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S/N, uma escritora em crise e Sai, um artista frustrado com a própria arte.
Ela se sentou ao lado dele naquele bar, numa madrugada de segunda-feira, quando o local estava praticamente vazio pelo horário e começou a se afogar em vinho branco. Ele a apreciou.
Não quis deixá-la sozinha ali, mesmo que não dissesse uma palavra sequer, ficaria de guarda porque tinha notado que ela pretendia sair dali caindo de bêbada.
— Ahr, cala a boca — ela resmungou tampando um só ouvido e ele riu atraindo o olhar dela. — Não é com você — estava se desculpando.
— Não devia beber tanto se tem esquizofrenia — ele soltou e fez careta para si em seguida, mas ela riu alto.
— Não tenho esquizofrenia, só estava me martirizando por uma coisa vergonhosa — ele acenou com um sorriso de canto.
— Você é daqui? — o moreno perguntou e ela acenou.
— É a primeira vez que venho nesse bar, estou cansada de todos os outros — suspirou mexendo na taça de vinho.
— É a primeira vez que venho aqui também — mirou as prateleiras cheias de bebidas — Eu nem gosto de álcool — ele fez careta e ela sorriu.
— Está frustrado como eu? — questionou bem humorada.
— Possivelmente.
— Eu sou ciumenta com o vinho que eu escolho, mas divido o meu com você se conseguir me inspirar — arrastou a garrafa no balcão para ele.
O garçom dali assistia a interação discretamente hora ou outra e fazia uma aposta consigo mesmo. Se os dois saíssem juntos, ele não deixaria a louça para o dia seguinte.
— Precisa de inspiração no quê? — ela meneou, se perguntou se deveria ser direta.
Olhou bem para o moreno, ele era bonito. Conseguia ler nele a personalidade introvertida e desbocada, um tanto ingênuo em relação a isso, sorriu sozinha e analisou o corpo bonito, os traços leves e alongados. Era um rapaz bem bonito.
— Estou escrevendo um livro, mas pela primeira vez em anos, eu simplesmente não consigo me agradar do desenvolvimento das cenas — ele ouviu, levou um tempo para respondê-la.
— Como leitora, não deve estar sentindo verdade na história, certo? — ela ficou um pouco estática antes de rir eufórica pela resposta divina.
