly
And the dreams that you dream of
Dreams really do come true


De alguma forma eu sabia que aquilo era um sonho.

Meu quarto era o mesmo, a disposição de todas as coisas estava perfeitamente similares a realidade, a luz vindo da lua e das estrelas eram iguais a todas as noites em que eu ficava acordada em meu quarto, eu até estava usando a minha camisola favorita: a seda verde com detalhes em renda dourada.

Era tudo uma perfeita cópia do mundo real, se não fosse pelo silêncio dentro de mim.

Minha alma nunca esteve em silêncio, o meu poço de poder incessante não se cala nem mesmo quando estou dopada de remédios, ou com a mente nebulosa pelo álcool. O fogo dentro de mim pulsa constantemente, pedindo para explorar o mundo, me queimando de dentro para fora, mas ali eu não conseguia sentir ele.

E eu não sabia como me sentir em relação a isso.

Mas eu sabia muito bem que aquilo era um sonho.

E agradecia por ser um sonho, já que nao queria fantasmas me assombrando no mundo real.

A mulher que surgiu na beira da minha cama me acordando só podia ser um fantasma, todo o seu corpo brilhava com uma áurea azul que ninguém vivo exalava, nem mesmo a minha mãe que tinha literalmente o poder de brilhar por aí. Mas aquela mulher estava morta a muito tempo também, e provavelmente louca pois não parava de me chamar de Aelin.

— Aelin! Por Wyrd achei que nunca mais iria conseguir contactá-la, achei que Dianna tivesse evaporado a minha alma para sempre! — ela disse apressada, todavia aproveitei para observa-la antes que voltasse a gritar em meu ouvido.

A fantasma não era uma mulher e sim uma fêmea feérica, se as suas orelhas pontiagudas a denunciasse. Ela também tinha volumosos cabelos loiros, muito mais claros que os meus, e olhos azuis de um tom absurdamente lindo, um dos olhos mais belos que já vi em minha vida. Mas eles estavam carregados de dor e desespero, como se ela tivesse passado muitos anos no escuro.

— Aelin? Dianna? — perguntei me sentando. A única Dianna que eu conhecia era a illyriana abrigada em minha casa.

— Sim, Majestade! Por favor não tenho tempo para suas brincadeiras agora, não sei por quanto ficarei aqui! — ela exclamou. Majestade? Eu? Raramente usávamos termos monárquicos em Prythian, isso era comum dos humanos mas não de feéricos — Depois que os Deuses nos enganaram, tudo ficou escuro e silencioso, parecia que nada mais existia, até que a uns 20 anos atrás eu me senti sendo arrasatada de volta, como se algum portão tivesse sido aberto no limbo que eu forá enviada.

— Portão?

— Sim, Aelin, sinto muito. Os seus esforços não foram em vão mas parece que alguém descobriu como viajar entre mundos sem usar as chaves e isso abalou todo o sistema, tanto que me trouxe de volta... eu só sinto que não reconheço mais Terrasen, o que aconteceu depois que você fez o acordo com os deuses?

Agora eu estava em choque, não era possível que a minha mente tinha criado toda essa história para um simples sonho, mas eu também não conhecia nenhuma Aelin ou nenhum portal, Deuses ou Terrasen.

— Eeerr eu não sei do que você está falando, sinto muito — falei sinceramente — Quem é você?

— Aelin, essa não é a melhor hora para os seus joguinhos — ela tentou colocar sua mao sobre meu ombro mas ela passou direto, provavelmente esquecendo que não estava viva.

— Eu não estou brincando, acho que se eu tivesse fechado algum portão para viajar entre mundos, eu saberia — cruzei os meus braços e fitei seus olhos azuis — Meu nome é Lyria Archeron e não Aelin.

— Mas ... não é possível, você é idêntica a Aelin Galathynius!

— Não quero ofender nem nada, mas você mesma disse que ficou em um limbo por um tempo que não sabia e só voltou faz uns vinte anos, então talvez tenham se passado muitos anos nesse limbo e ela seja algum ancestral meu nao sei.

— Se Aelin Galathynius fosse sua ancestral, você com certeza saberia Lyria — ela suspirou e a sua forma tremeluziu — A nao ser que ela não tenha conseguido sobreviver ao Fecho ... onde nos estamos?

Aí aquilo só poderia ser uma piada, eu realmente precisava acordar desse sonho para poder conta-lo a Tyrion e ele rir até mijar nas calças.

— Corte Noturna, no extremo norte de Prythian.

— Isto não é em Erilea, não é? — ela perguntou e eu assenti, não fazendo a mínima ideia do que seria Erilea — Eu fiquei vinte anos te procurando e quando acho, descubro que nem mesmo estou em meu mundo.

Ela começou a rir, não achando a situação engraçada mas de uma maneira desesperada. Ela ria como se não risse a muitos anos e que a situação que estava agora era tão absurda que o único escape era rir.

De alguma forma, senti dó de um fantasma.

— Qual o seu nome? — perguntei tentando faze-la parar de rir.

— Elena Havillard, ou Galathynius, mas isso simplesmente não importa mais, não mesmo — ela suspirou — Isso tudo nao faz o menor sentido, minha alma deveria estar ligada a Adarlan, o reino onde eu era rainha, então quando eu voltasse deveria estar lá, a nao ser que não exista mais Erilea ...

— Você é parente dessa tal de Aelin? Vocês duas são rainhas? — perguntei, sentindo que talvez devesse me curvar, mesmo que eu mesma fosse ser uma futura rainha.

— Eu estou na base da árvore genealógica dela, mas não sei se ela chegou a se coroar, como disse antes, uma deusa transformou a minha alma em poeira, e agora estou aqui então... Mas Lyria, deixe-me ser útil a você também — Elena começou e acabei prestando atenção, pensando no que um fantasma me seria útil — Estou a vinte anos procurando por Aelin, e vi muito nesse tempo, senti muito também.

"Aqui pode não ser Erilea, mas não quero mais um mundo sendo destruído por esse mal. Algo está espreitando as suas terras Lyria, algo que vai corromper toda a beleza que eu vi durante esses anos."

— Mal? Então você sabe o que é? — ok, esse longe tava indo longe demais.

— Eu desconfio, mas não posso afirmar nada — seus olhos escureceram, como se lembrasse de algum passado sombrio.

— Então me diga! — falei apressada.

— Não tenho tempo para te explicar tudo, Lyria Archeron, mas procure saber sobre a Herdeira de Brannon ou de Mala, ela tinha vários títulos antes de ser sacrificada aos Deuses, muitos que envolviam fogo — ela deu um beijo que eu não senti em minha pele, mas sim na minha alma, logo sob a minha testa — Você vai acordar agora, então não faça com que a minha visita seja em vão: salve esse seu mundo antes que seja tarde demais.

Eu tinha muitas perguntas, porém quando abri a boca para começar a reclamar com ela, senti tudo em minha volta desabar e acordei no meu verdadeiro quarto, com a luz do sol invadindo as minhas janelas e aquele fogo pulsando em meu coração, espreitando sobre a minha pele junto com a ansiedade por conta do que sonhei.

Será que aquilo tinha sido verdade ou era somente algo da minha cabeça? Será que eu deveria contar sobre aquilo para alguém? Será que meu pai ou Amren saberia algo sobre essa Aelin Galathynius?

Eu senti o local onde Elena beijara a minha testa arder, e pude jurar que vi uma luz azul esverdeada se extinguir ali enquanto me direcionava para o espelho.

Muitas perguntar giravam pela minha cabeça e eu ainda não tinha tomado nem mesmo o café da manhã, contudo agora eu sabia que deveria fazer uma visita a biblioteca da Casa do Vento.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora