capítulo 9

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Entramos de volta no apartamento.

-Elisa!

-Oi!

Falo me virando assim que ele me chama.

Mas que merda, por que eu sempre reajo imediatamente quando ele me chama, e por que eu fico arrepiada ao ouvir ele dizer meu nome?

-As chaves do meu carro estão penduradas ali, quando quiser sair, pode usá-los, volte a comer, a comida vai esfriar.

Fala ele apontando para um canto onde haviam várias chaves.

-Para de mandar em mim, que mania chata.

Ele ri.

-Você fica fofa quando tá irritada.

Ignoro ele, me sento e continuo comendo, ele se senta na minha frente.

-Não deveria ter dito onde estão as chaves do seu carro, eu posso te roubar.

-Tudo bem, tem seguro contra roubo.

-Eu posso bater.

-Tem seguro, desde que não se machuque, tá tudo certo.

-Você confia em mim?

-Sim, pode usá-lo sempre que quiser.

-Eu não sei dirigir.

-Não tem carteira de motorista, como você vai trabalhar?

-Tem algo que os pobres usam muito que se chama transporte público, conhece?

-Sim, e muito, eu usava muito quando estudava aqui.

-Ah, olha só, não que seja algo uau, extraordinário.

-Não é mesmo, quer que eu te ensine a dirigir?

-Não.

-É, tem razão, você vai precisar da carteira, quer ir em uma auto escola?

-Não, eu nem tenho dinheiro pra isso.

-Dinheiro não é o problema.

-Acha que tudo se resolve com dinheiro?

-Quase tudo.

-Quanto tempo acha que eu vou ficar aqui?

-O tempo que você quiser, não ficarei vindo aqui, a menos que você precise de algo, poderá ficar a vontade.

-Por que?

-Não é seguro voltar pra sua casa agora, Alex vai ficar te vigiando, enquanto estiver sobre minha proteção, eu posso impedir que ele chegue até você, me dê sua permissão e eu vou até seu chefe pegar seu passaporte de volta.

-E se eu não der?

-Eu vou mesmo assim.

-Então por que pediu minha permissão, se ia fazê-lo mesmo contra minha vontade?

-Quer que ele continue usando isso pra te chantagear e obrigar você a fazer coisas que você não quer fazer?

-É meu trabalho, sem isso eu não tenho dinheiro pra sobreviver.

-Na verdade você não vai viver muito se continuar com esse trabalho.

-Não me parece tão ruim.

-Por que quer tanto morrer?

-Eu não tenho muito pelo que lutar.

-Mas continua lutando, apesar de ter dito pra eu te deixar lá pra morrer, seus olhos gritavam desesperadamente para eu tirar você de lá, ainda tem algo que te dá esperança, porque você se agarra a ele com todas as suas forças.

-Por que está fazendo tudo isso por mim, por que foi me salvar, por que me trouxe pra sua casa, você nem me conhece e deposita uma confiança em mim, que nem eu tenho, qual é sua real intenção, pode explicar isso pra mim?

Pergunto olhando seriamente pra ele.

-Eu gosto de salvar mulheres bonitas.

-É sério, eu fico tentando achar um motivo e não me vêem nenhum a mente, poderia salvar qualquer uma, por que me escolheu?

-Porque você não é qualquer uma!

-Não vai me dizer, não é mesmo?

-Vou deixar você descobrir sozinha.

-Então tem um motivo?

-Sempre tem um motivo.

Volto a comer e não digo mais nenhuma palavra, ele também não diz nada.

-Mas...

-Você ficou quieta por exatos 5 segundos, é um recorde.

Olho pra ele e ele olhava para o relógio.

-Mais dois segundos.

-Você é infantil assim mesmo, ou só as vezes?

Ele ri, uma risada linda e contagiante, esse homem é perfeito, e o perfume dele que exala por toda a casa, nossa, muito bom, porém é cheiro de homem que não presta.

Ele fica sério em questão de segundos, e o olhar ameaçador volta.

-Se eu for até seu chefe, talvez fique sem emprego.

-Por que?

-Primeiro, eu vou investigar toda a vida dele, desde que nasceu, e até às gerações que vieram antes dele, provavelmente irei encontrar alguma sujeira, aliás, acho que não precisarei ir tão longe, provavelmente ele não tinha intenções boas ao pegar seu passaporte e falsificar seu visto, segundo, ele não vai mais querer ver a sua cara lá, depois de eu visitá-lo.

-Vai ameçá-lo?

-Melhor que isso, dependendo do que eu encontrar, eu vou expor ele.

-Tem como você fazer isso, sem que eu perca meu emprego?

-Você gosta de trabalhar lá?

-Não, mas eu sou obrigada.

-Então não tem porque ter medo de perder seu emprego, você pode morar aqui o tempo que quiser, e dinheiro não será problema, vou deixar meu cartão de crédito com você, pode usar pra tudo.

-Acha mesmo que eu vou depender de você pra tudo?

-Ok, gosta de ser independente, tudo bem, vou falar com um colega, ele é dono da maior rede de televisão do país, vou pedir pra ele te arrumar um emprego lá, você é uma boa jornalista, pode até conseguir ser âncora em horário nobre.

-O que quer em troca, ninguém faz nada a ninguém sem pedir algo em troca.

-Que bom que você tocou nesse assunto...

-Eu não serei sua prostituta, não vou transar com você em troca de me sustentar.

-Não, por Deus Elisa, eu jamais faria isso, não sou esse tipo de monstro.

-Então o que quer em troca?

-Por enquanto nada, quando eu quiser, vou deixar você saber.

-Tem algo que eu tenho que você deseja?

-Você, apenas você!

Quando ele diz isso, meus pelos se arrepiam todo.

-Se está fazendo tudo isso na esperança de me levar pra sua cama, esquece, não vai rolar, você nem faz o meu tipo.

-Aí, assim você me magoa, mas é impossível resistir ao meu charme, porém quando você quiser, estarei disponível.

-Se eu tivesse metade da sua autoestima e sua autoconfiança, eu já teria vencido na vida.

-Você é a mulher mais linda que já vi na vida, por que não teria uma autoestima elevada?

Sinto meu rosto queimar de vergonha, eu não sou boa recebendo elogios.

Levanto a cabeça e sorrio timidamente, ele sorri de volta.

-Seu sorriso é tão lindo, deveria sorrir mais vezes.

-Na maioria das vezes que nos encontramos, eu estava entre a cruz e a espada, não havia motivos para sorrir, aliás, nunca há.

-Pois então essa será minha missão, fazer você sorrir mais.

Donatello - Herdeiros Do Império Bianco-Salvattore Onde histórias criam vida. Descubra agora