Capítulo 33

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Veiga 🦖

Estarmos dentro do carro e ficamos nos encarando.

Manu: Como você sabia da Luiza? - perguntou toda séria.

Veiga: De novo essa história? - Fiquei encarando o volante.

Manu: De novo. Não é a primeira vez que você tá no meio dessas histórias. Da outra vez fui eu, e até hoje não sei o que você faça fazendo naquela festa. Como você sabia da Luiza? Como você sabia que ela tava naquela festa? Aliás, que porra você tá fazendo aqui em São Paulo? - Me encheu de questionamento.

Veiga: Eu mandei grampear o seu celular. - Ela me olhou assustada.

Manu: Você mandou o quê? - Gritou.

Veiga: Não grita, porra! Sim, eu grampeei, e daí? - Ela negou com a cabeça. - Me fala, por que você não me falou que você estava esperando um filho meu? - Segurei o braço dela.

Manu: Me solta. - A soltei. - Eu não tinha certeza que estava grávida, eu não fiz nenhum teste. Quando eu comecei a sentir os sintomas, tentei ignorar, fingir que nada tava acontecendo e tinha acontecido. - Ela começou a chorar.

Veiga: Por que, mano?

Manu: Eu não queria ter um filho de um bandido e nem criar ele em nenhum morro. - Neguei. - Eu não queria que ele tivesse a porra da vida que eu tenho .

Veiga: Se você me conhecesse, saberia que eu não seria só um bandido.

Manu: Vocês matam pessoas, crianças, mulheres, idosos... isso não tem justificativa, nem perdão. Não adianta de nada ser bom dentro de casa, se quando você sai, tu destrói a família alheia. - Cuspiu as palavras na minha cara.

Veiga: Você sabe muito bem que eu nunca quis entrar nessa vida do crime. Eu fui obrigado, tive que proteger os meus irmãos.

Manu: Você sempre quis, só não tinha coragem.

Veiga: Não fala merda... eu nunca quis esse caralho! - Falei alto.

Manu: Então por que quando o seu pai morreu, você não foi embora?

Veiga: Você não conhece as regras, se entendesse, saberia que não tem como eu sair dessa vida mais.

Manu: Desde quando o meu celular tá grampeado?

Veiga: Desde quando veio pra cá.

Manu: Então, como você sabia que eu estava naquela festa?

Veiga: Recebi informação.

Manu: Foi o Juca, não foi? - Ignorei. - Eu sei que foi.

Veiga: Me desculpa por tudo. - Peguei na mão dela. - Eu sei que não mereço o seu perdão, mas eu me arrependo pra caralho. Eu nunca quis machucar vocês, nunca. - Ela me abraçou e começou a chorar ainda mais.

Manu: Ninguém a dor que eu tô sentindo, ninguém. - Afundou o rosto no meu pescoço .

Veiga: Eu entendo... todo dia eu imagino como seríamos se eu não tivesse feito aquilo contigo. - Deixei uma lágrima escorrer pelo o meu rosto. - Eu nunca quis ser pai, nunca. Mas, quando eu percebi que aquele bebê poderia ser o meu filho, eu me sentir o maior filho da puta do mundo. - Ela se afastou e passou a mão no rosto, limpando as lágrimas.

Eu percebia que ela tentava se segurar pra não chorar, mas era impossível.

Manu: Eu queria te pedir pra não me procurar mais. Por favor, Veiga... - Eu neguei.

Veiga: Emanuelle, olha pra mim... - Segurei o rosto dela. - Eu te amo como eu nunca amei ninguém.

Eu nunca pensei em dizer isso pra ela, mas não suportava pensar que eu estava perdendo ela de vez.

Veiga: Eu penso em você todo dia, toda hora... me dá uma chance de mudar isso. - Negou. - Eu te prometo que eu vou me esforçar pra ser um cara melhor, que te faça feliz.

Manu: Eu não posso fazer isso comigo... com minha família, Veiga.

Veiga: Por favor, só me dar uma chance. - Colei nossas testas. - Se eu te magoar, você pode ir e eu te deixo em paz. - Abracei ela.

Eu não posso te deixar ir, eu preciso de ti, Emanuelle.

Manu: Eu preciso pensar. - Se afastou. - Você precisa ir, vou ligar pra mãe, pra ela vir pra cá. - Abriu a porta do carro.

Puxei ela e dei um selinho.

Manu: Se cuida. - Assenti.

Observei ela caminhar, até sair do meu campo de visão.

Esperei uns segundos e fui embora, direto pro Rio de Janeiro.

A FILHA DO CHEFE - Complexo do AlemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora